30/11/2012

Preparativos do Advento


O período do Advento está quase aí. Logo a coroa de Advento aparecerá e será acesa antes dos cultos. Em nossa liturgia, o hino de louvor, o "Gloria in Excelsis", cairá em silêncio. O solene Prefácio do Advento com sua memória do Batista irá apregoar: "...chamou pecadores ao arrependimento para que eles pudessem escapar da ira a ser revelada quando ele vier novamente em glória”. Nossa coleta de pós-comunhão (luteranos tendem a tê-la como um não-próprio) mudará para “Ó Deus Pai, fonte e começo de todo bem, que em benignidade enviaste teu Filho Unigênito na carne, nós te damos graças porque através dele nos deste o perdão e a paz neste Sacramento, e pedimos que não deixe teus filhos, mas sempre governe nossos corações e mentes pelo Teu Espírito Santo, para que possamos estar constantemente aptos para te servir, mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre”. Em vez do verde “comum”, azul ou roxo irá ornamentar nossos altares. Tudo isso nos lembra de que estamos entrando em um período de penitência, um tempo de jejum, oração e esmola.

PENITÊNCIA:
Como necessitamos do Advento! A coleta para o Primeiro Domingo nos mostra o porquê: “para que sejamos libertados dos nossos pecados, que ameaçam nos separar de ti, e salvos por tua poderosa libertação”. Precisamos de Advento, porque não pensamos que os nossos pecados SÃO ameaçadores ou perigosos. Como estamos errados! Advento é a época em que não apenas nos preparamos para acolher o Salvador em sua encarnação, mas quando nos preparamos para acolher o juiz que irá retornar em nuvens de luz, para quem todos os desejos são conhecidos e de quem não há segredos escondidos. A única maneira de encontrá-lo é em penitência e fé, e no Advento a Igreja procura nos preparar para isso.

JEJUM:

Historicamente, os cristãos ocidentais observavam o jejum do Advento, restringindo-se a uma única refeição (não antes de meio-dia) e uma pequena refeição na noite de cada quarta e sexta-feira, exceto que nas sextas-feiras também se abstinham de carnes e derivados. Além disso, nas Quatro Têmporas (Quatuor Tempora) durante o Advento é tradição não só jejuar como também abster-se. Finalmente, a Vigília de Natal, dia 24, também foi mantida com jejum e abstinência.

Como luteranos, estamos, é claro, livres para observar estes dias tradicionais pelo bem da disciplina da nossa carne (embora no espírito de São Paulo e da Augustana possamos dispensar a distinção de carnes, mas observar em seu lugar uma maneira simplificada de comer).

ESMOLA:

O lado benéfico de ficar sem refeições é que economiza dinheiro que pode ser dado aos pobres. Em certo sentido, nós nos unimos em solidariedade com os famintos deste mundo quando jejuamos. Estamos com eles. Você pode pensar que economizar 10 dólares nas quartas e sextas-feiras não faz diferença - mas faz! Há muitos lugares para os quais você pode direcionar esses fundos. A LCMS World Relief é sempre uma causa nobre para destiná-los, se nada mais se apresenta [no Brasil pode ser destinado para alguma das entidades da AESI - Associação das Entidades de Serviço da IELB].

ORAÇÃO:

Advento é uma boa ocasião para empurrar de volta contra os horários apertados e loucos que o mundo nos impõem neste momento. Se você estiver usando o “Treasury of Daily Prayer” [no Brasil temos os devocionários “Castelo Forte” e “5 Minutos com Jesus”], pode ser um grande momento para acrescentar uma ou duas devoções à sua oração diária. Acima de tudo, não negligencie os cultos extras oferecidos nestes dias. Em nossa paróquia, na noite de quarta-feira, nos encontramos para cantar um hino e depois cantamos juntos a “Oração da Noite”. A paz e a alegria desta liturgia leva o autêntico coração do que a Igreja nos convida para entrar, quando deixamos de lado os horários agitados de nossas vidas e encontramos na oferta de oração e louvor, do canto de hinos, da leitura das Escrituras e da pregação do Evangelho, o único refrigério que sacia a nossa sede espiritual. O Advento lembra-nos que qualquer outra tentativa de saciar essa sede está fadada ao fracasso.

Visto que o período de Advento começa de novo, vamos recebê-lo com alegria e tentar crescer através dele em nossa fé em Deus e em ardente caridade uns pelos outros!

Rev. William C. Weedon é diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri.

Tradução e adaptação do post publicado originalmente em Weedon's Blog.

26/11/2012

Feliz Novo Ano [da Igreja]! Feliz Advento!

Nada melhor que saudar o novo Ano da Igreja partilhando este maravilhoso tesouro do poeta luterano Paul Gerhardt:

"Entrada de Cristo em Jerusalém" (ca. 1305) de Giotto di Bondone (Itália, ca. 1267-1337)
1.Como hei de receber-te,
bendito Salvador?
Minha alma anseia ver-te,
saudar seu Redentor.
Ó Cristo, me ilumina
a mente natural;
em ti viver me ensina
em submissão total.

2.Sião estende palmas;
e toda a sua grei
os corações e as almas
vem consagrar ao Rei.
Meu coração contente
quer, Cristo, a ti servir,
agora, no presente,
e sempre, no porvir.

3.Perdido e atribulado,
fui salvo por Jesus,
que trouxe ao desgarrado
vida, esperança e luz.
Aos fracos dá firmeza,
conforto e sumo bem,
e a todos a certeza
da vida lá no além.

4.Nem mesmo nos espante
a culpa ou transgressão.
De Cristo o amor constante
desfaz a maldição;
alenta os pecadores,
e a todos quer salvar,
fazendo-os possuidores
do seu eterno lar.

5.Virá julgar o mundo:
ao ímpio condenar,
mas com amor profundo
ao crente resgatar.
Oh! vem, Jesus bondoso,
a todos nós buscar
e faze ao céu glorioso
os teus fiéis entrar.

O hino intitulado "Wie soll ich dich empfangen" de Paul Gerhardt, foi publicado em 1653 em "D. M. Luthers und anderer vornehmen geistreichen und gelehrten Männer geistliche Lieder und Psalmen" (Berlim).
A tradução que temos para o português é de Rodolfo Hasse e Leonido Krey e está no Hinário Luterano sob o número 13, com a melodia de Johann Crüger (1653). Há também outra melodia para este hino que é de Melchior Teschner (Valet Will Ich Dir Ge­ben, de 1613).



2. Dein Zion streut dir Palmen / und grüne Zweige hin, / und ich will dir in Psalmen / ermuntern meinen Sinn. / Mein Herze soll dir grünen / in stetem Lob und Preis / und deinem Namen dienen, / so gut es kann und weiß.

3. Was hast du unterlassen / zu meinem Trost und Freud, / als Leib und Seele saßen / in ihrem größten Leid? / Als mir das Reich genommen, / da Fried und Freude lacht, / da bist du, mein Heil, kommen / und hast mich froh gemacht.

4. Ich lag in schweren Banden, / du kommst und machst mich los; / ich stand in Spott und Schanden, / du kommst und machst mich groß / und hebst mich hoch zu Ehren / und schenkst mir großes Gut, / das sich nicht lässt verzehren, / wie irdisch Reichtum tut.

5. Nichts, nichts hat dich getrieben / zu mir vom Himmelszelt / als das geliebte Lieben, / damit du alle Welt / in ihren tausend Plagen / und großen Jammerlast, / die kein Mund kann aussagen, / so fest umfangen hast.

6. Das schreib dir in dein Herze, / du hochbetrübtes Heer, / bei denen Gram und Schmerze / sich häuft je mehr und mehr; / seid unverzagt, ihr habet / die Hilfe vor der Tür; / der eure Herzen labet / und tröstet, steht allhier.

