29/06/2013

Evangelho Dominical – Quinto Domingo após Trindade

"A Pesca Milagrosa", Gaspard de Crayer (1584-1669)

Evangelho segundo S. Lucas 5.1-11

Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galiléia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus.
Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes.
Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: — Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar.
Simão respondeu: — Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.
Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando.
Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram.
Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: — Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!
Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado.
Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão: — Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.
Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.

Quinto Domingo após Trindade

“Pesca Milagrosa”, Johann Georg Platzer (1704-1761)

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: 1 Reis 19.11-21
Salmo: Salmo 16 (antífona v. 11)
Epístola: 1 Coríntios 1.18-25 ou 1 Pedro 3.8-15
Santo Evangelho: São Lucas 5.1-11

Jesus faz pescadores de pessoas

O Senhor chamou pescadores para serem pescadores de pessoas (São Lucas 5.1-11). A rede que eles usariam é a mensagem da cruz, que é loucura e escândalo para o mundo (1 Coríntios 1.18-25). O poder de Deus para salvar não está em sinais espetaculares como o vento, fogo e terremotos (1 Reis 19.11-21), nem é encontrado na inteligência e sabedoria humana. O poder de Deus para salvar vem da voz mansa e delicada da pregação do Cristo crucificado. Na escuridão os discípulos nada podiam apanhar. Mas, à luz de Cristo, cuja palavra estava ligada à água, os barcos ficaram cheios de peixes. É por isso que no Batismo você foi atraído para o barco da Igreja. Ainda que as redes estejam rompendo e alguns que ouvem a Palavra não creem, pastores continuam a lançar a rede do Evangelho e Sacramentos, para que os cristãos possam permanecer no barco da Igreja e para que possamos estar prontos para responder a todos que pedem a razão da esperança que há em nós (1 Pedro 3.8-15).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que tens preparado para aqueles que te amam coisas tão excelentes que excedem o alcance da compreensão humana, derrama em nossos corações tanto amor para contigo, que nós, amando-te sobre todas as coisas, alcancemos as tuas promessas, que ultrapassam tudo quanto podemos desejar; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

São Pedro e São Paulo, Apóstolos

“O Martírio de São Paulo” (c. 1556), Tintoretto (1518-1594)

De acordo com a tradição, os apóstolos São Pedro e São Paulo foram martirizados no mesmo dia, porém em anos diferentes. Mas esta data especial (29 de junho), surgiu provavelmente quando da transferência de seus restos mortais para as catacumbas, no ano de 258, durante a perseguição de Valeriano.

São Paulo, como cidadão romano, foi decapitado fora de Roma. Junto com o apóstolo São Pedro, ele deu testemunho de que a vida que há em Cristo Jesus é mais forte que a morte:

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 8.37-39)

São Pedro e São Paulo, Apóstolos

“Martírio de São Pedro” (1546-50), Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

A Confissão de São Pedro (“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”) é festejada em 18 de janeiro e a Conversão de São Paulo no caminho de Damasco, uma semana depois, no dia 25 de janeiro. Em 29 de junho a Igreja celebra o martírio de ambos os apóstolos.

De acordo com uma tradição muito antiga, São Pedro foi crucificado, mas pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, considerando-se indigno de morrer da mesma forma que o seu amado Senhor.

Festa de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – 29 de junho

“Santos Pedro e Paulo” (1605-08), El Greco (1541-1614)

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Primeira Leitura: Atos 15.1-12 (13-21)
Salmo: Salmo 46 (antífona v. 11)
Epístola: Gálatas 2.1-10
Santo Evangelho: São Mateus 16:13-19

A festa de São Pedro e São Paulo é, provavelmente, a mais antiga das observâncias dos santos (meados do séc. III). Uma antiga tradição assegura que estes dois pilares da Igreja do Novo Testamento foram martirizados no mesmo dia, em Roma, durante a perseguição de Nero. Além desta comemoração conjunta de seus martírios, ambos os apóstolos são comemorados separadamente: São Pedro em 18 de janeiro, por sua confissão de Jesus como o Cristo (S. Mateus 16.13-16) e São Paulo em 25 de janeiro, por sua conversão (Atos 9.1-19).
O Novo Testamento nos diz muito sobre os dois apóstolos. São Pedro esteve com Jesus desde o início de seu ministério e serviu como líder entre os discípulos. Apesar de sua fé inabalável, a Escritura também registra algumas de suas falhas, como a sua repreensão de Jesus (S. Mateus 16.21-23) e sua tríplice negação de seu Senhor (S. Mateus 26.69-75). Após a ascensão de Jesus, São Pedro continuou como líder na Igreja (Atos 1.15, 2.14, 15.7).
São Paulo, um devoto judeu, também conhecido como Saulo, entrou em cena como um perseguidor da Igreja. Depois de sua milagrosa conversão, na qual o próprio Cristo ressuscitado lhe apareceu, São Paulo tornou-se um grande pregador da graça de Deus. Durante suas três viagens missionárias (Atos 13-14; 16-18; 18-21), São Paulo viajou por toda a atual Turquia e Grécia. O relato do Novo Testamento de sua vida termina com São Paulo sob prisão domiciliar em Roma (Atos 28.16), mas a tradição diz que ele foi para a Espanha, antes de regressar a Roma.

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso e eterno Deus, teus Santos Apóstolos Pedro e Paulo receberam graça e vigor para sacrificar suas vidas por amor de teu Filho. Fortalece-nos pelo teu Espírito Santo para que possamos confessar tua verdade e estarmos sempre prontos a dar a vida por aquele que deu a sua vida por nós, o mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 476)

28/06/2013

Comemoração de Irineu de Lyon, Pastor - 28 de junho


Santo Irineu (c. 130-200 d. C.) nasceu em Esmirna (atual İzmir, Turquia), estudou em Roma e mais tarde tornou-se pastor em Lyon, na França. Por volta do ano 177, quando Irineu estava fora da cidade, uma perseguição feroz aos cristãos levou ao martírio de seu bispo. Quando retornou a Lyon, Irineu foi eleito e aclamado bispo. A sua obra escrita mais importante foi o tratado “Contra as heresias”, no qual condena principalmente o gnosticismo, que desprezava a criação de Deus como boa. Em oposição, Irineu confessou que Deus redimiu a sua criação através da encarnação do Filho. Irineu também afirmou os ensinos das Escrituras como sendo normativos para a Igreja.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-Poderoso, tu mantiveste teu servo Irineu com vigor para confessar a verdade contra todo vento de doutrina vã. Por tua misericórdia, mantêm-nos firmes na fé verdadeira, para que caminhemos fielmente em paz no caminho que conduz à vida eterna; mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 472)

27/06/2013

Maria, Mãe de Deus (Theotokos)

"Madonna" de Munique (c. 1525), Lucas Cranach, o Velho (1472-1553)

Cirilo de Alexandria defendeu, no Concílio de Éfeso, em 431, o ensino ortodoxo da Igreja Cristã de que o Verbo se fez carne (João 1.14), sendo Maria a “portadora de Deus” (Theotokos). Ele se opôs ao ensino de Nestório que afirmava não haver comunhão das naturezas humana e divina na pessoa de Cristo e que Maria era apenas a mãe do homem Jesus (Christotokos).

Por sua defesa do verdadeiro ensino a respeito de Cristo, Cirilo é citado nas Confissões Luteranas e também em escritos como “De duabus naturis” (As Duas Naturezas em Cristo), do bem-aventurado Martin Chemnitz.

