30/09/2013

A primeira edição do Novo Testamento de Almeida de 1681

A primeira edição da Bíblia por João Ferreira de Almeida (1628-1691) contendo o Novo Testamento saiu da gráfica em 1681.

O título era este: O NOVO TESTAMENTO : isto he todos os Sacro Sanctos Livros e Escritos Evangelicos e Apoftolicos do Novo Concerto de noßo Fiel Senhor Salvador e Redemptor Iesu Christo, Agora traduzido em Portugues pelo Padre Joaõ Ferreira A D’Almeida Miniftro Pregador do Sancto Evangelho. Com todas as Licenças neceffarias.

Lendo alguns versículos clássicos do capítulo 1º do Evangelho de São João, podemos ter uma ideia da bênção que são as constantes revisões e novas traduções do texto bíblico, com o intuito de acompanhar a dinâmica da língua e melhor servir o povo de Deus:

O SANCTO EUANGELHO
De noffo Senhor
JESU CHRISTO SEGUNDO S. JOAÕ.

CAPÍTULO I

1 No principio era a Palavra, e a Palavra eftava junto de Deus, e a Palavra era Deus. 
2 Efta eftava no principio junto de Deus. 
3 Por efta foraõ feitas todas as coufas; e fem ella fe não fez coufa nenhuã do que eftá feito. 
4 Nella eftava a vida, e a vida era a luz dos homes. 
5 E a luz nas trevas refplandece: Porem as trevas não a comprehendéraõ.

Para ver a íntegra da primeira edição do Novo Testamento de Almeida de 1681, acesse o link da Biblioteca Nacional de Portugalhttp://purl.pt/12730/5

São Jerônimo, Tradutor das Sagradas Escrituras

“São Jerônimo em seu estudo” (1480), Domenico Ghirlandaio (1449-1494)

São Jerônimo, comemorado em 30 de setembro, com ação de graças pelas Sagradas Escrituras e suas diversas traduções. Martin Chemnitz (1522-1586), o Segundo Martinho, escreve sobre ele::
A genialidade de Jerônimo foi muitíssimo marcante. Sua obra ímpar lhe confere direito a louvor eterno, porque traduziu a Bíblia a partir de suas línguas originais [...] E por ser também um homem de muita leitura, muitas perguntas difíceis foram sabiamente explicadas por ele. Assim, nesta área e, especialmente, em seus comentários, ele é valioso e digno de ser lido.” (Loci I:32).
Nos Símbolos Luteranos, São Jerônimo é citado pelo seu testemunho do ensino bíblico de que não há distinção divina entre um bispo e um sacerdote (Tractatus 61-64), visto que nas Sagradas Escrituras os termos são intercambiáveis.

Nova Tradução na Linguagem de Hoje: 40 anos de história

Conheça a história da Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que completa 40 anos, proporcionando uma linguagem mais acessível do texto bíblico à população brasileira.
A realização dessas traduções foi embasada no conceito denominado de equivalência funcional ou dinâmica, desenvolvido pelo linguista da Sociedade Bíblica Americana, Eugene Nida, que encontra precursor em São Jerônimo e Martinho Lutero, no qual as palavras não precisam ser traduzidas literalmente. Este princípio de tradução busca que o leitor de hoje compreenda o texto bíblico como foi compreendido pelos leitores originais.

São Jerônimo: o poder eclesiástico

Rito de ordenação de um pastor na Redeemer Lutheran Church (Fort Wayne, EUA).
As Confissões Luteranas mencionam o testemunho de São Jerônimo a respeito do poder eclesiástico:

“Jerônimo ensina abertamente que nas cartas apostólicas todos os que presidem às igrejas são tanto bispos como presbíteros, e cita de Tito: “Por esta causa te deixei em Creta, para que constituas presbíteros nas cidades”. [...] E então acrescenta: “Mas que depois foi escolhido um para ser posto sobre os demais, isso foi feito como remédio contra cisma, a fim de não acontecer que, com cada qual atraindo para si, a igreja de Cristo se despedaçasse. Pois também em Alexandria, desde Marcos evangelista até o tempo dos bispos Esdras e Dionísio, os presbíteros sempre elegiam um dentre eles e o colocavam em lugar mais elevado, chamando-o bispo. Assim como um exército estabelece um comandante para si, os diáconos, por sua vez, elejam dentre eles um do qual saibam que é ativo e o nomeiem arcediácono. Pois, excetuada a ordenação, que faz o bispo que o presbítero não faça?” [Epístola a Evágrio]. Ensina, portanto, Jerônimo que os graus de bispo e presbítero ou pastor são distintos por autoridade humana. [...] Onde quer que esteja a igreja, aí existe o direito de administrar o evangelho. Razão por que é necessário que a igreja retenha o direito de chamar, eleger e ordenar ministros.” (Tractatus de potestate papae 60-67)

Nossa justiça consiste na misericórdia de Deus

“São Jerônimo” (1632), Jacques Blanchard (1600-1638)
Hoje, a Igreja Luterana comemora e rende graças a Deus pela vida e obra de São Jerônimo. Contado entre os quatro grandes doutores da Igreja do Ocidente (com Agostinho, Ambrósio e Gregório), ele foi o único deles que não era bispo.

Os Símbolos Luteranos citam Jerônimo em vários momentos, mas é especial a referência, no artigo IV:173 da Confissão de Augsburgo, da citação de Jerônimo no seu Diálogo contra os Pelagianos I, 5:

“Por conseguinte, somos justificados quando nos confessamos pecadores, e nossa justiça consiste na misericórdia de Deus, não em mérito próprio.”

História da Bíblia e suas traduções

Prólogo do Evangelho de São João, a partir da Vulgata Clementina
Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial das Escrituras.
Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos, e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na língua de pessoas comuns ("vulgus"). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.