7. Ihr dürft euch nicht bemühen / noch sorgen Tag und Nacht, / wie ihr ihn wollet ziehen / mit eures Amtes Macht. / Er kommt, er kommt mit Willen, / ist voller Lieb und Lust, / all Angst und Not zu stillen, / die ihm an euch bewusst.

8. Auch dürft ihr nicht erschrecken / vor eurer Sünden Schuld; / nein, Jesus will sie decken / mit seiner Lieb und Huld. / Er kommt, er kommt den Sündern / zu Trost und wahrem Heil, / schafft, dass bei Gottes Kindern / verbleib ihr Erb und Teil.

9. Was fragt ihr nach dem Schreien / der Feind und ihrer Tück? / Der Herr wird sie zerstreuen / in einem Augenblick. / Er kommt, er kommt, ein König, / dem wahrlich alle Feind / auf Erden viel zu wenig / zum Widerstande seind.

10. Er kommt zum Weltgerichte: / zum Fluch dem, der ihm flucht, / mit Gnad und süßem Licht / dem, der ihn liebt und sucht. / Ach komm, ach komm, o Sonne, / und hol uns allzumal / zum ewgen Licht und Wonne / in deinen Freudensaal.

25/11/2012

Último Domingo do Ano Eclesiástico (Próprio 29) - 25 de novembro de 2012


Leituras:
† Salmo 93
† Isaías 51.4-6 ou Daniel 7.9-10,13-14
† Judas 20-25 ou Apocalipse 1.4b-8
† Marcos 13.24-37 ou João 18.33-37

"Deus e a Escritura de Deus são duas coisas diferentes, não menos do que são duas coisas o Criador e a criatura de Deus. Ninguém duvida que há muitas coisas abscônditas em Deus, coisas que ignoramos, como ele mesmo diz no tocante ao último dia: 'A respeito daquele dia ninguém sabe senão o Pai' [Mc 13.32]. E Atos 1.7: 'Não vos compete conhecer os tempos e momentos'. E mais uma vez: 'Eu conheço os que escolhi' [Jo 13.18]. E Paulo: 'O Senhor conhece os que lhe pertencem' [2 Tm 2.19], e passagens semelhantes." (Lutero em "Da Vontade Cativa", Obras Selecionadas, IV, pág. 23)

Contexto litúrgico:
O Último Domingo do Ano da Igreja é chamada de “O Domingo do Cumprimento”. Ele foca no fato indubitável de que Cristo, no Último Dia, cumprirá todas as suas promessas e completará a sua obra de redenção. Isaías 51 chama nossa atenção para a justiça do Senhor que se aproxima. Os gentios das ilhas aguardam ansiosamente o cumprimento de sua justiça quando ele retornar (51.5). Apesar do fato de que “os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão como mosquitos”, os servos que trabalham, fazendo a vontade de seu mestre, não precisam ter medo, pois sua “salvação durará para sempre, e a [sua] justiça não será anulada” (51.6). Os versos de S. Judas nos encorajam a lembrar que nossa salvação é certa porque Deus é capaz de nos guardar de tropeços (v. 24). Assim, nós também temos misericórdia dos que têm dúvida e procuramos arrebatá-las do fogo (vv. 22-23). -- Rev. Juan D. Palm, pastor, Concordia Lutheran Church, Oak Harbor, Washington, EUA (Concordia Pulpit Resources, Volume 22, Part 4, Series B, September 9–November 25, 2012)

Coleta:
Senhor Jesus Cristo, governa nossos corações e mentes de tal maneira pelo teu Espírito Santo a fim de que, mesmo conscientes do teu glorioso retorno, perseveremos na fé e em santidade de vida; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Acordai! os guardas chamam!

Último Domingo do Ano da Igreja

Acordai! os guardas chamam.
Com voz vibrante nos conclamam:
Desperta, ó tu, Jerusalém!
Eis que meia noite soa!
Retumba a voz e longe ecoa:
Prudentes virgens, Cristo vem!
As lâmpadas tomai;
às pressas o encontrai! — Aleluia!
Acesa a fé, em prontidão
esteja o vosso coração.

Ouve a igreja jubilante
dos guardas canto retumbante,
levanta e está em prontidão.
Vem da glória o seu Esposo,
fiel em graça e poderoso.
Rompeu a aurora de Sião!
Bendito Salvador,
vem logo, ó bom Senhor — Aleluia!
Seguimos já celeste luz,
que às tuas bodas nos conduz.

Glória seja a ti cantada,
por nós e os anjos entoada
com harpas em sonoro tom.
Glória a ti, que nos confortas!
De doze perlas são as portas
da nossa habitação.
Jamais um olho viu,
nenhum ouvido ouviu tal ventura!
Queremos nós a ti cantar
mil Aleluias sem cessar!

Hinário Luterano, n.º 534. Wachet auf, ruft uns die StimmePhilipp Nicolai, 1599. Trad. Rodolfo Hasse. Mel. Philipp Nicolai, 1599.

"As Cinco Prudentes e as Cinco Insensatas" (1700) de Godfried Schalcken (1643-1706).

23/11/2012

O arrependimento


Da 1ª Carta de Clemente aos Coríntios:

"Jonas chama Nínive ao arrependimento" de Gustave Doré (1832-1883)
Cap. 7. Caríssimos, escrevemos todas essas coisas, não só para vos advertir, mas também pra lembrá-las a nós mesmos. De fato, estamos na mesma arena, e o mesmo combate nos espera. Deixemos, portanto, as preocupações vazias e inúteis, e sigamos a norma gloriosa e venerada da nossa tradição. Vejamos o que é bom, o que agrada e o que é aceito diante daquele que nos criou. Tenhamos os olhos fixos no sangue de Cristo, e compreendamos como é precioso ao seu Pai. Derramado pela nossa salvação, trouxe ao mundo a graça do arrependimento. Percorramos todas as gerações e aprendamos que, de geração em geração, o Senhor deu possibilidade de arrependimento a todos aqueles que queriam converter-se a ele. Noé pregou o arrependimento, e os que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou a catástrofe aos ninivitas, e estes se arrependeram de seus pecados, aplacaram a Deus com suas súplicas e obtiveram a salvação embora fossem estrangeiros em relação a Deus.

Cap. 8. Os ministros da graça de Deus falaram sobre o arrependimento, por meio do Espírito Santo. E o próprio Senhor do universo falou do arrependimento, jurando: "Eu vivo, diz o Senhor, e não quero a morte do pecador, e sim que ele se arrependa [Ez 18,23; 33,11]." E acrescenta também um propósito bom: "Casa de Israel, arrependei-vos de vossa iniquidade. Dize aos filhos do meu povo: Ainda que vossos pecados cheguem da terra até o céu, e que sejam mais vermelhos que o escarlate e mais sujos que o pano de saco, se vos converterdes a mim de todo o coração, e disserdes: 'Pai!'- eu vos escutarei como povo santo. [Ez 18,30; Sl 102,11; Jr 3,19.22]" Em outra passagem , ele diz assim: "Lavai-vos e purificai-vos; tirai da presença dos meus olhos a maldade de vossas almas; acabai com as vossas maldades. Aprendei a praticar bem, procurai a justiça, libertai o oprimido, defendei o órfão e fazei justiça à viúva. Depois, vinde e discutiremos, diz o Senhor. E ainda que vossos pecados estejam como a púrpura, eu os tornarei brancos como a neve; se estiverem como o escarlate, eu os tornarei alvos como a lã. Se quiserdes me ouvir, comereis dos bons produtos da terra; mas, se não quiserdes me ouvir, a espada vos devorará. Isso, de fato, foi a boca do Senhor que falou. [Is 1,16-20]" Na sua onipotente vontade, ele decidiu que todos os seus amados tenham possibilidade de arrependimento.