A respeito do ensino cristológico defendido por Cirilo, as Confissões Luteranas afirmam:

“Cremos, ensinamos e confessamos, por isso, que Maria concebeu e deu à luz não um mero e simples homem, mas o verdadeiro Filho de Deus. Por essa razão ela acertadamente é chamada Mãe de Deus e verdadeiramente o é.” -- Fórmula de Concórdia, Epítome VIII, 12 (Livro de Concórdia, p. 525)
“Em virtude dessa união e comunhão pessoal das naturezas, Maria, a Virgem laudatíssima, não deu à luz um mero homem, mas um homem que verdadeiramente é Filho do Deus Altíssimo, conforme testifica o anjo. Demonstrou sua majestade divina até no seio materno, com o fato de haver nascido de uma virgem não injuriada em sua virgindade. Razão por que ela deveras é a mãe de Deus, e não obstante permaneceu virgem.” -- Fórmula de Concórdia, Declaração Sólida VIII, 24 (Livro de Concórdia, p. 638)

A imagem acima, de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), é uma das muitas representações da Virgem Maria com o Menino, tema favorito na iconografia deste pintor luterano. Neste painel da Madonna de Munique (c. 1525), a Virgem e o Menino Jesus aparecem no primeiro plano. Dois anjos seguram um pano grosso atrás, ocultando parte da paisagem, apresentando a Virgem e o Menino. Cristo oferece uma uva do cacho na mão da Virgem que inclina a cabeça carinhosamente em direção ao precoce menino.

Comemoração de Cirilo de Alexandria, Pastor e Confessor - 27 de junho


Cirilo (c. 376-444) tornou-se bispo de Alexandria (Egito), no ano de 412. Ao longo de seu ministério, defendeu uma série de doutrinas ortodoxas, entre elas o ensinamento de que Maria, a mãe de Jesus, “acertadamente é chamada Mãe de Deus e verdadeiramente o é” (Fórmula de Concórdia, Epítome VIII, 12), sendo corretamente denominada “Theotokos”, a “portadora de Deus”. Em 431 o Concílio de Éfeso afirmou este ensino de que o Filho de Maria é também verdadeiro Deus. Os escritos de Cirilo sobre as doutrinas da Trindade e da pessoa de Cristo revelam que ele é um dos teólogos mais competentes de seu tempo. A Cristologia de Cirilo influenciou concílios posteriores e constituiu uma fonte primária para os escritos confessionais luteranos.

ORAÇÃO DO DIA:

Pai Celestial, teu servo Cirilo proclamou firmemente teu Filho, Jesus Cristo, como sendo um, totalmente Deus e totalmente homem. Por tua infinita misericórdia, mantêm-nos constantes na fé e na adoração de teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

26/06/2013

Jeremias profetiza com muita clareza sobre a pessoa de Cristo

“Jeremias Lamentando a Destruição de Jerusalém” (1630), Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669)
Para compreender o profeta Jeremias, não são necessárias muitas anotações explicativas. Basta, apenas, olhar para os eventos que tiveram lugar entre os reis em cujas épocas ele pregou. Pois sua pregação acompanha o estado de coisas da terra naquele período.
Em primeiro lugar, a terra estava cheia de vícios e idolatria. [...] Em segundo lugar, ele também prediz a iminente punição, a saber, a destruição de Jerusalém e de toda a terra, o cativeiro babilônico e, assim como, também, a punição de todos os pagãos. E, no entanto, lado a lado com isso, ele consola e promete, para um certo tempo determinado, depois de passada essa punição, a libertação e o retorno à terra e a Jerusalém, etc. E essa passagem é a mais importante em Jeremias, pois por causa disso Jeremias foi constituído, como bem indica no capítulo 1[.11,13], a visão da vara desperta e das panelas ferventes vindas do norte. [...] Em terceiro lugar, ele também faz como outros profetas e profetiza acerca de Cristo e seu Reino, especialmente, nos capítulos 23 e 31. Ali, ele profetiza com muita clareza sobre a pessoa de Cristo, sobre seu Reino, sobre o Novo Testamento e sobre o fim do Antigo Testamento. [...]De fato, também esta é uma época má e miserável, e ainda pior do que o tempo de Jeremias. [...] Cristo, porém, saberá preservar os seus. E por causa deles que ele deixa brilhar sua Palavra em nossa época vergonhosa, assim como na Babilônia ele sustentou Daniel e os que eram iguais a ele, por cuja causa a profecia de Jeremias tinha de brilhar. Ao mesmo SENHOR amado seja o louvor e a gratidão, junto com o Pai e o Espírito Santo, um único Deus sobre todas as coisas e na eternidade. AMÉM.

-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Prefácio ao Profeta Jeremias, OSel 8, 50-52)

Comemoração do Santo Profeta Jeremias - 26 de junho

O Santo Profeta Jeremias é contado como um dos quatro profetas “maiores” do Antigo Testamento, junto com Isaías, Ezequiel e Daniel. Seu nome significa “Yahweh (o Senhor) estabelece (ou exalta).
O profeta Jeremias era filho de Hilquias, um dos sacerdotes da cidade de Anatote, no território da tribo de Benjamim e atuou como profeta de Deus no reino de Judá, por volta de 627 a 582 a. C. Como profeta previu, testemunhou e presenciou o cerco babilônico e possivelmente a destruição de Jerusalém em 587 a. C. Em sua pregação, frequentemente utilizava símbolos, como um galho de amendoeira (Jeremias 1.11-14), jarra de vinho (13.12-14) e um oleiro trabalhando (18.1-17). Todo o seu ministério profético era um sermão, comunicando, através de palavras e atos, a ira de Deus para com seu povo rebelde. Jeremias sofreu repetida rejeição e perseguição de seus compatriotas, mas sabendo que a força de Deus estava consigo, expressava-se livremente e com firmeza. Reis o encarceraram, o flagelaram, ameaçavam-no de morte constantemente e queimavam seus escritos. Mas Deus o fortaleceu e o impulsionou a seguir pregando até seus últimos dias. Até onde se pode saber, Jeremias morreu no Egito, pra onde fora levado à força. Ele é lembrado e honrado pelo destemido chamado do povo de Deus ao arrependimento.

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai Celestial, por intermédio do Profeta Jeremias, tu continuaste o modelo profético de ensinar seu povo na verdadeira fé e a demonstrar através dos milagres a tua presença na criação para curá-la de sua fragilidade. Concede que tua Igreja possa ver em teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o profeta dos últimos tempos cujos ensinamentos e milagres continuam na tua Igreja através da medicina curativa do Evangelho e dos Sacramentos, através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Imagem: “Jeremias” (1308-11), Duccio di Buoninsegna (c. 1255-1319)

25/06/2013

Confissão de Fé apresentada ao Invictíssimo Imperador Carlos V, César Augusto, na Dieta de Augsburgo, no ano de 1530

Apresentação da Confissão de Augsburgo (gravura do séc. XVII)
Apresentada originalmente em latim e em alemão perante a Dieta de Augsburgo, na presença do imperador Carlos V, a 25 de junho de 1530, como confissão de fé dos príncipes alemães, partidários do movimento da Reforma da Igreja desencadeado por Martinho Lutero, a Confissão de Augsburgo adquiriu importância fundamental e pode ser considerada “cédula de identidade” da Igreja Luterana. Constitui um dos principais documentos de fé interpretativo das Sagradas Escrituras, sintetizando o conteúdo essencial da fé cristã na forma como é confessada pelas igrejas luteranas. Por seu significado histórico e sua relevância teológica, trata-se de um escrito de alcance ecumênico de interesse de toda a Igreja de Jesus Cristo e de todas as pessoas cristãs.