Leia mais sobre a história da Bíblia no site da SBB: http://sbb.org.br/interna.asp?areaID=40

Comemoração de São Jerônimo, Tradutor da Sagrada Escritura – 30 de setembro

“São Jerônimo como um acadêmico” (1600-14), El Greco (1541-1614)
Jerônimo nasceu em uma pequena aldeia do Mar Adriático, por volta do ano 345 d. C. Ainda jovem, foi estudar em Roma, onde foi batizado. Depois de extensas viagens, escolheu a vida de monge e passou cinco anos no deserto sírio. Lá, aprendeu hebraico, a língua do Antigo Testamento. Após sua ordenação em Antioquia e visitas a Roma e Constantinopla, Jerônimo estabeleceu-se em Belém. Usou sua habilidade com idiomas, para traduzir a Bíblia a partir do original em hebraico, aramaico e grego, para o latim, a língua comum do seu tempo. Essa tradução, chamada de Vulgata, foi a versão oficial da Bíblia na Igreja ocidental em todo o mundo por mais de mil anos. Considerado um dos grandes estudiosos da Igreja Primitiva, Jerônimo morreu no dia 30 de setembro de 420. Ele foi inicialmente sepultado em Belém, mas seus restos mortais foram oportunamente levados para Roma.

LEITURAS:

† Salmo 19.7-11(12-14) ou 119.97-104 
† 2 Timóteo 3.14-17 
† São Lucas 24.44-48

ORAMOS:

† Pela obra das Sociedades Bíblicas Unidas e 146 Sociedades Bíblicas nacionais que cooperam na tradução e distribuição das Escrituras Sagradas em mais de 200 países e territórios.
† Pelos biblistas, exegetas, tradutores e consultores de tradução da Bíblia.
† Pelo trabalho de revisão da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, Deus da verdade, a tua Palavra é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Tu deste a teu servo Jerônimo alegria no estudo da tua Sagrada Escritura. Permite aos que continuam a ler, anotar, aprender e meditar a tua Palavra no coração, encontrar nela o alimento da salvação e o manancial da vida; através de Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2009. p. 771)

29/09/2013

A tua igreja, ó Deus

“Elias e o Anjo” (1672), Godfrey Kneller (1646-1723)
Um belo hino (Hinário Luterano, # 506) de Martinho Lutero Hasse para este dia de São Miguel e Todos os Anjos.

1. A tua igreja, ó Deus,
tu sempre protegias,
enviando os anjos teus.
Assim a defendias
dos que, por ódio a ti,
queriam impedir
tua obra santa aqui
e as almas destruir.

2. Também agora estão,
ó Deus, ao nosso lado
teus anjos que nos vão
guiando com cuidado.
Não os podemos ver,
mas cremos que eles vêm
e cheios de poder,
protegem os que creem.

3. Conserva, ó bom Senhor,
em nossa companhia
teu anjo protetor.
A nossa vida guia
em segurança e paz
até nos sobrevir
o dia que nos traz
a glória do provir.

Martinho Lutero Hasse (1919-2004). Mel. O GOTT, DU FROMMER GOTT, 1675 em “Neuvermehrtes Gesangbuch”, Meiningen, 1693.

Os amados anjos servem e cuidam dos pequeninos


“Quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe.” Em outras palavras: Quem é responsável por uma criança, física e espiritualmente, a educa corretamente para que ela aprenda a conhecer a Deus, aprenda a não amaldiçoar, jurar ou roubar; Para este eu digo que está me recebendo pessoalmente, está me amando como se estivesse carregando a mim, filho de Maria, nos braços e tomando conta de mim, assim como minha mãe, Maria tomou conta de mim. Isto é pregado sempre tão docemente e atraindo-nos sempre de forma tão cativante.
Mas por que o Senhor faz isso? Apenas pela razão de que ele entende muito bem quão ávidos os jovens são para ouvir coisas obscenas e quão facilmente eles são corrompidos. Além disso, más bocas são perfeitas em auxiliar nisso e – que clamores subam a Deus no céu! - agora encontramos meninos e meninas, de dez e doze anos de idade, que são capazes de amaldiçoar e usar palavrões sobre injúrias, distúrbios físicos, depravações e tem falta de vergonha e são vulgares no modo de falar. De quem eles aprendem isso? De mais ninguém, senão daqueles que deveriam refreá-los, de pai e mãe e de vergonhosos, péssimos criados. Os jovens vieram a saber tais coisas tão rapidamente e prestam mais atenção a elas do que à oração do Pai Nosso. Isto tem as suas raízes na velha, incendiária do mal, nossa natureza pecaminosa, que gruda em nós. É por isso que Cristo prega aqui de modo tão convincente e adverte tão ternamente para cuidar dos jovens, dizendo: Quando você educa um destes pequeninos, quando eles são criados no temor e no conhecimento de Deus, na piedade e modéstia, então você me tem feito o maior serviço. Eu tenho designado meus nobres servos, os amados anjos, para servir cuidar destes pequeninos. Lembre-se disso e faça o mesmo, não os ofenda, não os deixe ouvir maldades, e ajude-os de bom grado.

- Bem-aventurado Martinho Lutero, Hauspostille sobre São Mateus 18.1-10 (Evangelho para o Dia de São Miguel e Todos os Anjos)

Evangelho do Dia – Festa de São Miguel e Todos os Anjos

“Anjo da Guarda protegendo uma criança do Império do Demônio” (1615-18), Domenico Fetti (1589-1623)

Evangelho segundo S. Mateus 18.1-11

18.1   Naquele momento os discípulos chegaram perto de Jesus e perguntaram: — Quem é o mais importante no Reino do Céu?
18.2   Jesus chamou uma criança, colocou-a na frente deles
18.3   e disse: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês não mudarem de vida e não ficarem iguais às crianças, nunca entrarão no Reino do Céu.
18.4   A pessoa mais importante no Reino do Céu é aquela que se humilha e fica igual a esta criança.
18.5   E aquele que, por ser meu seguidor, receber uma criança como esta estará recebendo a mim.
18.6   — Quanto a estes pequeninos que creem em mim, se alguém for culpado de um deles me abandonar, seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada no lugar mais fundo do mar, com uma pedra grande amarrada no pescoço.
18.7   Ai do mundo por causa das coisas que fazem com que as pessoas me abandonem! Essas coisas têm de acontecer, mas ai do culpado!
18.8   — Se uma das suas mãos ou um dos seus pés faz com que você peque, corte-o e jogue fora! Pois é melhor você entrar na vida eterna sem uma das mãos ou sem um dos pés do que ter as duas mãos e os dois pés e ser jogado no fogo eterno.
18.9   Se um dos seus olhos faz com que você peque, arranque-o e jogue fora! Pois é melhor você entrar na vida eterna com um olho só do que ter os dois e ser jogado no fogo do inferno.
18.10   — Cuidado, não desprezem nenhum destes pequeninos! Eu afirmo a vocês que os anjos deles estão sempre na presença do meu Pai, que está no céu.
18.11   [Porque o Filho do Homem veio salvar quem está perdido.]