Jesus Cristo, o caminha da salvação


Da 1ª Carta de Clemente aos Coríntios:

Cap. 32. Portanto, todos foram glorificados e engrandecidos, não por eles mesmos, nem por suas obras, nem pela justiça dos atos que praticaram, e sim por vontade dele. Por conseguinte, nós que por sua vontade fomos chamados em Jesus Cristo, não somos justificados por nós mesmos, nem pela nossa sabedoria, piedade ou inteligência, nem pelas obras que realizamos com pureza de coração, e sim pela fé, é por ela que Deus Todo-poderoso justificou todos os homens desde as origens. A ele seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Pintura de Lucas Cranach, de 1547, no retábulo (Altarstück) da Igreja de Santa Maria, em Wittenberg, onde Lutero pregava com freqüência. Para Lutero, Cristo é a chave para a Escritura, assim como o Evangelho é a chave para a igreja.

Cap. 36. Caríssimos, este é o caminho no qual encontramos a nossa salvação: Jesus Cristo, o sumo sacerdote de nossas ofertas, o protetor e o auxílio de nossa fraqueza. Por meio dele, fixamos nosso olhar nas alturas dos céus; por meio dele, contemplamos, como em espelho, sua face imaculada e incomparável; por meio dele, abriram-se os olhos do nosso coração; mediante ele, nossa mente obtusa e obscura refloresce para a luz; mediante ele, o Senhor quis fazer-nos experimentar o conhecimento imortal. "De fato, sendo ele, o resplendor de sua majestade, é tanto superior aos anjos quanto o nome que herdou é mais excelente." Assim está escrito: "Ele fez dos ventos mensageiros seus e de chama de fogo o seus servidores." Asim diz o Senhor a respeito do seu Filho: "Tu és o meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações como tua herança, e teus serão os confins da terra." E lhe diz ainda: "Senta à minha direita, até que eu coloque os teus inimigos como estrado para teus pés [Sl 49.16-23]." Quais são os inimigos? São os malfeitores e aqueles que se opõem à sua vontade.

O amor a Cristo

"O Retorno do Filho Pródigo" (1667-70) de Bartolomé Esteban Murillo.

Da 1ª Carta de Clemente aos Coríntios:

Cap. 49. Quem tem amor de Cristo, cumpre os mandamentos de Cristo. Quem poderá explicar o vínculo do amor de Deus? Quem será capaz de exprimir a grandiosidade de sua beleza? A altura para onde o amor conduz é inefável. O amor nos une a Deus, "o amor cobre a multidão dos pecados". O amor tudo sofre e tudo suporta. No amor não há nada de banal, nem de soberbo. O amor não divide, o amor não provoca revolta, o amor realiza tudo na concórdia. No amor, tornam-se perfeitos os eleitos de Deus; sem o amor nada é agradável a Deus. É no amor que o Senhor nos atraiu a si. É por causa de seu amor para conosco, que Jesus Cristo nosso Senhor, conforme a vontade de Deus, deu o seu sangue por nós, sua carne pela nossa carne, e sua vida por nossa vida.

Cap. 50. Caríssimos, vede como o amor é coisa elevada e maravilhosa e que sua perfeição está além de qualquer comentário. Quem é capaz de se encontrar nele, senão aqueles que Deus tornou dignos? Rezemos, portanto, e supliquemos a sua misericórdia, a fim de sermos encontrados no amor, sem parcialidade, irrepreensíveis. Muitas gerações passaram, desde Adão até hoje; mas, aqueles que pela graça de Deus, se tornaram perfeitos no amor permanecem no lugar dos piedosos. Esses hão de tornar-se manifestos, quando aparecer o Reino de Cristo. Com efeito, está escrito: "Entrai um pouco em vossos quartos, até que passem a minha ira e o meu furor. Então, eu me lembrarei do dia ótimo, e vos ressuscitarei dos vossos sepulcros [Is 26,20; Ez 37,12]." Somos felizes, caríssimos, se praticamos os mandamentos de Deus na concórdia e no amor, a fim de que, pelo amor, nossos pecados sejam perdoados. Pois está escrito:"Felizes aqueles cujas iniquidades foram perdoadas e cujos pecados foram cobertos. Feliz o homem, do qual o Senhor não considera o pecado e em cuja boca não existe engano [Sl 31,1-2; Rm 4,7-8]." Essa bem-aventurança é para os que Deus escolheu por meio de Jesus Cristo nosso Senhor. A ele, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Comemoração de Clemente de Roma, Pastor


Clemente (ca. 35-100 AD) é lembrado por ter estabelecido o modelo de autoridade apostólica que governou a Igreja cristã durante os séculos I e II. Viveu em Roma e foi contemporâneo de S. João Evangelista, S. Filipe e S. Paulo; de Filipe era um dos colaboradores e do último, um discípulo. Paulo até citou-o em seus escritos.
Clemente insistiu em manter Cristo no centro da adoração e evangelização da Igreja. Em uma carta aos cristãos de Corinto, ele enfatizou a centralidade da morte e ressurreição de Jesus: “Tenhamos os olhos fixos no sangue de Cristo, e compreendamos como é precioso ao seu Pai. Derramado pela nossa salvação, trouxe ao mundo a graça do arrependimento” (1 Clemente 7.4). Clemente demonstrou um firme amor de Cristo pelo povo redimido de Deus, servindo como inspiração para as futuras gerações continuarem a construir a Igreja sobre o fundamento dos profetas e apóstolos, com Cristo como uma e única pedra angular.
Clemente foi martirizado sob o imperador Trajano, que, mandou jogá-lo no mar Negro com uma âncora amarrada no pescoço.

Coleta
Todo-poderoso Deus, teu servo Clemente de Roma, chamou a Igreja de Corinto ao arrependimento e à fé para uni-los no amor cristão. Fazei com que tua igreja possa estar ancorada na tua verdade, pela presença do Espírito Santo e mantenha irrepreensível em seu serviço até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (pág. 944, Concórdia Publishing House)

22/11/2012

Graças a Deus! Dai graças a Deus!

Dia Nacional de Ação de Graças: "Dêem graças a Deus, o SENHOR, porque ele é bom; o seu amor dura para sempre." Salmo 136.1

Graças a Deus! Dai graças a Deus!

Graças a Deus! 
Dai graças a Deus! Ele é bondoso, 
pois não tem fim o amor que dá aos seus, 
o amor que dá aos seus, o amor que dá aos seus. 

Louva ao Senhor! 
Oh! Louva ao Senhor, ó tu, minha alma, 
e lembra-te do seu eterno amor, 
do seu eterno amor, do seu eterno amor. 

Deus tem poder, 
tem todo o saber; mil maravilhas 
as provas dão do seu divino ser, 
do seu divino ser, do seu divino ser. 

Glórias a Deus! 
Daí glórias a Deus! Seu nome é santo, 
e seu louvor se eleva aos altos céus, 
se eleva aos altos céus, se eleva aos altos céus. 

Hinário Luterano, nº 216 - Editora Concórdia.
Danket dem Herrn! wir danken dem Herrn! — Karl Friedrich Wilhelm Herrosee (1754-1821). Melodia: Karl Friedrich Schulz (1784-1850), 1810. Trad. desconhecido.


Danket dem Herrn!
Wir danken dem Herrn, denn Er ist freundlich
und Seine Güte währet ewiglich,
sie währet ewiglich, sie währet ewiglich.

Lobet den Herrn!
Ja, lobe den Herrn, auch meine Seele;
vergiß es nicht, was Er dir Guts getan,
was Er dir Guts getan, was Er dir Guts getan.