Leia esta maravilhosa confissão que permanece como núcleo da Confissão Luterana, "como nosso símbolo desse tempo" (nostri temporis Symbolum), conforme expressa a Fórmula de Concórdia (LC FC 500, 4).

A Confissão de Augsburgo está disponível na íntegra na página da Comissão Interluterana de Literatura (CIL).

No título em grego da Confissão de Augsburgo, se lê: "A Confissão da Fé Ortodoxa"




Apresentação da Confissão de Augsburgo

"Apresentação da Confissão de Augsburgo" (1617), escola germânica (séc. XVII), Georgenkirche, Eisenach (Alemanha)

À parte dos eventos salvíficos do Senhor registrados no Antigo e no Novo Testamento, particularmente o nascimento, morte, ressurreição e ascensão de Cristo, “um dos grandes dias da história humana” foi “quando a Confissão de Augsburgo foi lida publicamente diante do imperador”. (Klug, Eugene F A. “Lutherʼs contribution to the Augsburg Confession.” Concordia Theological Quarterly 44, no. 2-3 (1980): 155-172, pg. 159.) Martinho Lutero chamou a Dieta de Augsburgo, onde a Confissão de Augsburgo foi lida, de “a última trombeta antes do Dia do Juízo Final”. A apresentação da Confissão de Augsburgo mudou o mundo. Sem dúvida, a apresentação da Confissão de Augsburgo é ainda mais importante do que quando Lutero pregou as 95 Teses na porta do da igreja do castelo de Wittenberg, em 1517. A Confissão de Augsburgo foi lida no dia 25 de junho de 1530, às 15 horas pelo chanceler Beyer. Ele a leu em alta e clara voz, por quase duas horas. Pelo menos sete (se não nove) eleitores e príncipes do Sacro Império Romano Germânico assinaram a Confissão de Augsburgo. A Confissão de Augsburgo era ecumênica e composta de 28 artigos. Os primeiros 21 artigos mostram que os luteranos conservavam a doutrina da Igreja. Os Artigos 22 a 28 tratam dos abusos a serem corrigidos na Igreja.

Fonte: Presentation of the Augsburg Confession — A Tribute

Apresentação da Confissão de Augsburgo - Filme "Lutero"

Assista à cena da apresentação da Confissão de Augsburgo conforme o filme “Lutero” (Luther, 2003), dirigido por Eric Till.

“Também falarei dos teus testemunhos na presença dos reis e não me envergonharei.”
– Introito da Apresentação da Confissão de Augsburgo, Salmo 119.46

Apresentação da Confissão de Augsburgo – 25 de junho

Hoje a Igreja Luterana comemora a apresentação da Confissão de Augsburgo.


A Confissão de Augsburgo (Confessio Augustana), a principal declaração de fé da teologia de Martinho Lutero e dos reformadores luteranos, foi escrita em grande parte por Philip Melanchthon. Na sua essência, ela confessa a justificação de pecadores somente pela graça, somente através da fé, somente por causa de Cristo. Assinada por líderes de muitas cidades e regiões alemãs, a Confissão foi formalmente apresentada ao Sacro Imperador Romano Carlos V, em Augsburgo (Alemanha), em 25 de junho de 1530. Algumas semanas depois, autoridades católico-romanas rejeitaram a Confissão, que Melanchthon defendeu na Apologia da Confissão de Augsburgo (1531). Em 1580, o Confissão de Augsburgo Inalterada foi incluída no Livro de Concórdia.

LEITURAS:

† Salmo 46
† Isaías 55.6-11
† Romanos 10.5-17
† São João 15.1-11

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai celestial, tu preservaste o ensino da Igreja apostólica através da confissão da verdadeira fé em Augsburgo. Continue a lançar os brilhantes raios de tua luz sobre a tua Igreja a fim de que nós, sendo instruídos na doutrina dos bem-aventurados apóstolos, possamos andar na luz da tua verdade e, finalmente, alcançar a luz da vida eterna; mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Imagem: Confissão de Augsburgo, 1530. Gravura em madeira, do século 19, ilustrando príncipes luteranos e representantes de cidades livres imperiais apresentando a Confissão de Augsburgo ao imperador Carlos V na Dieta de Augsburgo, em 25 de junho 1530.

24/06/2013

Cantatas de Bach para a Festa da Natividade de São João Batista

No dia 24 de junho a Igreja Cristã celebra a Festa da Natividade de São João Batista.
Johann Sebastian Bach compôs três cantatas para esta ocasião:

  • Ihr Menschen, rühmet Gottes Liebe, BWV 167, 24 de junho de 1723;
  • Christ unser Herr zum Jordan kam, BWV 7, 24 de junho de 1724;
  • Freue dich, erlöste Schar, BWV 30, 24 de junho de 1738 ou um ano depois.
A cantata Christ unser Herr zum Jordan kam (Cristo nosso Senhor veio até o Jordão), BWV 7, foi compostaem Leipzig para a Festa de São João e executada pela primeira vez em 24 de junho 1724. As leituras prescritas para o dia de São João eram do Livro do Profeta Isaías 40.1-5 (Voz do que clama no deserto) do Evangelho de Lucas 1.57-80 (nascimento de João Batista e Benedictus de Zacarias). A cantata é baseada no hino de Martinho Lutero para o batismo "Christ unser Herr zum Jordan kam", cujas palavras são usadas de forma inalterada nos movimentos 1 e 7. Um poeta desconhecido transcreveu as idéias das estrofes 2 a 6 como uma seqüência de recitativos e árias.

Imagem: “Nascimento de São João Batista” (c. 1563), Tintoretto
(1518-1594)

Cantata BWV 7 - Christ unser Herr zum Jordan kam

1. Coro

Christ unser Herr zum Jordan kam
nach seines Vaters Willen,
von Sankt Johann die Taufe nahm,
sein Werk und Amt zu erfüllen;
Da wollt er stiften uns ein Bad,
Zu waschen uns von Sünden,
Ersäufen auch den bittern Tod
durch sein selbst Blut und Wunden.

Cristo nosso Senhor veio até o Jordão,
segundo a vontade de Pai,
junto ao santo João, o Batista,
sua obra e destino cumprir.
Para nós um banho sagrou,
para de todo o pecado lavarnos,
ainda afogando a amarga morte
em suas chagas e sangue.

2. Aria (Baixo)

Merkt und hört, ihr Menschenkinder,
was Gott selbst die Taufe heiBt.
Es muB zwar hier Wasser sein,
Doch schlecht Wasser nicht allein.
Gottes Wort und Gottes Geist
tauft und reiniget die Sünder.

Vêde e ouvi, ó filhos dos Homens
o que Deus mesmo chamou de batismo.
Pela água deve se cumprir,
mas água apenas de nada vale.
É a palavra e o espírito de Deus
que batizam e lavam os pecadores.

3. Recitativo (Tenor)

Dies hat Gott klar
mit Worten und Bildern dargetan
am Jordan lieB der Vater offenbar
die Stimme bei der Taufe Christi hören;
Er sprach: dies ist mein lieben Sohn,
an diesem hab ich wohlgefallen,
Es ist von hohen Himmelsthron
der Welt zu gut
in niedrieger Gesltalt gekommen
und hat das Fleisch und Blut
der Menschenkinder angenommen;
den nehmet nun als euren Heiland an
und höret seine teuren Lehren!

Deus de modo claro mostrou
em imagens e palavras
no Jordão deixou o Pai evidente
ouvir sua voz no batismo do Cristo.
Disse ela: este é meu filho amado
em quem me comprazo.
Do alto do trono dos céus
veio ao mundo em forma humilde
para o bem fazer
e a carne e o sangue
dos filhos dos homens aceitando.
Então acatai-o agora como vosso salvador
e ouvi seu precioso mandamento.