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Festa de São Miguel e Todos os Anjos – 29 de setembro

"São Miguel Arcanjo” (1697), Johann Michael Rottmayr (1654–1730)

O nome do arcanjo São Miguel significa “Quem é como Deus?” Miguel é mencionado no livro de Daniel (12.1), bem como em Judas (v. 9) e Apocalipse (12.7). Daniel retrata Miguel como o ajudador angelical de Israel que lidera a batalha contra as forças do mal. Em Apocalipse, Miguel e seus anjos combatem e derrotam Satanás e os anjos maus, lançando-os do céu. Sua vitória é possível graças a vitória de Cristo sobre Satanás na Sua morte e ressurreição, a vitória anunciada pela voz no céu: “Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (Apocalipse 12.10). Miguel é frequentemente associado com Gabriel e Rafael, os outros anjos principais ou arcanjos que circundam a trono de Deus. A tradição nomeia Miguel como o patrono e protetor da Igreja, especialmente como o protetor dos cristãos na hora da morte.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Daniel 10.10-14; Daniel 12.1-3
Salmo: Salmo 91 (antífona vers. 11 )
Epístola: Apocalipse 12.7-12
Santo Evangelho: São Mateus 18.1-11

ORAÇÃO DO DIA:

Deus eterno, tu ordenaste e constituíste o serviço dos anjos e dos homens numa ordem maravilhosa. Concede misericordiosamente que, assim como seus santos anjos sempre servem e adoram a ti no céu, igualmente, por sua ordem eles também possam ajudar e nos defender aqui na terra; através de teu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 768)

28/09/2013

Concerto Celebrativo em Praga

Na noite de 27 de setembro aconteceu um Concerto de Louvor na Igreja Luterana São Miguel Arcanjo, em Praga, República Tcheca. O concerto, com canções de Charpentier, Bach, Vivaldi, Clarke, Dvorak, Brahms, Loeiller, Mozart e Handel, foi em comemoração do 20 º aniversário da Igreja Evangélica da Confissão de Augsburgo, na República Checa. A Igreja São Miguel na República Checa afiliou-se a Igreja Luterana há centenas de anos. As colunas do templo remontam ao ano 800 ou 900 d. C.

A congregação luterana em Praga tem um legado histórico em concertos de música. Em 1922, Albert Schweitzer realizou um concerto de órgão na Igreja São Miguel.

No domingo, Festa de São Miguel e Todos os Anjos, um culto festivo será realizada para comemorar os 20 anos da Igreja Evangélica da Confissão de Augsburgo na República Checa.

No link você poderá ouvir a gravação deste belíssimo concerto. De acordo com o Rev. Dr. Albert Collver, a peça de Dvorak “Hospodin jest mûj pastyr” (O Senhor é meu pastor) levou muitos dos presentes às lágrimas.

As colunas históricas da igreja


A Igreja m 1587.

Evangelho Dominical - Décimo Oitavo Domingo após Trindade

 “Cristo disputando com os Fariseus”, Jacob Jordaens (1593-1678)
Evangelho segundo S. Mateus 22.34–46

22.34   Os fariseus se reuniram quando souberam que Jesus tinha feito os saduceus calarem a boca.
22.35   E um deles, que era mestre da Lei, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, perguntou:
22.36   — Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei?
22.37   Jesus respondeu: — “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.”
22.38   Este é o maior mandamento e o mais importante.
22.39   E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo.”
22.40   Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos.
22.41   Quando os fariseus estavam reunidos, Jesus perguntou a eles:
22.42   — O que vocês pensam sobre o Messias? De quem ele é descendente? — De Davi! — responderam eles.
22.43   Jesus tornou a perguntar: — Então, por que é que Davi, inspirado pelo Espírito Santo, chama o Messias de Senhor? Pois Davi disse:
22.44   “O Senhor Deus disse ao meu Senhor: ‘Sente-se do meu lado direito, até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés.’ ”
22.45   Portanto, se Davi chama o Messias de Senhor, como é que o Messias pode ser descendente de Davi?
22.46   Ninguém podia responder mais nada, e daquele dia em diante não tiveram coragem de lhe fazer mais perguntas.

Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Décimo Oitavo Domingo após Trindade – 29 de setembro de 2013

“Cristo e os fariseus”, Ernst Karl Georg Zimmermann (1852–1901)

Na vida e morte, Cristo cumpre a Lei de Deus

Os fariseus fazer uma pergunta Legalista. Jesus faz uma pergunta Evangélica. Os fariseus procuram testar Jesus em suas próprias palavras. Jesus procura “testar” a eles na realidade salvífica de que Ele é o Messias (S. Mateus 22.34-46). A Lei requer que “temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma” e “ame o estrangeiro” (Deuteronômio 10.12-21). Falhar em guardar a Lei perfeitamente traz juízo. Por outro lado, o Evangelho traz a graça de Deus dada por Jesus Cristo, para serdes irrepreensíveis no dia de seu retorno (1 Coríntios 1.1-9). Jesus é o Filho de Davi, porém o Senhor de Davi, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele é o Amor encarnado que cumpriu todas as exigências da Lei de Deus em nosso nome, para que pudéssemos ser salvos da condenação da Lei e santificados no perdão do Evangelho. Assim, vemos que “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1.9).

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: Deuteronômio 10.12–21
Salmo: Salmo 34.8–22 (antífona. v. 19)
Epístola: 1 Coríntios 1.(1–3) 4–9
Santo Evangelho: S. Mateus 22.34–46

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, visto que sem ti não te podemos agradar, concede, misericordioso, que teu Santo Espírito dirija e governe os nossos corações em todas as coisas; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim. Amém.

27/09/2013

Herr Gott, dich loben alle wir, BWV 130

Johann Sebastian Bach compôs a cantata Herr Gott, dich loben alle wir (Senhor Deus, nós te louvamos), BWV 130, para a Festa de São Miguel e Todos os Anjos de 29 de setembro 1724, em Leipzig. A cantata é baseada no hino de doze estrofes de Paul Eber (1554 ), que é uma paráfrase do hino em latim “Dicimus grates tibi” de Philipp Melanchton.