Sein ist die Macht!
Allmächtig ist Gott, Sein Tun ist weise,
und Seine Huld ist jeden Morgen neu,
ist jeden Morgen neu, ist jeden Morgen neu.

Groß ist der Herr!
Ja, groß ist der Herr, Sein Nam´ ist heilig,
und alle Welt ist Seiner Ehre voll,
ist Seiner Ehre voll, ist Seiner Ehre voll.

Betet Ihn an! Anbetung dem Herrn!
Mit hoher Ehrfurcht werd auch von uns Sein Name stets genannt,
Sein Name stets genannt, Sein Name stets genannt.

Singet dem Herrn!
Lobsinget dem Herrn in frohen Chören;
denn Er vernimmt auch unsern Lobgesang,
auch unsern Lobgesang, auch unsern Lobgesang.



Dia Nacional de Ação de Graças

"A Oração" de William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)

Ó Deus, tem misericórdia de nós e abençoa-nos! Trata-nos com bondade. Assim o mundo inteiro conhecerá a tua vontade, e a tua salvação será conhecida por todos os povos. Que os povos te louvem, ó Deus! Que todos os povos te louvem! Que as nações se alegrem e cantem de alegria porque julgas os povos com justiça e guias as nações do mundo! Que os povos te louvem, ó Deus! Que todos os povos te louvem! A terra deu a sua colheita; Deus, o nosso Deus, nos tem abençoado. Ele nos tem abençoado; que os povos do mundo inteiro o temam! (Salmo 67, Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

Leituras:
† Salmo 67
† Deuteronômio 8.1-10
† Filipenses 4.6-20 ou 1 Timóteo 2.1-4
† Lucas 17.11-19

Coleta:
Todo-poderoso Deus, tuas misericórdias são novas a cada manhã e tu provês graciosamente por todas as nossas necessidades do corpo e da alma. Concede-nos o teu Espírito Santo para que possamos reconhecer tua bondade, dar graças pelos teus benefícios e te servir com obediência voluntária todos os nossos dias; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Bênção
O Senhor nos abençoe e nos guarde.
O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre nós, e tenha misericórdia de nós.
O Senhor sobre nós levante o seu rosto e nos dê a paz.
Assim, nos abençoe o Trino Deus (†), Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Ação de Graças


Hoje é a quarta quinta-feira do mês de novembro, ocasião em que celebramos o Dia Nacional de Ação de Graças. Aqui temos um sermão do Rev. Paulo Weirich apropriado para este dia:


AÇÃO DE GRAÇAS
Rute 2.19

Bendito aquele que te acolheu favoravelmente

Noemi, ao perder marido e filhos em terra estrangeira, está reduzida à pobreza extrema. Ela vive da bondade das pessoas para tudo. Levítico 19.9,10 registra uma provisão que Deus havia feito para a sobrevivência dos pobres. Aí diz: “Quando também segares a messe da tua terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua messe. Não rebuscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha. Deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o Senhor, vosso Deus”. Noemi está pobre. Rute, a nora que decidiu acompanhá-la no seu retorno à pátria e à sua família, é estrangeira. É tempo da colheita da cevada. Rute se oferece para repassar os campos em colheita para trazer alguma coisa na volta. Talvez lhe custa depender em tudo da bondade alheia.

É importante conhecermos a vida de Noemi. Por que ela decidiu voltar? Não fazia ideia daquilo que a aguardava no seu retorno? Ou a opção de ficar na terra dos moabitas lhe parecia pessoalmente ainda mais traumática? Verdade é que, ao sair com o marido Elimeleque de Belém para a terra de Moabe (Rt 1.1), Noemi já estava fugindo da fome e da miséria. Agora está de volta. Não há mais o flagelo da fome em Belém. Mas Noemi está à margem, na miséria, em sua própria terra. Ela diz: “Não me chameis de Noemi; chamai-me Mara (amarga), porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Ditosa eu parti, porém o Senhor me fez voltar pobre” (1. 20,21).

Noemi não fala de sorte, azar, problemas, dificuldades. A sua linguagem e visão dos fatos é outra. “Grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso [...] Ele me fez retornar pobre” Claramente Noemi pensa como Jó, numa fé simples e singela: “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (Jó 1.10). Ou aquela que Jesus indica aos seus seguidores: “Olhai os lírios do campo, olhai as aves do céu ...” (Mt 6) Ou quando diz: “Se não vos tornardes como crianças” (Mt 18.3). Noemi se coloca diante da vida como quem sabe apenas que nada se move nos céus ou na terra sem o consentimento e a ação de Deus.

Talvez para Noemi estivesse claro algo que as pessoas de todas as épocas sempre tiveram dificuldade de admitir para viver de acordo. Penso na noção que Lutero e os Reformadores de Wittenberg tão bem recapturaram e que permite “deixar Deus ser Deus”. Isto é, fazer valer o que Isaías e o apóstolo Paulo, por exemplo, expressaram ao dizer: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, este eu faço” (Rm 7.19). Ou: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia” (Is. 64.6).

Debaixo da lei e sob a nossa condição humana, nada de bom podemos esperar, pedir ou reivindicar de Deus. “Nada merecemos, senão castigo” ensinamos aos confirmandos, conforme palavra de Lutero. Contrário a isso, o ser humano expressa em tudo que diz e faz a convicção de que nasceu com o direito a uma vida longa, plena de coisas boas. Planeja e pensa como se a vida estivesse em dívida com ele. Para o ser humano a regra acima de todas as regras é o seu direito ao bem-estar. Em momento nenhum passa-lhe pela cabeça a ideia de que os seus planos e aspirações são menos consistentes do que uma fumaça que se dissipa logo.

O que acrescenta ainda outro ato falho do ser humano. Quando pensa em Deus, pensa em alguém que cedo ou tarde deverá ajudá-lo a obter o que ele, ser humano, julga como seu de direito. Ele pode até pedir e agradecer a Deus. Mas pede e agradece como alguém cujas vontades e desejos devam ser satisfeitos. Razão porque, uma vez que seus sonhos não se realizam e experimenta frustrações, queixa-se da vida, das pessoas, do governo, da realidade econômica. E em nenhum momento se pergunta: o que Deus está dizendo a mim nestas frustrações e necessidades que me atingem?

Noemi não deixou de lamentar o seu estado de miséria. Para marcar a sua tristeza, pedia que a não mais chamassem de Noemi (minha doçura), mas de Mara (amarga). Ao mesmo tempo, sabe que sua vida, agora como antes, está nas mãos de Deus: “O Senhor me fez voltar pobre” (1.21). E por isso a vida continua. Noemi não espera por uma reviravolta. A sua vida agora é uma vida de pobre. Mas Deus, que a fez voltar pobre, é o seu Deus.

Ao pensarmos que Rute, a estrangeira, é da linhagem de Jesus, podemos ver nisto um sinal do reino do Messias, nascido em pobreza e em busca dos perdidos. Ao mesmo tempo, sublinha a palavra de Jesus: “Os pobres sempre os tendes convosco”. É assim que Deus se revela e quer ser conhecido: O Deus daqueles que o mundo não conhece. O que Jesus também coloca nos lábios de Abraão quando diz ao rico, que estava no inferno: “Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, igualmente, os males” (Lc 16.25).

Submeter-se à vontade de Deus significou algo especial para Noemi e Rute, como mais tarde à mãe do salvador: “Uma espada traspassará a tua alma” (Lc 2.35). Esta experiência da fé não está reservada a todos da mesma maneira. Mas o sofrimento na alma é uma experiência por que todos passam em sua vida.