4. Ária (Tenor)

Des Vaters Stimme lieB sich hören,
der Sohn, der uns mit Blut erkauft,
ward als ein wahrer Mensch getauft.
Der Geist ershien im Bild der Tauben,
damit wir ohne Zweifel glauben,
Es habe die Dreifaltigkeit
uns selbst die Taufe zubereit´.

A voz do Pai deixou-se ouvir,
o Filho, que com sangue nos comprou,
como homem foi batizado.
O Espírito mostrou-se na forma de pomba
para que nós, sem medo, pudéssemos crer,
Assim a própria Trindade
para nós preparou o batismo.

5. Recitativo (Baixo)

Als Jesus dort nach seinen Leiden
und nach dem Auferstehen
aus dieser Welt zum Vater wollte gehn,
sprach er zu seinen Jüngern:
geht hin in alle Welt und lehret alle Heiden,
wer glaubet und getauft wird auf Erden,
der soll gerecht un selig werden.

Como Jesus depois de sua Paixão
E de sua Ressurreição,
Desse Mundo querendo ir ao Seu Pai,
Disse aos seus discípulos:
Ide a todo Mundo e ensinai aos Gentios,
Quer Crer e for batizado na Terra,
Será justificado e salvo.

6. Árie (Alto)

Menschen, glaubt doch dieser Gnade,
DaB ihr nicht in Sünden sterbt,
noch im Höllenpfuhl verdebt!
Menschenwerk und heiligkeit
gilt vor Gott zu keiner Zeit.
Sünden sind uns angeboren,
wir sind von Natur verloren;
Glaub und Taufe macht sie rein,
DaB sie nicht verdammlich sein.

Homens, creiam, pois, nessa Graça,
Não morrerão no Pecado,
Nem apodrecerão no Charco do Inferno!
As Obras e as Virtudes do Homem
Para Deus não valeram em Tempo algum.
Nascidos são para o Pecado,
Perdidos são por Natureza;
A Fé e o Batismo os fazem Puros,
Para que não sejam Danados.

7. Coral

Das Aug allein das Wasser sieht,
wie Menschen Wasser gieBen,
der Glaub allein die Kraft versteht
des Blutes Jesu Christi,
und ist für ihm ein rote Flut
von Christi Blut gefärbet,
die allen Schaden heilet gut
von Adam her geerbet,
auch von uns selbst begangen.

O Olho apenas Água viu,
Quando os Homens Água verteram,
Somente a Fé o Poder percebeu
Do Sangue de Jesus Cristo,
E por ela a rubra Maré
Do Sangue do Cristo se tingiu,
Todo o Dano foi bem curado
Aquele herdado de Adão
E o por nós provocado

Fonte: Cantatas de Bach

BWV 7 - Christ unser Herr zum Jordan kam



Cantata BWV 167 - Ihr Menschen, rühmet Gottes Liebe



BWV 30 - Freue dich, erlöste Schar



Festa Junina ou Festa de São João

"São João", Di Cavalcanti (1897-1976)

No dia 24 de junho a Igreja Cristã em todo o mundo festeja o Nascimento de João Batista, e no Brasil e na maioria dos países cristãos, esta data é lembrada e celebrada nas tradicionais “Festas de São João” ou “Festas Juninas”.

Essas celebrações são particularmente importantes nos países majoritariamente luteranos do norte da Europa como a Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Islândia, Estônia, Letônia, etc., As festas juninas da Suécia (Midsommarafton) são consideradas a festa nacional sueca por excelência e lá, como aqui no Brasil, as pessoas se vestem em trajes típicos. Nestes países do hemisfério Norte as Festas de São João tem sua origem na antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a árvore de Natal é uma cristianização de uma simbologia pagã, a fogueira da Festa do Verão foi transformada, na Idade Média, num atributo da festa de São João Batista, festejado no mesmo dia da Festa do Verão.

Sabiamente, a igreja não se opôs à continuidade da tradição ritualística de se acender fogueiras no solstício de verão, mas deu um conteúdo cristão a este evento, homenageando João Batista, o precursor da luz do mundo – Jesus Cristo. De acordo com uma antiga tradição cristã, a fogueira passou a ser associada ao fato de que, por ocasião da visita de Maria a Isabel (Lc 1.39-45), quando estavam grávidas, as primas combinaram que o nascimento de João seria sinalizado com uma fogueira, para que Maria pudesse ir ajudar a prima depois do parto.

João é um percursor e a sua voz é precursora da Palavra de Deus

24 de Junho - Festa da Natividade de São João Batista
“O nascimento de São João Batista” (c. 1510), Giuliano Bugiardini (1475-1555)
Quem é pois João? Para tomar uma imagem, permita-me dizer: uma voz do Verbo, da Palavra de Deus, que nos exorta gritando no deserto: "Aplanai os caminhos do Senhor" (Mt 1.3). João é um percursor e a sua voz é precursora da Palavra de Deus, voz que encoraja e predispõe à salvação, voz que nos exorta a procurar a herança do céu.
Graças a esta voz "a mulher estéril e desamparada não será mais sem filhos" (Is 54.1). A voz de um anjo tinha-me anunciado esta gravidez; essa voz era também um percursor do Senhor, que trazia a boa notícia à mulher que não tinha engravidado (Lc 1.19), assim como João na solidão do deserto. É portanto pela voz do Verbo que a mulher estéril engravida na alegria e que o deserto produz frutos. Estas duas vozes, percursoras do Senhor, a do anjo e a de João, comunicam-me a salvação neles oculta, de modo que, depois da manifestação deste Verbo, colhamos o fruto da fecundidade, a vida eterna.

-- Clemente de Alexandria (150-c. 215), pastor e teólogo

A Natividade de São João Batista - Festa principal de Cristo

Da página do Facebook da Igreja Luterana - Sínodo de Missouri:

Today we celebrate the birth of St. John the Baptist. The Lutheran Service Book includes the Nativity of St. John the Baptist among the "principal feasts of Christ." Since it was "in the sixth month" of Elizabeth's pregnancy that the Angel Gabriel announced to the Virgin Mary that she would become the God-bearer, and since we celebrate our Lord's birth on December 24-25, the birth of the Baptist falls exactly six months prior. St. Bede the Venerable noted that this fulfilled (at least for us in the Northern Hemisphere) the saying of the Baptist himself: "He must increase but I must decrease." So after our Lord's birth we observe the amount of daylight growing and after St. John's birth we note the daylight beginning to diminish. 
From the liturgy for this day: "Behold, I will send my messenger and he will prepare the way before me. Through John the Baptist, the forerunner of Christ, You once proclaimed salvation. Now grant that we may know this salvation and serve You in holiness and righteousness all the days of our life. Before I formed you in the womb I knew you and before you were born I consecrated you. I appointed you to be a prophet to the nations. Behold, I have put my words in your mouth. ...whose way John the Baptist prepared, proclaiming Him the promised Messiah, the very Lamb of God who takes away the sin of the world, and calling sinners to repentance that they might escape the wrath to be revealed when He comes again in glory."
(Photo: Birth of St. John the Baptist depicting Zechariah writing, "His name is John" by Pontormo, 1526.)

Festa da Natividade de São João Batista – 24 de junho

“O Nascimento de São João Batista” (1655), Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682)

Cor litúrgica: Branca

Neste dia 24 de junho, os cristãos do Oriente e do Ocidente celebram o nascimento de São João Batista.