As leituras previstas para este dia festivo eram de Apocalipse 12.7-12 (Miguel lutando contra o dragão) e do Evangelho de Mateus 18.1-11 (O céu pertence aos pequeninos, os anjos veem a face de Deus), mas não estão necessariamente explícitos no texto da cantata.

A cantata louva e agradece a Deus pela criação dos anjos. O movimento 3 faz menção de Satanás como o “alter Drachen” (velho dragão) e a luta de Miguel. O movimento 4 mostra exemplos de proteção dos anjos na Bíblia, como no caso de Daniel (Dn 6.23) e dos três jovens na fornalha ardente (Dn 3). O texto continua com a oração pela proteção dos anjos, bem como a menção de Elias sendo levado ao céu (2 Rs 2.11 ) e concluiu com louvor, ação de graças e pedido de proteção.



Herr Gott, dich loben alle wir (BWV 130)

1. Coro
Tromba I-III, Tamburi, Oboe I-III, Violino I/II, Viola, Continuo

Herr Gott, dich loben alle wir
Und sollen billig danken dir
Für dein Geschöpf der Engel schon,
Die um dich schwebn um deinen Thron.

2. Recitativo A
Continuo

 Ihr heller Glanz und hohe Weisheit zeigt,
Wie Gott sich zu uns Menschen neigt,
Der solche Helden, solche Waffen
Vor uns geschaffen.
Sie ruhen ihm zu Ehren nicht;
Ihr ganzer Fleiß ist nur dahin gericht',
Dass sie, Herr Christe, um dich sein
Und um dein armes Häufelein:
Wie nötig ist doch diese Wacht
Bei Satans Grimm und Macht?

3. Aria B
Tromba I-III, Tamburi, Continuo

 Der alte Drache brennt vor Neid
Und dichtet stets auf neues Leid,
Dass er das kleine Häuflein trennet.
    Er tilgte gern, was Gottes ist,
    Bald braucht er List,
    Weil er nicht Rast noch Ruhe kennet.

4. Recitativo (Duetto) S T
Violino I/II, Viola, Continuo

 Wohl aber uns, dass Tag und Nacht
Die Schar der Engel wacht,
Des Satans Anschlag zu zerstören!
Ein Daniel, so unter Löwen sitzt,
Erfährt, wie ihn die Hand des Engels schützt.
Wenn dort die Glut
In Babels Ofen keinen Schaden tut,
So lassen Gläubige ein Danklied hören,
So stellt sich in Gefahr
Noch itzt der Engel Hülfe dar.

5. Aria T
Flauto traverso, Continuo

 Lass, o Fürst der Cherubinen,
Dieser Helden hohe Schar Immerdar
Deine Gläubigen bedienen;
    Dass sie auf Elias Wagen
    Sie zu dir gen Himmel tragen.

6. Choral
Tromba I-III, Tamburi, Oboe I e Violino I col Soprano, Oboe II e Violino II coll' Alto, Oboe III e Viola col Tenore, Continuo

 Darum wir billig loben dich
Und danken dir, Gott, ewiglich,
Wie auch der lieben Engel Schar
Dich preisen heut und immerdar.
Und bitten dich, wollst allezeit
Dieselben heißen sein bereit,
Zu schützen deine kleine Herd,
So hält dein göttlichs Wort in Wert.

Fonte: The Bach Cantatas

Os príncipes do céu estão conosco

"Anunciação aos Pastores", Irmãos Limbourg em Les très riches heures du duc de Berry (entre 1412 e 1416)
29 de setembro - São Miguel e Todos os Anjos

“E assim nós, que cremos, precisamos ter a certeza de que os príncipes do céu estão conosco, não um ou dois, mas uma grande multidão deles, como está registrado em Lucas, que as milícias celestiais estavam com os pastores (Lc 2.13). Mas se ficarmos sem essa proteção e o Senhor não conter a fúria de Satanás desta forma, não permaneceremos vivos por um único momento... Por isso os anjos bons estão ocupados, a fim de que o inimigo feroz não possa nos infligir danos.”

-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, em sua Preleção sobre Gênesis (Luther’s Works, American Edition, volume 3, p. 270)

26/09/2013

Senhor, cantamos teu louvor

No dia 29 de setembro a Igreja Cristã festeja São Miguel e Todos os Anjos. Este ano a data festiva cai num domingo, uma oportunidade ímpar para luteranos refletirem em seus cultos sobre as bênçãos de Deus na forma de seus anjos, que Lhe servem ao servirem seus "pequeninos", isto é, todos os crentes em nosso Senhor Jesus Cristo.

“São Miguel e Outros Anjos” (c. 1408-10), Spinello Aretino (1345-52-1410)
Philipp Melanchthon, colega de Lutero em Wittenberg, escreveu um hino que louva a Deus por seus santos anjos. É o hino 511 do Hinário Luterano: “Senhor, cantamos teu louvor”.

1. Senhor, cantamos teu louvor, 
por seres tu o Criador 
dos santos anjos celestiais, 
ministros puros e leais. 

2.Circundam em brilhante luz 
o santo trono de Jesus, 
atentos à revelação 
do autor da eterna salvação. 

3.Constantemente a vigiar, 
sem nunca, nunca descansar, 
vêm proteger os que na luz 
andarem com o bom Jesus. 

4.Enviando desde os altos céus 
os anjos em socorro aos seus, 
assim preserva o Deus fiel 
seu povo eleito de Israel. 

5.Cantamos, com a santa grei, 
louvor e glória a ti, ó Rei, 
com voz sonora a proclamar 
a tua graça, sem cessar. 

O hino em latim “Dicimus grates tibi, summe rerum”, escrito por Philipp Melanchthon (1497-1560) para o dia de São Miguel e Todos os Anjos, apareceu primeiramente em 10 estrofes no De Angelis Duo Hymni (Wittenberg, Alemanha: 1534). Depois Wackernngel deu-lhe as 11 estrofes, como segue:




1. Dicimus grates tibi, summe rerum
Conditor, gnato tua quod ministros
flammeos finxit manus angelorum 
agmina pura.

2. Qui tuae lucis radiis vibrantes
te vident laetis oculis, tuasque
hauriunt voces, sapientiaeque 
fonte fruuntur.

3. Nos non ignavum finis esse vulgus,
nec per ingentes volitare frustra
aetheris tractus, temere nec inter 
ludere ventos.