Rute, predecessora do Messias (Mt 1.5), está entre os pobres, colhendo espigas. O autor deste relato não menciona em que estado de espírito Rute se dispõe a viver como pobre entre os pobres. Como também não existe da parte de Deus um “jeito” de compensar no futuro os que sofrem hoje. Fato é que a nossa realidade humana a nada mais pode aspirar por natureza do que sofrimento e morte. O natural para a natureza humana é sofrer as consequências do seu estranhamento com Deus.

Entretanto, Deus quer que aprendamos a reconhecer-nos na imagem que a lei apresenta de nós. Admitindo que a nada temos direito, nos perguntamos: E então? De onde vem o bem?

Rev. Paulo P. Weirich
São Leopoldo/RS


Publicado na Revista Igreja Luterana, Vol. 65, Nov. 2006, n.º 2, pp. 177-179.


"Rute declara sua lealdade para com Naomi" (1614) de Pieter Lastman (c. 1583-1633)

19/11/2012

Comemoração de Isabel da Hungria

"A caridade de Santa Isabel da Hungria" (1895), de Edmund Leighton (1853–1922)
Isabel (ou Elizabeth) da Hungria era filha do rei André II, da Hungria, e da rainha Gertrudes, de Merano, atual território da Itália. Nasceu em Pressburg (Hungria) no ano de 1207. Dada em um casamento político arranjado, aos 14 anos se tornou esposa de Luís, príncipe da Turíngia, atual Alemanha.

Ela tinha um espírito de generosidade e caridade cristã. A casa que ela estabeleceu para o marido e os três filhos no Castelo de Wartburg em Eisenach era conhecido pela hospitalidade e amor da família.

Isabel muitas vezes supervisionou o cuidado dos doentes e necessitados, até mesmo dando sua cama para um leproso certa vez. Viúva aos 20 anos, ela deixou provisões para seus filhos e levou uma vida austera como freira da Ordem de São Francisco. Sua abnegação a levou a problemas de saúde e a morte precoce em 1231 com a idade de 24 anos. Lembrada por seu jeito abnegado, Isabel é comemorada através dos muitos hospitais em todo o mundo que levam seu nome.

Leituras 
† Salmo 146.4-9 ou 112.1-9
† Tobias 12.6 b-9
† Mateus 25.31-40 ou Lucas 12.32-34

Coleta
Todo-poderoso Deus, por cuja graça tua serva Isabel da Hungria reconheceu e honrou Jesus nos pobres deste mundo, concedei-nos, que seguindo o seu exemplo, possamos com amor e alegria servir aqueles em qualquer necessidade ou problemas, em nome e por amor de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (pág. 929, Concórdia Publishing House) e Cyberbrethren.

17/11/2012

17 de novembro na História da Igreja


Em 17 de novembro de 270 (data tradicional) morreu S. Gregório Taumaturgo ("o fazedor de maravilhas"), um bispo muito amado de Ponto, província romana do norte da Ásia Menor, e autor da primeira biografia cristã sobre Orígenes (nasceu ca. 213).

Em 17 de novembro de 1231 morreu Sta. Isabel (ou Elizabeth) da Hungria, esposa de Luís IV, príncipe da Turíngia, atual Alemanha, que dedicou-se à religião e obras de caridade (nascida em 7 de julho de 1207).

16/11/2012

Comemoração de Carl Wilhelm Gustav Mahler, Pastor


Nascido em 16.11.1870 e falecido em 22.01.1966, este missionário pioneiro chegou ao Brasil em 1901, originário do Sínodo de Missouri (USA). Foi pastor da mais antiga Congregação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e também da primeira congregação em Porto Alegre/RS, fundada em 1902. Criou e foi o primeiro editor do periódico Kirchenblatt, em 1903. À testa do periódico foi o principal redator e por longos anos defensor de sem número de acusações feitas aos nossos missionários em jornais locais em alemão, e nos jornais evangélicos. Quando da fundação da IELB em 24 de junho de 1904, foi eleito seu primeiro presidente, função que exerceu até 1910. Pastor Mahler sugeriu que a sede da igreja no Brasil deveria ser em Porto Alegre, por sua centralidade e facilidades de comunicação com o restante do país e do mundo. Organizou o então Distrito de Missouri em todas as suas formalidades legais. Foi o primeiro diretor do Seminário, após sua reabertura em 1907, na capital gaúcha. Antes de retornar aos EUA (1914) foi por dois anos professor do Seminário Concórdia, no bairro Navegantes, em Porto Alegre.

Fonte: www.ielb.org.br

16 de novembro na História da Igreja


Em 16 de novembro de 1548 morreu em Wittenberg, Caspar Creuziger, editor das obras de Martinho Lutero (nascido em 1º de janeiro de 1504, em Leipzig).

Em 16 de novembro de 1803 nasceu em Lüthorst, Hannover (Alemanha), Ludwig Adolf Petri, teólogo luterano († 8 de janeiro de 1873).

Em 16 de novembro de 1870, nasceu em Polkwitz (Alemanha), William Mahler, missionário do Sínodo Missouri enviado ao Brasil em 1901 († 22 de janeiro de 1966).

Na gravura aparecem Philip Melanchton, Martinho Lutero, Johannes Bugenhagen e Caspar Creuziger, os quatro grandes teólogos alemães, trabalhando na tradução da Bíblia de Lutero.

15/11/2012

Comemoração de Justiniano, Imperador e Confessor Cristão


Justiniano foi imperador do Oriente de 527 a 565 AD quando o Império Romano estava em declínio. Com sua capacitada esposa Teodora, ele restaurou o esplendor e majestade à corte bizantina. Durante seu reinado, o Império experimentou um renascimento, devido, em grande parte, à sua ambição, inteligência e fortes convicções religiosas. Justiniano também tentou trazer a unidade a uma igreja dividida. Ele era um defensor do cristianismo ortodoxo e buscou um acordo entre as partes nas controvérsias cristológicas sobre a relação entre as naturezas divina e humana na pessoa de Cristo. O Quinto Concílio Ecumênico de Constantinopla no ano de 533 foi realizado durante o seu reinado e tratou esta controvérsia. Justiniano morreu aos oitenta e dois anos, sem ver realizado seu desejo de um império que fosse firmemente cristão e ortodoxo.

Justiniano é creditado com um hino ao nosso Salvador que é regularmente cantado na liturgia de São João Crisóstomo:

Ó Filho Unigênito de Deus, sempre imortal, que quisestes para a nossa salvação encarnar-Vos da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, e fazer-Vos homem sem deixar de ser Deus; fostes crucificado, ó Cristo, nosso Deus, vencendo a morte pela morte; Vós que sois uma das pessoas da Santíssima Trindade, glorificada com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos.

Fonte: Treasury of Daily Prayer, p. 912 (Concordia Publishing House)

14 de novembro na História da Igreja


Em 14 de novembro de 1575 a Fórmula de Maulbronn, precursora da Fórmula de Concórdia, foi submetida aos príncipes alemães.

Em 14 de novembro de 1613 morreu de tifo em Leipzig (Alemanha), Johannes Mühlmann, teólogo e hinista luterano nascido em 1573, em Pegau, Saxônia. Em 1599 Mühlmann foi nomeado diácono da Igreja St. Wenzel em Naumburg, e em 1604 pastor em Laucha An Der Unstrut. No final de 1604, ele se tornou arquidiácono da Igreja St. Nicholas em Leipzig e, em 1607, também foi nomeado professor de Teologia na Universidade. Mühlmann era um ferrenho defensor da ortodoxia luterana, tanto contra romanistas e calvinistas. Ele era um grande amante dos Salmos. Seus sermões publicados, bem como seus hinos, são baseados nos Salmos. Uma de suas últimas palavras foram do Salmo 63.3: "Tua benignidade é melhor do que a vida".