São João Batista, filho de Zacarias e Isabel, nasceu numa família sacerdotal. Seu nascimento foi milagrosamente anunciado a seu pai por um anjo do Senhor (S. Lucas 1.5-23). Conforme a indicação de Lucas, Isabel estava no sexto mês de gestação de João, que foi fixado pela Igreja três meses após a Anunciação de Nosso Senhor e seis meses antes do Natal de Jesus. Por ocasião de seu nascimento, seu pai já idoso proclamou um belo hino de louvor (S. Lucas 1.67-79). Este hino é intitulado Benedictus e serve como o tradicional Cântico evangélico na Oração da Manhã (Laudes matutinas) da Igreja. Os eventos da vida de S. João e seus ensinamentos são conhecidos a partir de relatos em todos os quatro Evangelhos. No deserto da Judeia, próximo do Rio Jordão, São João Batista começou a pregar um chamado ao arrependimento e ao batismo, e dizia à multidão: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (S. João 1.29). S. João denunciou a vida imoral dos governantes herodianos, de modo que Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia, mandou prendê-lo e encarcerá-lo na grande fortaleza de Macaeros (Maqueronte), perto do Mar Morto. Lá Herodes mandou decapitá-lo (S. Marcos 6.17-29). O seu martírio é celebrado em 29 de agosto, com outra festa litúrgica. S. João é lembrado e honrado como aquele que, com sua pregação, apontou para o “Cordeiro de Deus” e “preparou o caminho” para a vinda do Messias.

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 40.1-5
Salmo: Salmo 85.(1-6) 7-13 (antífona v. 9)
Epístola: Atos dos Apóstolos 13.13-26
Santo Evangelho: São Lucas 1.57-80

ORAÇÃO DO DIA

Todo-poderoso Deus, através de São João Batista, o precursor de Cristo, tu proclamaste a salvação. Agora concede que possamos conhecer esta salvação e servi-lo em santidade e justiça todos os dias da nossa vida; através de nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 459-460)

Comemoração da fundação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil A.D. 1904 – 24 de junho


As raízes da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) remontam ao século XIX, quando imigrantes alemães se estabeleceram no Brasil, buscando uma nova vida, trazendo em suas bagagens a Bíblia e o Catecismo de Lutero.
Em 1900 missionários da Igreja Luterana - Sínodo Missouri vieram ao Sul do Brasil prestar atendimento pastoral aos imigrantes. No dia 1.º de julho de 1900 foi fundada a Comunidade São João no atual município de Morro Redondo/RS, a primeira congregação do Sínodo.
Em 24 de junho de 1904 aconteceu a assembleia de constituição da Igreja Evangélica Luterana do Brasil na cidade de São Pedro do Sul, na região central do Rio Grande do Sul.

ORAÇÃO DO DIA

Todo-poderoso Deus, que prometeste estar com a tua Igreja para sempre, oramos pela tua bênção contínua sobre todos aqueles que se reúnem neste Sínodo. Habita continuamente entre nós com a tua Santa Palavra e Sacramentos, fortalece nossa comunhão nos laços do amor e da paz e aumenta nosso testemunho fiel da tua salvação; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

23/06/2013

Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai

“As Obras de Misericórdia” (c. 1640), David Teniers o Jovem (1610-1690)
Cristo diz que vocês são filhos da graça e da paz, não da raiva e da discórdia, e também são chamados para herdar a bênção. Portanto, você deve também trazer bênção entre as pessoas, em primeiro lugar pela sua pregação e confissão pública e depois também pela sua boa conduta exterior, de modo que quando os incrédulos julgá-lo e condená-lo, tratá-lo sem misericórdia e roubá-lo, você vai ser misericordioso para com eles e não vingar-se, mas ceder e perdoar, e além disso ajudar, amar e abençoá-los, e falar as melhores coisas deles diante de Deus e do mundo, para que eles também possam observar, pela sua boa conduta, que vocês são pessoas piedosas e irrepreensíveis, que não só sofrem o mal, mas também devolvem o bem pelo mal. Assim você vai ter um bom nome entre os descrentes e ser estimado e honrado à minha vista, que sou seu Senhor e Deus.

-- Trecho de homilia do bem-aventurado Martinho Lutero no Quarto Domingo após Trindade

A parábola do cisco no olho

— Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, se você não repara na trave que está no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão. (Jesus, no Evangelho de São Lucas 6.41-42)
"A Parábola do Cisco e o Feixe" (c. 1619), Domenico Fetti (1588–1623)

22/06/2013

A parábola do Cego

E Jesus fez estas comparações: — Um cego não pode guiar outro cego. Se fizer isso, os dois cairão num buraco. (São Lucas 6.39)

"Parábola do Cego" (1568), Pieter Bruegel o Velho (c. 1525-1569)

21/06/2013

Perdoai, e sereis perdoados


Jesus prometeu – devemos estar seguros disso – que tudo nos está remitido e perdoado, todavia, sob a condição de que também perdoemos ao nosso próximo. Pois, assim como diariamente cometemos muitas faltas contra Deus e ele, não obstante, tudo perdoa por graça, assim também nós continuamente devemos perdoar a nosso próximo que nos inflija dano, violência e injustiça, proceda com maligna astúcia contra nós, etc. Agora, se você não perdoa, então não penses que Deus lhe perdoa. Se, porém, você perdoa, então tens o consolo e a certeza de que você é perdoado no céu. Não em vista do teu perdoar – pois Deus o faz inteiramente de graça, porque o prometeu, conforme ensina o Evangelho; mas ele nos põe isso para fortalecimento e segurança, como sinal, a par da promessa, que concorda com esta oração Lucas 6[.37]: “Perdoai, e sereis perdoados”. Razão por que Cristo também a repete logo depois do Pai Nosso, dizendo Mateus 6[.14]: “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará, etc.”

-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Catecismo Maior, OSel 7, 414)

Evangelho Dominical - Quarto Domingo após Trindade

Evangelho segundo S. Lucas 6.36-42

Tenham misericórdia dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
— Não julguem os outros, e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros, e Deus não condenará vocês. Perdoem os outros, e Deus perdoará vocês.
Deem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês.
E Jesus fez estas comparações: — Um cego não pode guiar outro cego. Se fizer isso, os dois cairão num buraco.
Nenhum aluno é mais importante do que o seu professor. Porém, quando tiver terminado os estudos, o aluno ficará igual ao seu professor.
— Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho?
Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, se você não repara na trave que está no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.

Ícone do Sermão do Monte

Quarto Domingo após Trindade

José recebe seu Pai e Irmãos no Egito (1655), de Salomon de Bray (1597-1664)
Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: Gênesis 50.15-21
Salmo: Salmo 138 (antífona v. 8b)
Epístola: Romanos 12.14-21 ou Romanos 8.18-23
Santo Evangelho: São Lucas 6.36-42

A misericórdia de Cristo é nossa para darmos ao próximo

Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai” (S. Lucas 6.36-42). O velho Adão em nós quer condenar e buscar vingança. Mas o Senhor diz: “A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei” (Romanos 12.14-21). Condenar, vingar-se, é colocar-se no lugar de Deus, é deixar de confiar que Ele é justo. Em última análise, é não crer que Jesus sofreu a vingança completa por todas as ofensas. Somente Cristo é misericordioso como o Pai é misericordioso. Ele é o único que superou todo o mal com o bem de sua cruz, perdoando até mesmo seus algozes. Jesus é o nosso José do Egito, que nos conforta com palavras de perdão e reconciliação (Gênesis 50.15-21). Ele é o único que não condena, mas dá vida transbordante. Somente através da fé em Cristo somos filhos do Pai – sendo misericordiosos, perdoando, fazendo o bem aos nossos inimigos. Porque em Cristo, sabemos que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. (Romanos 8.18-23).