4. Sed iubes Christo comites adesse
et pios caetus hominum tueri,
qui tuas leges venerantur, atque 
discere curant.

5. Impiis ardens odiis et ira
nam tuis castris draco semper infert 
bella, qui primis scelus atque mortem 
intulit orbi.

6. Hic domos, urbes, tua templa, gentes
et tuae legis monumenta tota
et bonos mores abolere tentat 
funditus omnes.

7. Interim sed nos regit angelorum,
quae ducem Christum sequitur, caterva,
atque grassantis reprimit cruenta 
arma draconis.

8. Angeli Lothon Sodomae tuentur,
inter infestos Clisaeus hostes,
angelis cinctus, nihil extimescit 
bellica signa.

9. Tutus est inter medios leones,
angelis septus, Daniel propheta:
sic tegit semper Deus his ministris 
omnia nostra.

10. Hoc tum munus celebramus una,
et tibi noster chorus angelique
gratias dicunt simul accinentes, 
Conditor alme.

11. Et tuo templo vigiles ut addas 
angelos semper, populoque, gnati,
qui tui verbum colit, obsecramus
pectore toto.

Paul Eber (1511-1569), amigo de Philipp Melanchthon, deu ao hino a sua forma alemã. Esta versão apareceu numa impressão separada em Ein schön New Geistlich Lobgesang (Nuremberg, Alemanha: c. 1554) intitulada “Herr Gott, dich loben alle wir”, em doze estrofes.

1. Herr Gott, dich loben alle wir
Und sollen billig danken dir
Für dein Geschöpf der Engel schön,
Die um dich schweb'n vor deinem Thron.

2. Sie glänzen hell und leuchten klar 
Und sehen dich ganz offenbar, 
Dein' Stimm' sie hören allezeit 
Und sind voll göttlicher Weisheit.

3. Sie feiern auch und schlafen nicht, 
Ihr Fleiss ist gar dahin gericht't, 
Dass sie, Herr Christe, um dich sei'n 
Und um dein armes Häufelein.

4. Der alte Drach' und böse Feind
Vor Neid, Hass und vor Zorne brennt;
Sein Dichten steht allein darauf,
Wie von ihm werd' zertrennt dein Hauf'.

5. Und wie er vormals bracht' in Not 
Die Welt, fuhrt er sie noch in Tod; 
Kirch', Wort, Gesetz, all' Ehrbarkeit 
Zu tilgen, ist er stets bereit.

6. Darum kein' Rast noch Ruh' er hat, 
Brüllt wie ein Löw', tracht't früh und spat,
Legt Garn und Strick, braucht falsche List,
Dass er verderb', was christlich ist.

7. Also schützt Gott noch heutzutag' 
Vor Ubel und gar mancher Plag' 
Uns durch die lieben Engelein, 
Die uns zu Wächtern geben sein.

8. Darum wir billig loben dich 
Und danken dir, Gott, ewiglich, 
Wie auch der lieben Engel Schar 
Dich preiset heut' und immerdar.

A versão alemã de Paul Eber foi traduzida para o inglês (Lord God, We All to Thee Give Praise) por Emanuel Cronenwett (1841-1931) no Ohio Lutheran Hymnal (1880)
A tradução de Leonido Krey para o português no Hinário Luterano (nº 511) também é baseada na versão alemã de Paul Eber.
A melodia é “Old Hundredth”, publicada na segunda edição do Saltério Genebrino Pseaumes Octante Trois de David (1551), que teve a supervisão de Loys Bourgeois (c.1510–1560). Embora a melodia estivesse associada pela primeira vez com o Salmo 134 no Saltério Genebrino, recebeu o nome atual de uma associação posterior com o Salmo 100, numa paráfrase feita por William Kethe.

Fonte: The Handbook to The Lutheran Hymnal (St. Louis: Concordia Publishing House, 1942), p. 186-187.

25/09/2013

Comemoração de Sérgio de Radonej, Abade da Santíssima Trindade – 25 de setembro

“Sergius de Radonej” (1882), Viktor Vasnetsov (1848-1926)

Para os russos, Sérgio é tanto um herói nacional como um exemplo da vida espiritual russa no seu melhor sentido. Sua posteridade nos lembra o que foi Joana d’Arc para os franceses ou Martinho Lutero para os alemães. Ele nasceu em Rostov (Rostoff) em torno de 1314, de pais devotos, Cirilo e Maria e batizado como Bartolomeu. Sua família era de origem aristocrática e mudou-se mais perto de Moscou, estabelecendo-se na aldeia de Radonej. Quando tinha vinte anos - e após a morte de seus pais - Bartolomeu deixou sua herança e tornou-se monge, adotando o nome de Sérgio. Fundou o Mosteiro da Santíssima Trindade nas florestas de Radonej e foi o reformador monástico mais importante da História Medieval da Rússia, ajudando a consolidar a igreja na Rússia na época dos mongóis.
Apesar de conviver com os ricos e poderosos, permaneceu próximo a suas raízes camponesas. Um contemporâneo disse dele: “Ele tem sobre si o cheiro de florestas de abetos”. Na memória do povo russo, Sérgio permanece como pessoa que foi enviada por Deus para proteger seu país e apontar-lhes Cristo, levando o seu povo a um patamar de espiritualidade cristã que vemos mais tarde transparecer nos autores da Era Dourada da literatura russa, como Nikolai Gogol, Leon Tolstoi e Fiodor Dostoievski.
São Sérgio morreu em uma idade extremamente avançada em 25 de setembro de 1392, para tristeza quase universal do povo russo.

LEITURAS

† Salmo 34.1-8 e 33.1-5, 20-21
† Eclesiástico 39.1-9
† São Mateus 13.47-52

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, cujo bendito Filho se fez pobre para que pela sua pobreza pudéssemos ser ricos, livra-nos, te rogamos, do apego desordenado a este mundo, a fim de que, inspirados pela devoção de teus servos, tais como Sérgio de Radonej, possamos servi-lo com singeleza de coração, alcançando as riquezas do mundo por vir; através de Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

24/09/2013

Cristo guarda silêncio e cobre nossos pecados

“A Adúltera diante de Cristo”, Giovanni Battista Pittoni, o Jovem (1687–1767)
"O amor cobre multidão de pecados." (1 Pedro 4.8)
Neste ponto aprendamos a procurar o próximo que é ovelha perdida, cobrindo sua vergonha com nossa honra e deixando que nossa santidade cubra seus pecados.