13/11/2012

13 de novembro na História da Igreja

Em 13 de novembro de 354, nasceu Santo Agostinho de Hipona, o maior dos pais da igreja latina, na cidade de Tagaste na Numídia (atual Souk-Ahras, Argélia), à época uma província romana do norte da África († 28 de agosto de 430, em Hipona).


Em 13 de novembro de 1523 foi publicada a Formula missae et communionis pro ecclesia Vuittembergensi (Formulário da missa e da comunhão para a igreja de Wittenberg) de Martinho Lutero. A Fórmula está nas Obras Selecionadas de Lutero (OS), vol. 7, nas páginas 155-172, com introdução de Martin N. Dreher e tradução do original latino por Ilson Kayser.
Lutero a escreveu a pedido de Nicolau Hausmann (1478/79-1538), pároco da igreja de Zwickau, tratando de “uma forma evangélica de celebrar a missa (como dizem) e de comungar.” (Lutero, OS VII, p. 156)
A 4 de dezembro, Nicolau Hausmann recebeu a Formula Missae, na qual Lutero lhe diz ter sido sempre cauteloso nessa questão por amor aos fracos na fé e mais por causa dos espíritos levianos que "irropem sem fé e sem discernimento e procuram somente novidade para seu divertimento. Tão logo, porém, as coisas deixam de ser novidades, eles enjoam." (Lutero, OS VII, p. 156). Evidencia-se que não fossem os tumultos provocados pelo movimento iconoclasta, Lutero jamais teria tomado a iniciativa de publicar a sua Fórmula da Missa, tampouco a Missa Alemã.
“Quando observamos o texto da Formula Missae, verificamos que Lutero, de modo algum, teve o interesse de eliminar a missa romana. Buscou apenas purificá-la naquelas partes que lhe pareceram essenciais. Pode-se afirmar que não foi um revolucionário litúrgico, mas reformador. Não há nova proposta litúrgica, mas reestruturação. [...] Alguns esperavam que Lutero partisse logo para a formulação de uma liturgia para a missa alemã. Essa, no entanto só veio dois anos mais tarde.” (Martin N. Dreher, OS VII, p. 155)
Aliás, face à acusação de que os reformadores haviam abolido a missa, Filipe Melanchthon escreve: “Devemos, inicialmente, antecipar de novo, que não abolimos a missa, senão que a mantemos e defendemos escrupulosamente. Pois entre nós realizam-se missas todos os domingos e em outros dias de festa, nos quais o sacramento é administrado aos que querem fazer uso dele, depois de terem sido examinados e absolvidos. E observam-se as cerimônias públicas usuais, a ordem das leituras, das orações, das vestes, e outras coisas semelhantes”. (Filipe Melanchthon, Apologia da Confissão, Art. XXIV: Da Missa)

12/11/2012

Comemoração de Christian James Broders, Pastor e Pioneiro da Igreja Luterana no Brasil


Christian James Broders nasceu em 22 de novembro de 1867 em New Orleans, Louisiana e morreu em 27 de novembro de 1932 em St. Louis, Missouri (EUA). Foi casado com Mathilda Schaeperkoetter Broders (1871 - 1950), da qual nasceu uma única filha, Leonora Broders (1896 – 1962). Estudou no Concordia Semimary em St. Louis, Missouri (EUA). Foi pastor em diversas congregações. Serviu também como capelão militar em 1898 em Cuba, durante a Guerra Hispano-Americana. No início de 1900 Broders partiu como missionário em direção ao Brasil.

A pedido do pastor Johann F. Brutschin, de Novo Hamburgo, RS, a Igreja Luterana - dos Estados Unidos enviou o Rev. Broders como pastor prospector (ou, perscrutador) para realizar sondagem visando o estabelecimento de possível trabalho missionário efetivo e sistemático, aos aglomerados populacionais de alemães, em especial aos desassistidos espiritualmente, no sul do Brasil. No dia 21 de março de 1900 Rev. Christian J. Broders chegou ao Brasil para colher informações sobre a situação religiosa e sobre as possibilidades de ser iniciada a missão nesta terra. No dia 12 de abril de 1900 o Rev. Broders proferiu a primeira homilia de nossa igreja no Brasil, em Estância Velha, RS.

Broders teve muitas decepções no início da pesquisa. Após relatar: "não posso recomendar o Rio Grande do Sul como campo missionário", Broders resolve regressar aos Estados Unidos, mas antes faz uma última investigação. Descobre que na região de Pelotas há luteranos necessitando de atendimento pastoral. Na localidade São Pedro ele encontra o sr. Gowert. Depois de longas conversas eles concluem que confessam as mesmas doutrinas e fundam primeira congregação luterana da IELB. O grupo formado por 17 famílias, todas de origem teuto-russas e pomeranos, se organizaram oficialmente no dia 1º de julho de 1900, na Colônia de São Pedro, interior de Pelotas. O nome desta primeira congregação, traduzido do alemão, era “Comunidade Evangélica Luterana São João da Colônia São Pedro, 8o Distrito de Pelotas – RS."

Ocasião em que o templo da Comunidade Evangélica Luterana São João, de Colônia São Pedro, em Morro Redondo, RS, foi reinaugurado com culto especial no domingo, 29/05/2011.

12 de novembro na História


Em 12 de novembro de 1560, faleceu o teólogo e reformador Caspar Aquila, na cidade de Saalfeld (Alemanha), onde fora pároco e superintendente. Lecionou hebraico em Wittenberg e auxiliou Lutero na sua versão do Antigo Testamento da Bíblia.

11/11/2012

Comemoração de S. Martinho de Tours, Pastor



Nascido em uma família pagã na Hungria, antiga Panônia, por volta do ano 316 AD, Martinho cresceu na Lombardia (Itália). Seu pai era comandante do exército romano. Por curiosidade começou a frequentar uma Igreja cristã, ainda criança, sendo instruído na doutrina cristã, porém sem receber o batismo. Ao atingir a adolescência, para tê-lo mais à sua volta, seu pai o alistou na cavalaria do exército imperial. Mas se o intuito do pai era afastá-lo da Igreja, o resultado foi inverso, pois Martinho continuava praticando os ensinamentos cristãos.
Mas sentindo um chamado para uma vocação da igreja, Martinho deixou o exército e tornou-se um monge, afirmando ser um “soldado de Cristo”. Quando ficou vaga a diocese de Tours, no oeste da Gália (França), em 371, o povo aclamou-o, unanimemente, para ser o bispo. Martinho aceitou, apesar de resistir no início. Ele é lembrado por seu estilo de vida simples e sua determinação de compartilhar o Evangelho por toda a região rural da Gália. Martinho exerceu o bispado por vinte e cinco anos. Morreu, aos oitenta e um anos, na cidade de Candes, no dia 8 de novembro de 397. Sua festa é comemorada no dia 11, data em que foi sepultado na cidade de Tours, tornando-se o primeiro santo não-mártir a receber culto oficial da Igreja
Aliás, no dia de S. Martinho, em 1483, o filho de Hans e Margarette Lutero, com apenas um dia de idade, foi batizado e recebeu o nome de “Martinho” Lutero.

Fonte: Treasury of Daily Prayer, pág. 903, editado pela Concordia Publishing House.