ORAÇÃO DO DIA

Concede, ó Senhor, te suplicamos, que o curso deste mundo seja por teu governo tão pacificamente regido, que tua igreja te possa servir com alegria e em piedosa tranquilidade; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

18/06/2013

Cantata Cênica "O Filho Pródigo"

De acordo com o Lecionário Histórico, domingo passado foi o Terceiro Domingo após Trindade. As leituras do Evangelho indicadas são de S. Lucas 15.1–10 (Parábolas da Ovelha Perdida e da Moeda Perdida) ou 15.11–32 (Parábola do Filho Pródigo).

A Cantata Cênica "O Filho Pródigo" é propícia para nossa meditação na misericórdia do Pai Amoroso.



FICHA TÉCNICA:

Cantata Cênica "O Filho Pródigo"
Da obra original de Valdo Weber.

Produção
Pastoral Universitária e Instituto Cultural

Música
Orquestra da ULBRA
Instrumentistas Convidados
Coro Sacro da ULBRA
Dançarina Renata Corrêa

Solistas
Atos Flores (Pai), Jean Regina (Filho pródigo), Alison Staudt (Irmão mais velho)

Arranjos, Produção e Direção Musical - Paulo Brum
Produção e Direção Artística Carlos Weber

Direção Geral
Rev. Maestro Paulo Brum

Gravado em Agosto de 2006, na Capela da Ulbra em Canoas, RS, pela ULBRA TV.

Pai Nosso

Pai nosso, que estás nos céus.
Santificado seja o teu nome.
Venha o teu reino.
Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje.
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
Pois teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre.
Amém.

17/06/2013

No Evangelho Cristo se dá com tanta simpatia com os pecadores

"Parábola da dracma perdida" (1618-22), Domenico Fetti (c. 1589-1623)
Cristo estava repleto de toda a justiça, e poderia mui justamente ter condenado a todos nós como pecadores. Mas ele não fez isso. O que ele fez, então? Ele entregou a si mesmo para ser nosso Servo. Sua justiça serviu pelos nossos pecados, sua retidão pela nossa fraqueza, sua vida pela nossa morte. Isto está ilustrado, para o nosso exemplo, no Evangelho diante de nós, onde ele se dá com tanta simpatia para com os pecadores, causando a murmuração dos fariseus. O Senhor então põe diante deles as seguintes parábolas para ensinar como eles devem receber pecadores e estar a serviço deles, dizendo: “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la, etc. Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas de prata, se perder uma dracma, não acende a candeia e varre a casa, buscando com diligência até encontrá-la?”
-- Homilia do bem-aventurado Martinho Lutero para o Terceiro Domingo após Trindade (S. Lucas 15.1-10), publicado em sua Postila da Igreja de 1523 (The Sermons of Martin Luther IV. Grand Rapids: Baker Book House, p. 63)

Cantatas de J. S. Bach para o Terceiro Domingo após Trindade

Johann Sebastian Bach compôs duas Cantatas para o Terceiro Domingo após Trindade, cujas leituras são da Primeira Epístola de Pedro 5.6-11 e do Evangelho de Lucas 15.1-10 (parábolas da ovelha perdida e da moeda perdida).

  • Ich hatte viel Bekümmernis (Tive muita aflição), BWV 21, foi provavelmente composta em Weimar em 1713, mas executada pela primeira vez após revisão em 17 de junho de 1714. Nova revisão foi feita em  Köthen, em 1720, tendo a sua execução ocorrido até 1722. Outra execução aconteceu em Leipzig, em 13 de junho 1723. A revisão final da cantata também ocorreu em em Leipzig, em 1731.
  • Ach Herr, mich armen Sünder (Oh Senhor, sou um pobe pecador), BWV 135, foi composta em Leipzig e executada pela primeira vez em 25 de Junho 1724.

Abaixo, o texto e tradução e em seguida a execução da

BWV 21 (Ich hatte viel Bekümmernis):

Erster Teil | Primeira Parte

1. Sinfonia

2. Coro

Ich hatte viel Bekümmernis in meinem Herzen;
aber deine Tröstungen erquicken meine Seele.

Tive muita aflição em meu coração;
Porém teus conselhos relaxam minh'alma.

3. Aria

Seufzer, Tränen, Kummer, Not,
Ängstlichs Sehnen, Furcht und Tod
Nagen mein beklemmtes Herz,
Ich empfinde Jammer, Schmerz.

Lamentos, lágrimas, tristeza, miséria,
Ansiedade temerosa, temor e morte
Corroem meu coração oprimido,
Sinto desolação, dor.

4. Recitativo

Wie hast du dich, mein Gott,
In meiner Not,
In meiner Furcht und Zagen
Denn ganz von mir gewandt?
Ach! kennst du nicht dein Kind?
Ach! hörst du nicht das Klagen
Von denen, die dir sind
Mit Bund und Treu verwandt?
Da warest meine Lust
Und bist mir grausam worden;
Ich suche dich an allen Orten,
Ich ruf und schrei dir nach,
Allein mein Weh und Ach!
Scheint itzt, als sei es dir ganz unbewusst.

Como me abandonaste, Deus meu,
Em minha miséria, em meu temor e medo?
Ah! não conheces teu filho?
Ah! não ouves os meus lamentos
daqueles que
com aliança e lealdade
estão a ti unidos?
Tu eras minha alegria
e te fizeste cruel.
te busco em toda parte,
chamo e gemo atrás de ti.
Abandonado a minhas penas e dores!
parece como se te fosse desconhecido.

5. Aria

Bäche von gesalznen Zähren,
Fluten rauschen stets einher.
Sturm und Wellen mich versehren,
Und dies trübsalsvolle Meer
Will mir Geist und Leben schwächen,
Mast und Anker wollen brechen,
Hier versink ich in den Grund,
Dort seh ins der Hölle Schlund.

Rios de lágrimas salgadas,
torrentes sempre correndo
tempestades e ondas me ferem,
e este mar cheio de tribulações
querem debilitar meu espírito e minha vida.
mastro e ancora querem romper-se,
aqui me afundo na terra,
ali contemplo a profundidade do inferno.

6. Coro

Was betrübst du dich, meine Seele,
und bist so unruhig in mir?
Harre auf Gott; denn ich werde ihm noch danken,
dass er meines Angesichtes Hilfe und mein Gott ist.

Que te aflige alma minha
e que te inquieta dentro de mim?
Confia em Deus; Eu o darei graças,
pois Ele é meu Deus e me ajuda.

Zweiter Teil | Segunda Parte

7. Recitativo

Sopran:
Ach Jesu, meine Ruh,
Mein Licht, wo bleibest du?

Soprano (Alma):
Oh Jesus, meu sossego,
minha luz, onde estás?

Bass:
O Seele sieh! Ich bin bei dir

Baixo (Jesus):
Oh alma olhai! Estou aqui junto de ti

Sopran:
Bei mir?
Hier ist ja lauter Nacht.

Soprano (Alma):
Junto de mim?
Aqui a noite está fechada.

Bass:
Ich bin dein treuer Freund,
Der auch im Dunkeln wacht,
Wo lauter Schalken seind.

Baixo (Jesus):
Sou teu amigo fiel,
que também vigia nas trevas,
onde habitam as ruínas.

Sopran:
Brich doch mit deinem Glanz und Licht des Trostes ein.

Soprano (Alma):
Irrompe com teu resplendor e luz consoladora.

Bass:
Die Stunde kömmet schon,
Da deines Kampfes Kron'
Dir wird ein süßes Labsal sein.