O que acontece, porém, quando pessoas se reúnem? Falam dos pecados alheios, querendo demonstrar como sentem horror ao pecado. Por isso, quando vocês homens se reúnem, não falem dos pecados dos outros. Da mesma forma,, vocês, mulheres, ao se reunirem, cubram a vergonha dos outros e não criem feridas que vocês não podem curar. Caso você surpreender duas pessoas num quarto, jogue seu manto sobre elas, e não se esqueça de fechar a porta. Motivo? Ora, você também gostaria de ser tratado assim.

Isso é o que Cristo também faz. Ele guarda silêncio e cobre nossos pecados. Ele bem que poderia nos envergonhar e pisar aos pés, mas ele não o faz. E vocês precisam seguir seu exemplo. A virgem deve dar sua grinalda para a meretriz, e a esposa deve dar seu véu para a adúltera e deixar que tudo seja um manto a cobrir os pecadores. Porque todo homem terá sua ovelha a recuperar , e toda mulher sua dracma perdida; e todos os nossos dons devem pertencer também ao outro.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (trecho de Sermão de 1522)

 Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983)

22/09/2013

Evitemos perder toda a esperança

“Nínive se arrepende”, David Martin (1639-1721) em Historie des Ouden en Nieuwen Testaments.

Evitemos perder toda a esperança, mas evitemos igualmente ceder facilmente à indolência. [...] O desespero impede quem cai de se voltar a levantar, e a indolência faz cair quem está de pé. [...] Se a presunção nos faz cair do alto dos céus, o desespero lança-nos no abismo infinito do mal, enquanto que basta um pouco de esperança para nos arrancar a ele. [...] Foi assim que Nínive foi salva. Contudo, a sentença divina pronunciada contra os Ninivitas era de natureza a mergulhá-los no desalento, porque ela não dizia: “Se vos arrependerdes, sereis salvos”, mas simplesmente: “Dentro de três dias, Nínive será destruída” (Jonas 3. 4). Mas nem as ameaças do Senhor, nem as imposições do profeta, nem a própria severidade da sentença [...] fizeram dobrar a sua confiança. Deus quer que tiremos uma lição desta sentença imposta sem condições a fim de que, instruídos por este exemplo, resistamos tanto ao desespero como à passividade. [...] Por outro lado, a benevolência divina não Se manifesta apenas pelo perdão concedido aos Ninivitas arrependidos [...]: o prazo concedido atesta igualmente a Sua bondade inexprimível. Parece-vos que três dias seriam suficientes para apagar tanta iniquidade? A benevolência de Deus brilha por trás destas palavras; de resto, não é ela o artífice principal da salvação de toda a cidade?
Que este exemplo nos preserve de todo o desespero. Porque o diabo considera esta fraqueza como a sua arma mais eficaz e, depois de termos pecado, não saberíamos dar-lhe maior prazer do que perdendo a esperança.

-- São João Crisóstomo (c. 347-407), pastor e teólogo em Constantinopla (Homilias sobre a conversão pronunciadas no seu regresso do campo, nº 1)

Evangelho Dominical - Décimo Sétimo Domingo após Trindade

"Cura de um homem com hidropsia" (c. 1873), Alexandre Bida (1813–1895)

Evangelho segundo S. Lucas 14.1–11

14.1   Num sábado, Jesus entrou na casa de certo líder fariseu para tomar uma refeição. E as pessoas que estavam ali olhavam para Jesus com muita atenção.
14.2   Um homem, com as pernas e os braços inchados, chegou perto dele.
14.3   E Jesus perguntou aos mestres da Lei e aos fariseus: — A nossa Lei permite curar no sábado ou não?
14.4   Mas eles não responderam nada. Então Jesus pegou o homem, curou-o e o mandou embora.
14.5   Aí disse: — Se um filho ou um boi de algum de vocês cair num poço, será que você não vai tirá-lo logo de lá, mesmo que isso aconteça num sábado?
14.6   E eles não puderam responder.
14.7   Certa vez Jesus estava reparando como os convidados escolhiam os melhores lugares à mesa. Então fez esta comparação:
14.8   — Quando alguém convidá-lo para uma festa de casamento, não sente no melhor lugar. Porque pode ser que alguém mais importante tenha sido convidado.
14.9   Então quem convidou você e o outro poderá dizer a você: “Dê esse lugar para este aqui.” Aí você ficará envergonhado e terá de sentar-se no último lugar.
14.10   Pelo contrário, quando você for convidado, sente-se no último lugar. Assim quem o convidou vai dizer a você: “Meu amigo, venha sentar-se aqui num lugar melhor.” E isso será uma grande honra para você diante de todos os convidados.
14.11   Porque quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido.

Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Comemoração do Santo Profeta Jonas – 22 de setembro

 “Jonas e o peixe” (1621), Pieter Lastman (1583–1633)
Um profeta singular entre tantos do Antigo Testamento, Jonas, filho de Amitai, nasceu cerca de uma hora de caminhada da cidade de Nazaré. O foco de seu ministério profético foi o chamado para pregar em Nínive, a capital da Assíria pagã (Jonas 1.2). Sua relutância em responder e a insistência de Deus de que seu chamado seja atendido é a história do livro que leva o nome de Jonas. Embora o fato de Jonas ter sido engolido e depois vomitado pelo grande peixe, seja o detalhe mais lembrado de sua vida, o fato é abordado em apenas três versículos do livro (1.17; 2.1, 10). Ao longo do livro, o tema importante é a forma como Deus trata compassivamente os pecadores. A permanência de Jonas no ventre do peixe por três dias é mencionada por Jesus como um sinal de sua própria morte, sepultamento e ressurreição (S. Mateus 12.39-41).