24º Domingo após Pentecostes (Próprio 27)


Leituras: Salmo 146; 1 Reis 17.8-16; Hebreus 9.24-28; Marcos 12.38-44

"Uma pessoa rica não se dá conta do quanto é vazia e miserável, a não ser que morra ou pereça de outra forma; então percebe que toda sua fortuna foi absolutamente nada. E como diz o Sl 76.5: “Adormeceram (isso é, morreram), e todos os homens abastados se deram conta de que não tinham nada em suas mãos”. Por outro lado, os famintos não sabem o quanto estão saciados, até que se aproxima o fim; então se deparam com a palavra de Cristo, em Lc 6.21: “Bem-aventurados os famintos e sedentos, pois serão fartos”, e com a consoladora promessa da mãe de Deus: “Encheu de bens os famintos”. Em todos os casos, não é possível que Deus permita que morra de fome física alguém que nele confia. Antes deveriam vir todos os anjos e alimentá-lo. Elias foi alimentado pelos corvos, e de um punhado de farinha alimentou-se ele e a viúva de Sarepta por longo tempo. Deus não pode abandonar os que nele confiam. Por isso diz Davi no Sl 37.25: "Fui moço e envelheci, e jamais vi um justo abandonado, nem seus filhos a mendigar pão". Quem, todavia, confiar no Senhor, este é justo. Idem no Sl 34.10: “Os ricos permanecem famintos e sedentos, mas os que buscam o Senhor não têm carência de qualquer bem”. E a mãe de Samuel, Sta. Ana, diz em 1 Sm 2.5: “Os que antes estavam fartos e saturados, tiveram que acampar-se para conseguirem pão, e os famintos foram saciados”." (Lutero em "O Magnificat", Obras Selecionadas, VI, pp. 67-68)

Coleta:
Deus Todo-poderoso e sempre vivo, que fizeste promessas extraordinariamente grandes e preciosas àqueles que confiam em ti, concede que com tal firmeza creiamos em teu Filho Jesus que nossa fé nunca esteja ausente; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

"Elias e a Viúva de Sarepta" (c. 1630) de Bartholomaeus Breenberch (1598-1657)

10/11/2012

10 de novembro na História da Igreja


No dia 10 de novembro de 1483 nascia Martinho Lutero, filho de de Hans e Margarette Lutero, em Eisleben, Alemanha († 18 de fevereiro de 1546).

"O menino Lutero na casa de Madame Cotta", de Gustav Spangenberg (1828-1891)
Martinho Lutero nasceu em uma família pobre, tendo poucas oportunidades de escolarização. Na época, os meninos pobres podiam se tornar cantores do coro e assim fazer um pouco de dinheiro. Foi o caminho que Lutero encontrou para se sustentar na escola. Uma ou duas vezes por semana, Lutero cantou para as famílias burguesas. Ele tinha quase desistido, quando madame Ursula Cotta, esposa de Kuns Cotta, um comerciante rico, lhe ofereceu ajuda. Lutero já havia cantado em sua casa e ela se agradou com sua forma. Ela também o tinha observado no culto da igreja. Então ela levou Lutero para sua casa e lhe deu um lugar para ficar, provendo todas as suas necessidades durante quatro anos enquanto estudava. Lutero lhe era eternamente grato por toda a bondade para com ele. Ele a considerava um anjo de bondade.

09/11/2012

Comemoração de Martin Chemnitz, Pastor e Confessor


Retrato de Martin Chemnitz na igreja St. Martini em Braunschweig, Alemanha. Foto © Paul T. McCain. Todos os direitos reservados.
Martin Chemnitz (1522-1586) é considerado depois de Martinho Lutero, o teólogo mais importante na história da Igreja Luterana.
Si Martinus non fuisset, Martinus vix stetisset”. Era assim que os teólogos romanos descreviam Martin Chemnitz. Ou seja, “se o Martinho (Chemmnitz) não tivesse vindo, Martinho (Lutero) não teria ficado”. Inclusive, uma das melhores biografias de Chemnitz, escrita pelo Dr. J.A.O. Preus, intitula-se “The Second Martin” (O Segundo Martinho).
A imagem que retrata Chemmnitz neste post foi pintada logo após a morte de Chemnitz, e está exposta num quadro que fica à direita do altar da igreja St. Martini em Braunschweig, na Alemanha, onde Chemnitz atuou como Superintendente, ou “Supervisor” das congregações, pastores e outros obreiros da igreja em Braunschweig. Além de ser pastor e exercer funções de administração da igreja, Chemnitz era um autor prolífico.
Chemnitz combinava um intelecto penetrante e conhecimento quase enciclopédico das Escritura e dos Pais da Igreja com um amor verdadeiro pela igreja. Quando várias divergências doutrinárias eclodiram depois da morte de Lutero, em 1546, Chemnitz dedicou-se à restauração da unidade na Igreja Luterana. Foi o principal autor da Fórmula de Concórdia de 1577, que estabeleceu as disputas doutrinárias sobre a base das Escrituras e conseguiu restaurar em grande parte a unidade entre os luteranos.
Chemnitz também escreceu “Examen Concilii Tridentini” [Exame do Concílio de Trento] (1565-1573), no qual ele submete rigorosamente os ensinamentos deste Concílio ao juízo da Escritura e dos Pais da Igreja antiga. O Exame tornou-se a resposta luterana definitiva ao Concílio de Trento, bem como uma exposição completa da fé da Confissão de Augsburgo.
Sendo um teólogo e pastor, Chemnitz foi um verdadeiro presente de Deus para a Igreja.

08/11/2012

Comemoração de Johann von Staupitz, Confessor de Lutero


Johann von Staupitz (c. 1469-1524), vigário-geral da Ordem dos Agostinianos na Alemanha e amigo de Martinho Lutero, nasceu na Saxônia. Estudou nas universidades de Leipzig e Colônia, trabalhando nesta última. Em 1503 foi chamado por Frederico, o Sábio para servir como reitor da faculdade de teologia da recém-fundada Universidade de Wittenberg. Lá, ele encorajou Lutero a obter um doutorado em teologia e o nomeou como seu sucessor para professor de Bíblia. Durante as primeiras lutas de Lutero para compreender a graça de Deus, foi Staupitz quem o aconselhou a se concentrar em Cristo, e não em si mesmo.
Staupitz notabilizou-se por encorajar Lutero. Quando Martinho lhe disse que seus pecados eram grandes demais, Staupitz respondeu: “Cristo é o perdão de todos os pecados. Ele é um salvador real. Deus enviou o seu próprio Filho e o entregou por todos nós”. Lutero disse mais tarde que se não fosse Staupitz ao seu lado, ele teria se entregado ao desespero.
O “versículo lema” de Staupitz era o Salmo “Sou teu, salva-me” (Sl 119.94), um texto que ele compartilhava com Lutero quando o jovem monge estava aflito pela graça de Deus.

02/11/2012

Comemoração dos Fiéis Defuntos


Também conhecido como Dia de Finados, esta comemoração está de mãos dadas com a lembrança de ontem: Dia de Todos os Santos.
Na igreja primitiva, festas de apóstolos e evangelistas foram logo celebradas, especialmente as de S. Pedro e S. Paulo, embora as de S. João e S. Tiago também fossem prediletas. Mais tarde os mártires e todos os outros santos eram comemorados em 1º de novembro (Dia de Todos os Santos) e os falecidos no purgatório em 2 de novembro (Dia de Finados; em 3 de novembro, se 2 de novembro caísse no domingo). Na Igreja Ortodoxa este dia festivo é observado no sábado antes do Pentecostes ou no último domingo do ano litúrgico. Na Igreja Morávia, a manhã de Páscoa é dedicada à memória daqueles que morreram durante o ano. Em 1816, na Igreja Evangélica da Prússia, o último domingo do ano eclesiástico foi reservado para a celebração dos mortos (Totenfest/Totensonntag) e, este dia ou 31 de dezembro, foi adotado por muitos luteranos. (Christian Cyclopedia, Concordia Publishing House)
Visto que a ideia não bíblica do purgatório foi erradicada da Igreja Luterana, nossos antepassados viram muita coisa boa neste dia reservado para lembrar aqueles que partiram na fé em Cristo e aguardam a ressurreição da carne (cf. Credo Apostólico). Damos graças a Deus por todos nossos entes queridos e todos aqueles que partiram e que de várias maneiras e em muitas circunstâncias, foram instrumentos de Deus na transmissão e fortalecimento de nossa fé. Por isso, são “bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.” (Apocalipse 13.14)