Baixo (Jesus):
Se aproxima a hora,
em que a coroa de tua luta
será para ti doce consolo.

8. Aria (Dueto)

Sopran: Komm, mein Jesu, und erquicke,
Soprano: Venha, Jesus meu, e cura,

Bass: Ja, ich komme und erquicke
Baixo: Sim, já chego e te curo.

Sopran: Und erfreu mit deinem Blicke.
Soprano: e alegra com teu olhar,

Bass: Dich mit meinem Gnadenblicker,
Baixo: com meu olhar protetor

Sopran: Diese Seele,
Soprano: esta alma,

Bass: Deine Seele,
Baixo: Tua alma

Sopran: Die soll sterben,
Soprano: que deve morrer

Bass: Die soll leben,
Baixo: que deve viver

Sopran: Und nicht leben
Soprano: e não viver

Bass: Und nicht sterben
Baixo: e não morrer,

Sopran: Und in ihrer Unglückshöhle
Soprano: no abismo da desgraça

Bass: Hier aus dieser wunden Höhle
Baixo: aqui, fora desses abismos de feridas

Sopran: Ganz verderben?
Soprano: e perecer completamente

Bass: Sollst du erben
Baixo: Deves alcançar a salvação

Sopran: Ich muss stets in Kummer schweben,
Soprano: Devo sempre pairar na aflição.

Bass: Heil! durch diesen Saft der Reben,
Baixo: por meio do suco das uvas!

Sopran: Ja, ach ja, ich bin verloren!
Soprano: Sim, Oh sim, estou perdida!

Bass: Nein, ach nein, du bist erkoren!
Baixo: Não, oh não, tu és eleito!

Sopran: Nein, ach nein, du hassest mich!
Soprano: Não, oh não tu me detestas!

Bass: Ja, ach ja, ich liebe dich!
Baixo: Sim, oh sim, eu te quero!

Sopran: Ach, Jesu, durchsüße mir Seele und Herze,
Soprano: Oh, Jesus, adoça meu coração

Bass: Entweichet, ihr Sorgen,
verschwinde, du Schmerze!
Baixo: Ponha fora vossas preocupações,
que desaparecerá a dor!

9. Coro

Sei nun wieder zufrieden, meine Seele,
denn der Herr tut dir Guts.

Alegra-te alma minha, pois o Senhor
te fez o bem.

Tenor:
Was helfen uns die schweren Sorgen,
Was hilft uns unser Weh und Ach?
Was hilft es, dass wir alle Morgen
Beseufzen unser Ungemach?
Wir machen unser Kreuz und Leid
Nur größer durch die Traurigkeit.

Tenor:
Quem nos consola as preocupações,
quem nos consola as aflições e lamentações?
quem nos consola todas as manhãs
suspiremos por nossas desgraças?
unicamente tornamos maior nossa cruz e sofrimento.

Sopran:
Denk nicht in deiner Drangsalshitze,
Dass du von Gott verlassen seist,
Und dass Gott der im Schoße sitze,
Der sich mit stetem Glücke speist.
Die folgend Zeit verändert viel
Und setzet jeglichem sein Ziel.

Soprano:
Não penses no ardor de teu tormento
porque fostes abandonados por Deus.
Aquele que Deus sente em seu peito,
esse se alimenta de constante felicidade.
No tempo que transcorre as coisas mudam
e dispõe a cada um o seu destino.

10. Aria

Erfreue dich, Seele, erfreue dich, Herze,
Entweiche nun, Kummer, verschwinde, du Schmerze!
Verwandle dich, Weinen, in lauteren Wein,
Es wird nun mein Ächzen ein Jauchzen mir sein!
Es brennet und sammet die reineste Kerze
Der Liebe, des Trostes in Seele und Brust,
Weil Jesus mich tröstet mit himmlischer Lust.

Alegra-te alma, alegra-te coração,
foge agora, a aflição, desaparece a dor!
Lamentação, transforma-te em vinho puro!
Minha lamentação será agora um grito de júbilo!
Se queima e arde a vela mais pura de amor e consolo
Na alma e no peito,
Porque Jesus me conforta com alegria celestial.

11. Coro

Das Lamm, das erwürget ist, ist würdig zu nehmen
Kraft und Reichtum und Weisheit und Stärke
und Ehre und Preis und Lob.
Lob und Ehre und Preis und Gewalt
sei unserm Gott von Ewigkeit zu Ewigkeit.
Amen, Alleluja!

O Cordeiro degolado, é digno de receber
o poder, a riqueza, a sabedoria,
a força e a honra, o louvor e adoração.
Adoração, honra, louvor, e domínio
Sejam para nosso Deus pelos séculos dos séculos
Amem, Aleluia!

Tradução: Léo Perin
Fonte: Cantatas de Bach




Execução da BWV 135 (Ach Herr, mich armen Sünder):



Nossa fé deve agarrar-se a Cristo

“Em primeiro lugar, a nossa fé deve agarrar-se a Cristo como Deus e homem, nessa natureza pela qual Ele tem sido nosso próximo, parente, irmão.”

-- Bem-aventurado Martin Chemnitz (1522-1586), teólogo, pastor e confessor


15/06/2013

Fortalece a minha alma

Assim como o publicano eu suspiro, assim como a prostituta eu derramo lágrimas, assim como o ladrão eu clamo, assim como o filho pródigo eu te suplico. Ó Cristo, meu Salvador e amante da humanidade, fortalece a minha alma, que tem crescido fraca, que foi paralisada com a intoxicação dos deleites; cura as suas cicatrizes e lava esta alma, enegrecida com o pecado, com teu honroso sangue!

-- Santo Efrém da Síria (c. 306-373), compositor de hinos e teólogo (A spiritual psalter, or Reflections on God: arranged in the manner of the Psalms of David. St. John of Kronstadt Press, 2004. p. 9)


Inunda-me com a tua compaixão

Inunda-me com a tua compaixão como ao filho pródigo, pois eu tenho feito uma vergonha da minha vida e desperdiçado a riqueza da tua graça. Tem piedade de mim e não me desprezes, devido à depravação da minha vida. Tem piedade de mim, como tu tiveste piedade da prostituta e do publicano. Tem compaixão por mim como tu tiveste compaixão pelo ladrão, que na terra foi rejeitado por todos, mas tu o aceitaste e o tornaste um habitante do doce paraíso.

-- Santo Efrém da Síria (c. 306-373), compositor de hinos e teólogo (A spiritual psalter, or Reflections on God: arranged in the manner of the Psalms of David. St. John of Kronstadt Press, 2004. p. 119)

14/06/2013

Regressarei à casa de meu Pai


Regressarei à casa de meu Pai, como o Filho Pródigo (São Lucas 15.18), e serei acolhido. Tal qual ele fez, assim farei eu: corresponderá o Pai aos meus desejos? [...] Pois estou como morto pelo pecado, como de uma doença. Resgata-me desta ruína, e possa eu louvar o Teu nome! Senhor da terra e do céu, peço-Te: ajuda-me e mostra-me o caminho para chegar a Ti! Leva-me à Tua presença, Filho do Magnânimo, e atinge assim o cume da Tua misericórdia! Irei a Ti e saciar-me-ei com a Tua alegria. Nesta hora de profundo cansaço mói para mim o fermento da vida!
Parti à Tua procura e o Maligno estava à espreita, como salteador (São Lucas 10.30). Atou-me e atolou-me nos prazeres deste mundo perdido; encarcerou-me nos seus deleites e depois deu-me com a porta na cara. Não há ninguém que me liberte para que eu parta de novo à Tua procura, ó meu Senhor! [...] Só quero ser Teu, Senhor, e caminhar contigo! Medito nos Teus mandamentos dia e noite (Salmo 1.2). Sê-me propício e acolhe o meu lamento, ó Misericordioso! Não me cortes a esperança, Senhor, porque sou Teu servo e espero em Ti!