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai Celestial, por intermédio do profeta Jonas, tu iniciaste o modelo profético de ensinar a teu povo a verdadeira fé e demonstrar através dos milagres a tua presença na criação para curá-la de sua ruína. Concede que tua Igreja possa ver em teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o último profeta do fim dos tempos, cujos ensinamentos e milagres continuam na tua Igreja através da medicina curativa do Evangelho e do Sacramento, através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2009. p. 747)

Décimo Sétimo Domingo após Trindade – 22 de setembro de 2013

Xilogravura de Jerónimo Nadal (1507-1580) na segunda edição (1595) de “Adnotationes et Meditationes in Evangelia”

O que se humilha será exaltado

Não te glories na presença do rei” (Provérbios 25.6-14). Em vez disso, tome a posição mais inferior na mesa. Humilhe-se diante Dele. Pois o seu lugar não é para você tomá-lo, mas para Ele dar a você. Porte-se com toda a humildade e mansidão, suportando uns aos outros em amor (Efésios 4.1-6), a fim de que o Rei possa dar-lhe a glória, na presença daqueles à mesa contigo. “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.” (S. Lucas 14.1-11). Não foi este o caminho de Cristo? Ele é o único que tomou o lugar menos importante, que se humilhou até o ponto de morrer por nós. Agora Ele é exaltado à mais alta posição à mão direita do Pai, para que os crentes penitentes possam ser exaltados juntamente com Ele na ressurreição. Ele diz ao humilde em sua Ceia: “Amigo, senta-te mais para cima” (S. Lucas 14.10), dando o seu próprio corpo e sangue para o seu perdão para que você possa subir para tomar parte na grande festa de casamento que não tem fim.

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: Provérbios 25.6–14
Salmo: Salmo 2 (antífona. v.11)
Epístola: Efésios 4.1–6
Santo Evangelho: S. Lucas 14.1–11

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor, imploramos que concedas ao teu povo a graça de resistir às tentações do diabo e com corações e mentes puros seguir a ti, o Deus único; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 

21/09/2013

Evangelho do Dia – São Mateus, Apóstolo e Evangelista

“O Chamado de São Mateus” (c. 1616), Hendrick Terbrugghen (1588-1629)

Evangelho segundo S. Mateus.9-13

9.9   Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse: — Venha comigo. Mateus se levantou e foi com ele.
9.10   Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos.
9.11   Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: — Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama?
9.12   Jesus ouviu a pergunta e respondeu: — Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes.
9.13   Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Festa de São Mateus, Apóstolo e Evangelista – 21 de setembro

“São Mateus e o Anjo” (1635-40), Guido Reni (1575-1642)
São Mateus, também conhecido como Levi, se identifica como um ex-cobrador de impostos, aquele que foi, portanto, considerado impuro, um pecador público, excluído dos judeus. No entanto, foi uma pessoa como esta que o Senhor Jesus chamou para longe de sua ocupação e riqueza para se tornar um discípulo (S. Mateus 9.9-13). Mateus não só se tornou um discípulo de Jesus, como também foi chamado e enviado como um dos doze apóstolos do Senhor (S. Mateus 10.2-4). Com o tempo, se tornou o evangelista cujo registro inspirado do Evangelho foi concedido o primeiro lugar na ordem do Novo Testamento. Entre os quatro evangelhos, Mateus retrata Cristo, especialmente como o novo e maior Moisés, que graciosamente cumpre a Lei e os Profetas (S. Mateus 5.17) e estabelece um novo pacto de salvação em e com seu próprio sangue.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Antigo Testamento: Ezequiel 2.8 – 3.11
Salmo: Salmo 119.33-40 (antífona vers. 35)
Epístola: Efésios 4.7-16
Santo Evangelho: S. Mateus 9.9-13

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Filho de Deus, nosso bendito Salvador Jesus Cristo, tu chamaste Mateus, o cobrador de impostos para ser apóstolo e evangelista. Por meio de seu fiel e inspirado testemunho, concede que também possamos te seguir, deixando para trás todos os desejos de cobiça e amor às riquezas; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 743-744)

18/09/2013

Querido Senhor e Deus, protege bondosamente os frutos nos campos e na horta

Querido Senhor e Deus, protege bondosamente os frutos nos campos e na horta. Purifica o ar. Dá chuva e bom tempo quando convém. Permite que os frutos sejam bons. Não deixes que sejam envenenados para que nós e os animais não fiquemos doentes nem soframos qualquer mal. Muitas de nossas desgraças são causadas pelo ar envenenado, e em consequência os frutos, o vinho e o cereal estão contaminados. Se deixares isso acontecer, teremos que comer nossa morte em nossos próprios produtos e bebê-la. Por isso permite que os frutos sejam abençoados, que cresçam para a nossa saúde e bem-estar. Cuida para que não abusemos deles, colocando a vida em perigo ou provocando injustiça, voracidade e malandragem. Pois daí resultam falta de moderação, adultério, briga, engano, assassinato, guerra e muitas outras desgraças. Muito antes, concede-nos graça, para que usemos tuas dádivas em favor da melhoria de nossa vida, para que os frutos mantenham nossa saúde e para que nós os usemos de maneira responsável diante de ti. Amém.

Bem-aventurado Martinho Lutero

Rieth, Ricardo Willy. Martim Lutero, discípulo, testemunha, reformador: meditações. São Leopoldo: Sinodal, 2007, p. 103.

17/09/2013

Comemoração de Hildegarda de Bingen - 17 de setembro


Hildegarda nasceu em Bermersheim, no vale do Reno (atual Renânia-Palatinado, Alemanha), no verão de 1098. Ainda criança foi entregue aos cuidados do convento das monjas de Disibodenberg, conforme costume da época. Em 1136 a direção do mosteiro passou para as mãos de Hildegarda que fundou outros dois: em Bingen (1147) e em Eibingen (1165), também na Alemanha.
Apesar de não ser letrada, Hildegarda escreveu textos teológicos, botânicos e medicinais, bem como cartas, canções litúrgicas e poemas. Seu conhecimento de medicina e ciências naturais tornaram seus escritos reconhecidos cientificamente. Escreveu belos textos sobre a boa criação de Deus. No entanto, seu talento foi expresso principalmente no canto e na música, tornando-a uma das primeiras mulheres musicistas da igreja.
O final de sua vida foi muito sofrido e amargurado, sendo acometida de doenças e injustiças, vindo a falecer aos 82 anos, no dia 17 de setembro de 1179, em Bingen.