Os próprios abaixo podem ser usados no dia do aniversário da morte de uma pessoa, para um culto em memória ou em outros momentos apropriados. Eles não devem substituir os próprios do domingo ou dias festivos. Congregações têm tradicionalmente observado a Comemoração dos Fiéis defuntos anualmente em 1º ou 2 de novembro, no último domingo do Ano da Igreja ou em 31 de dezembro. Em sua comemoração anual as congregações também podem ler os nomes daqueles que partiram no Senhor durante o ano que passou. (Lutheran Service Book, Agenda)

Cor litúrgica: Branca

Leituras:
Salmo 34.1-9 (antífona vers. 1)
Isaías 35.3-10
2 Pedro 3.8-14,18
João 5.24-29

Coleta:
Deus Todo-Poderoso, contigo estão todos os que adormeceram confiando em ti e nas tuas promessas em Cristo, pois agora descansam aliviados da carga do pecado. Agradecemos-te pela tua presença amorosa na vida de todos aqueles que perseveraram na fé até o fim e pedimos que permitas que os nossos caminhos e os daqueles que já partiram se encontrem na mansão que preparaste para os que confiam em teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.
"O Dia dos Mortos", pintura de William-Adolphe Bouguereau (1859)

01/11/2012

O Credo Niceno-Constantinopolitano


reio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, tanto das coisas visíveis como das invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e se encarnou pelo Espírito Santo na virgem Maria e foi feito homem; foi também crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou segundo as Escrituras, e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai e virá novamente em glória a julgar os vivos e os mortos, cujo reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e doador da vida, o qual procede do Pai e do Filho, que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E numa única santa Igreja Cristã* e Apostólica. Confesso um só Batismo para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida  do mundo vindouro.

Amém.

* Cristã: o texto antigo diz "católica", que significa toda a Igreja uma vez que confessa a totalidade da doutrina cristã.

Ícone retratando o Primeiro Concílio de Niceia.
A origem do Credo Niceno se encontra na necessidade de defender a doutrina apostólica da divindade de Cristo contra Ário, e da divindade do Espírito Santo contra os seguidores de Macedônio. Convocou-se um concílio na cidade de Niceia para maio e junho de 325. Duzentos e vinte bispos estavam presentes. O propósito do concílio era formular, sem possibilidade de falsas interpretações, o que as Escrituras ensinavam a respeito do Senhor Jesus Cristo. A pergunta era: Jesus é ou não é o verdadeiro Deus do verdadeiro Deus? Estaria Ario certo ao dizer que Jesus não é verdadeiramente Deus? Apesar do brilhantismo dos teólogos arianos, os ortodoxos (que mantinham o ensino bíblico) não estavam ausentes e sem os seus heróis da fé. Conta a história que Atanásio era um homem de pouca estatura. Mas como um estudioso da Bíblia, era um gigante. Desde o Concílio de Niceia, por causa da sua defesa sólida da fé cristã, o dito que passou a acompanhá-lo foi "Atanásio contra o mundo".

Além, de Ario, apenas cinco outros se recusaram a assinar o documento de Niceia. O Imperador os baniu, mas sem grande interesse político. O mesmo credo foi reafirmado no Concílio de Constantinopla, em 381, e foi oficialmente adotado com alguns acréscimos em 451, no Concílio de Calcedônia.

O Credo Niceno não procura apresentar todos os artigos da fé cristã, mas confessa e defende as verdades fundamentais da doutrina escriturística acerca de Deus.

O texto do Credo Niceno acima é o atualmente utilizado na liturgia da Igreja Evangélica Luterana do Brasil. O texto conforme o Livro de Concórdia é o seguinte:

Creio em um só Deus, o Pai onipotente, criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai, por quem foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, na Virgem Maria, e se fez homem; foi também crucificado em nosso favor sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu aos céus; está sentado à destra do Pai, e virá pela segunda vez, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e seu reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, o qual procede do Pai e do Filho; que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas.
E a igreja, una, santa, católica e apostólica.
Confesso um só batismo, para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.

Dia de Todos os Santos

Profetas do Antigo Testamento e santos do Novo Testamento
na predela do Retábulo de San Domenico (ca. 1423-4), de Fra Angelico (ca. 1395-1455)
Aparentemente, a Festa de Todos os Santos teve origem no início do século VII, mais provavelmente quando o antigo Panteão em Roma foi dedicado como uma igreja cristã intitulada “Santa Maria e Todos os Santos”.
Uma nota introdutória do Artigo XXI da Confissão de Augsburgo afirma: “A Igreja Primitiva desenvolveu um apreço por aqueles que confessaram e, por vezes, morreram por sua fé. No entanto, a corrupção profunda desenvolveu-se dentro da Igreja com relação à honra dada aos santos, resultando no que só pode ser descrito como adoração idólatra. Aqueles que vieram antes de nós na fé devem ser honrados, lembrados, e imitados de acordo com nossos diversos postos e chamados na vida. Isso é claro. No entanto, é claramente contrário às Escrituras ensinar que os santos estão aí para serem buscados e invocados para ajudar. Simplesmente não há mandamento, não há exemplo e nenhuma promessa na Bíblia indicando que devemos orar aos nossos irmãos e irmãs que partiram em Cristo”.
Portanto, o Dia de Todos os Santos não é um remanescente medieval romano que luteranos esqueceram de erradicar, mas é um dia santo no qual lembramos que estamos rodeados por uma “tão grande nuvem de testemunhas” (Hb 12.1), os fiéis em Cristo aqui na terra e acima no céu, encorajando e ajudando-nos a perseverar na fé cristã. [Rev. Wilhelm Torgerson, em Concordia Pulpit Resources, Volume 22, Part 4, Series B]

Cor litúrgica: Branca
Leituras: Salmo 149; Apocalipse 7.(2-8) 9-17; 1 João 3.1-3; Mateus 5.1-12

Coleta: Todo-poderoso e eterno Deus, que uniste o teu povo fiel de todos os tempos e lugares em uma santa comunhão, o corpo místico de teu Filho Jesus Cristo, concede que possamos seguir teus santos abençoados em sua maneira virtuosa e cristã de viver, a fim de que, junto com eles, possamos alcançar as incontáveis alegrias que preparaste para aqueles que de amam; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Em observância ao Dia de Todos os Santos, transcrevemos o hino "For all the saints who from their labors rest" escrito por Will­iam W. How em 1864 para o hinário "Hymns for Saint’s Days, and Other Hymns". A tradução para o português é de Theodor Reuter (1947) e encontra-se no Hinário Luterano sob o número 297:

Rendemos glória ao nome de Jesus 
por todos os que estão na eterna luz, 
aqui, porém, levaram sua cruz. 
Aleluia, Aleluia! 

Tu, Cristo, foste a sua salvação, 
a sua luz na densa escuridão 
e, no combate, a sua proteção. 
Aleluia, Aleluia! 

Os crentes todos queiram pelejar 
como os teus santos e, afinal, ganhar 
o prêmio eterno, o galardão sem par. 
Aleluia, Aleluia! 

Oh! comunhão bendita e divinal: 
Nós, fracos — eles, em poder real, 
mas todos teus, triunfando contra o mal. 
Aleluia, Aleluia! 

Dourada tarde, no oeste a reluzir, 
promete ao combatente o refulgir 
da doce aurora no eternal porvir. 
Aleluia, Aleluia!