-- São Tiago de Sarug (c. 449-521), monge e bispo sírio, Poema

Imagem: "Retorno do Filho Prodigo" (1667-1670), Bartolomé Esteban Perez Murillo (1618-1682)

Irei ter com meu pai


Se a conduta deste jovem nos desagrada, aquilo que nos causa horror é a sua partida: no nosso caso, não nos afastemos nunca de um pai destes! A simples visão do pai faz fugir os pecados, expulsa o erro, exclui qualquer má conduta e qualquer tentação. Mas, no caso de termos partido, de termos esbanjado toda a herança do pai numa vida desregrada, de nos ter acontecido cometer qualquer erro ou má ação, de termos caído no abismo da blasfêmia, levantemo-nos e regressemos para junto de um pai tão bom, convidados por exemplo tão belo.
“O pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.” Pergunto-vos: haverá lugar para o desespero? Haverá pretexto para desculpas? Falsas razões para receios? A menos que se receie o encontro com o pai, que se receiem os seus beijos e os seus abraços; a menos que se julgue que o pai quer tomar para recuperar, em lugar de receber para perdoar, quando pega no filho pela mão, o toma nos abraços e o aperta contra o coração. Mas este pensamento, que esmaga a vida, que se opõe à nossa salvação, é amplamente vencido, amplamente aniquilado pelo seguinte: “O pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’” Após termos ouvido isto, poderemos ainda demorar-nos? Que esperamos para regressar para junto do pai?

-- S. Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, homilia sobre o perdão, 2, 3 (a partir da trad. breviário)

Imagem: "O Filho Pródigo como criador de porcos", Escola Flamenca (séc. XVII)

Estava perdido e foi achado

“Alegrai-vos comigo, pois teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado.” (S. Lucas 15.32)


Imagem: "O Retorno do Filho Pródigo" (1670), Jan Steen (1626-1679)

A Igreja abraça todos os filhos pródigos

“A Igreja, corpo místico do Ressuscitado, abraça todos os filhos pródigos que voltam à casa paterna, oferecendo-lhes a roupa nova da reconciliação, o anel da filiação e a dignidade de sentar-se à mesa do Cordeiro.” 

-- Santo Agostinho de Hipona (354-430), pastor e teólogo.

A misericórdia divina

Na Parábola do Filho Pródigo, Deus se mostra um Pai amoroso, cuja misericórdia é infinitamente imensa e não pode ser comparada à misericórdia humana, conforme atesta João Crisóstomo:

Bem-aventurados os misericordiosos.” [Mt 5,7]

Jesus parece falar não só daqueles que exercem misericórdia ao dar dinheiro, mas também daqueles que são misericordiosos em suas ações. Pois são numerosas as maneiras de demonstrar misericórdia e este mandamento é abrangente. Qual é então a recompensa disso?

"Porque eles alcançarão misericórdia." [Mt 5,7]

Isso até parece ser uma espécie de igualdade de recompensa, mas vai muito além do ato de bondade. Enquanto os homens exercem misericórdia como homens, eles alcançam copiosa misericórdia do Deus de todos os homens. A misericórdia do homem e a misericórdia de Deus não são a mesma coisa. São tão distantes um do outro quanto a grande distância entre a maldade e a bondade.

- São João Crisóstomo (347-407), pastor e teólogo (Homilia 15 sobre S. Mateus - Homilia VX in Matthaeum, PG 57,227)

Fonte: The Homilies of S. John Chrysostom, Archbishop of Constantinople on the Gospel of St. Matthew: Part I. Hom. I - XXV. Londres: Walter Smith, 1885. p. 204-205.

Ícone maronita (O Filho Pródigo)

Pela fé, receber a cura e entrar na verdadeira vida

Naamã era sírio, tinha lepra e ninguém conseguia purificá-lo da doença. [...] Foi a Israel e Eliseu ordenou-lhe que se banhasse sete vezes no Jordão. Então Naamã pensou que os rios da sua pátria tinham águas melhores, nas quais ele se tinha banhado muitas vezes sem ter sido purificado da lepra. [...] Mas acabou por se banhar e, imediatamente purificado, compreendeu que a purificação não vem das águas, mas da graça. [...]
Foi por isso que [no dia do teu batismo] te disseram: não creias apenas naquilo que vês, porque poderias dizer, também tu, como Naamã. É esse o grande mistério que “nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem” (1 Co 2. 9)? Vejo água, como sempre vi! Terá esta água o poder de me purificar, quando tantas vezes me banhei nela sem ser purificado? Aprende que a água não purifica sem o Espírito.
E foi por isso que leste que, no batismo, “três são os que testificam: o Espírito, a água e o sangue” (1 Jo 5.7-8). É que, se retirares um que seja, o sacramento do batismo desaparece. Com efeito, o que é a água sem a cruz de Cristo? É um vulgar elemento, sem qualquer alcance sacramental. E, da mesma maneira, sem água não há mistério do novo nascimento, porque “quem não nascer da água e do espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). O catecúmeno acredita na cruz do Senhor Jesus, cujo sinal recebeu; mas, se não tiver sido batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não pode receber o perdão dos seus pecados, nem acolher o dom da graça espiritual.
O sírio Naamã mergulhou sete vezes, segundo a Lei; tu, porém, foste batizado em nome da Trindade. Tu confessaste a tua fé no Pai, confessaste a tua fé no Filho, confessaste a tua fé no Espírito Santo. Recorda a sucessão destes fatos. Nesta fé, morreste para o mundo, ressuscitaste para Deus.

-- Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja (Os Mistérios, 16-21)

Imagem: Cura de Naamã no rio Jordão – Placa de um altar-retábulo (British Museum, c. 1150)

O milagre na sepultura do Profeta Eliseu (2 Reis 13.20-21)

“O Milagre na sepultura de Eliseu” (1596), de Jan Nagel (c. 1560–1602)
2 Reis - Capítulo 13


20 Morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, bandos dos moabitas costumavam invadir a terra, à entrada do ano.
21 Sucedeu que, enquanto alguns enterravam um homem, eis que viram um bando; então, lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, logo que o cadáver tocou os ossos de Eliseu, reviveu o homem e se levantou sobre os pés.

Bíblia Sagrada - Versão Almeida Revista e Atualizada (SBB)

O Profeta Eliseu faz flutuar um machado (2 Reis 6.1-7)

O profeta Eliseu faz o machado de ferro flutuar - Ferdinand Ruscheweyh (1785-1846)
2 Reis - Capítulo 6

1 Disseram os discípulos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos contigo é estreito demais para nós.
2 Vamos, pois, até ao Jordão, tomemos de lá, cada um de nós uma viga, e construamos um lugar em que habitemos. Respondeu ele: Ide.
3 Disse um: Serve-te de ires com os teus servos. Ele tornou: Eu irei.
4 E foi com eles. Chegados ao Jordão, cortaram madeira.
5 Sucedeu que, enquanto um deles derribava um tronco, o machado caiu na água; ele gritou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado.
6 Perguntou o homem de Deus: Onde caiu? Mostrou-lhe ele o lugar. Então, Eliseu cortou um pau, e lançou-o ali, e fez flutuar o ferro, 7 e disse: Levanta-o. Estendeu ele a mão e o tomou.

Bíblia Sagrada - Versão Almeida Revista e Atualizada (SBB)