LEITURAS:

† Salmo 104.25-34
† Eclesiástico 43.1-2, 6-7, 9-12, 27-28
† São João 3.16-21

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, por cuja graça tua serva Hildegarda, inflamada com o fogo do teu amor, tornou-se uma ardente e brilhante luz na tua Igreja. Concede que também possamos ser aquecidos com o espírito de amor e disciplina, e andar diante de ti como filhos da luz; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo, na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

16/09/2013

Cipriano de Cartago, 16 de setembro

"São Cipriano", André de Thevet (1516-1590)

Táscio Cecílio Cipriano (200/210-258). Foi batizado em 246. Logo em seguida, tornou-se bispo de Cartago, liderando sua comunidade em meio à perseguição sob Décio. Em relação aos que haviam negado a fé por causa da perseguição, Cipriano assumiu uma posição conciliadora. Por outro lado, negou a validade do Batismo oficiado por hereges. Essas duas questões valeram-lhe a excomunhão do bispo romano Estevão. Tal anátema levou-o a escrever a obra De ecclesiae unitate, na qual defende o princípio de que o bispo de Roma, apesar do destaque conferido ao apóstolo Pedro, não tem poder judicial supremo sobre os demais bispos. Cipriano é o personagem mais importante da constituição episcopal da Igreja, contra o papalismo. Lutero refere-se muitas vezes a De ecclesiae unitate quando debate sobre o papado. (Obras Selecionadas de Lutero 11:343 n. 350)

Não nos deixes cair em tentação


Manda-nos ainda o Senhor que digamos na oração: “E não nos deixes cair em tentação”. Isto mostra que o adversário nada pode contra nós sem uma permissão de Deus. Assim, voltar-se-á para o Senhor todo nosso temor, zelo e devoção; pois nada é possível ao Maligno, no sentido de tentar-nos, sem a divina permissão. [...] No Evangelho, diz o Senhor sobre o tempo da paixão: "Nenhum poder terias contra mim, se não te fosse dado do alto" [Jo 19.11]. Rogando para não cair em tentação, lembramo-nos de nossa fraqueza e miséria, e não nos exaltarmos insolentemente, considerando orgulhosamente algo como nosso, não julgaremos nossa glória a confissão do martírio. Pois, ensinando-nos a humildade, diz o Senhor: "Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca" [Mt 26.41]. Antepõe, assim, a confissão humilde e submissa à prece, atribui tudo a Deus a fim de obteres da sua misericórdia o que pedires com temor e reverência.

-- São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e Mártir (A Oração do Senhor, P.L. 4, 541-555)

Fonte: Gomes, Cirilo Folch. Antologia dos santos padres: páginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos. 2. ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1979. p. 193-194.

Comemoração de Cipriano de Cartago, Pastor e Mártir – 16 de setembro


Cipriano (c. 200-258 d. C.) foi aclamado bispo da cidade de Cartago, no norte da África, por volta do ano 248. Durante a perseguição do imperador romano Décio, Cipriano fugiu de Cartago, mas retornou dois anos depois. Ele foi, então, obrigado a lidar com o problema dos cristãos que renegaram a sua fé diante da perseguição e queriam voltar para a Igreja. Estes cristãos foram chamados de lapsi (decaídos). Foi decidido que esses cristãos decaídos poderiam ser restaurados, ao ser concedida absolvição aos penitentes que demonstraram a sua fidelidade. Durante a perseguição do imperador Valeriano, Cipriano inicialmente se escondeu, mas depois se entregou às autoridades. Ele foi decapitado por causa da fé em Cartago, em setembro de 258.

LEITURAS:

† Salmo 23 ou 116.10-17
† 1 Pedro 5.1-4, 10-11
† João 10.11-16 

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-Poderoso, tu deste a teu servo Cipriano ousadia para confessar o nome de nosso Salvador, Jesus Cristo, diante dos governantes deste mundo e coragem para morrer por causa da fé que ele proclamou. Concede-nos vigor para sempre estarmos prontos a dar a razão da esperança que há em nós e sofrer de bom grado pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2009. p. 728)

15/09/2013

Evangelho Dominical - Décimo Sexto Domingo após Trindade

“A ressurreição do filho da viúva de Naim”, Eustache Le Sueur (1617-1655)
Evangelho segundo S. Lucas 7.11–17

7.11   Pouco tempo depois Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele.
7.12   Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente da cidade ia com ela.
7.13   Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse: — Não chore.
7.14   Então ele chegou mais perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse: — Moço, eu ordeno a você: levante-se!
7.15   O moço sentou-se no caixão e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe.
7.16   Todos ficaram com muito medo e louvavam a Deus, dizendo: — Que grande profeta apareceu entre nós! Deus veio salvar o seu povo!
7.17   Essas notícias a respeito de Jesus se espalharam por todo o país e pelas regiões vizinhas.

Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Décimo Sexto Domingo após Trindade – 15 de setembro

“Jesus ressuscita o filho da viúva de Naim”, Pierre Bouillon (1776-1831)
Jesus suscita vida da morte

Um grande cortejo fúnebre carregando o filho único de uma viúva é confrontado por outra grande procissão de Jesus e seus seguidores. Morte e Vida se encontram cara a cara no portão da cidade (S. Lucas 7.11-17). Cheio de compaixão, Jesus entra em contato direto com a nossa mortalidade, a fim de superá-lo. Ele toca o ataúde e diz suas palavras geradoras da vida: “Jovem, eu te mando: levanta-te!” Jesus faz o que não é esperado nem solicitado. Por meio de Cristo, Deus, o Pai “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Efésios 3.14-21). Jesus carregou a nossa morte em seu corpo para que possamos participar de sua ressurreição. Assim como Elias se estendeu por três vezes sobre o filho da mulher de Sarepta (2 Reis 17.17-24), Deus estendeu-se sobre nós na tríplice aplicação do seu nome na água batismal, soprando vida nova e eterna em nós. “A ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3.21)

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:
Lecionário Anual

Antigo Testamento: 1 Reis 17.17–24
Salmo: Salmo 30 (antífona. v. 5b)
Epístola: Efésios 3.13–21
Santo Evangelho: S. Lucas 7.11–17

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, oramos para que tua graça possa sempre estar adiante de nós e nos seguir, a fim de que possamos continuamente nos dedicar a todas as boas obras; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

14/09/2013

Representação iconográfica da Exaltação da Santa Cruz


Este ícone do final do século XV, de um artista desconhecido do norte da Rússia, encontra-se no Ikonen-Museum em Recklinghausen, na Alemanha. O tema do ícone é a Festa da Exaltação da Santa Cruz, que comemora, em 14 de setembro, a descoberta da vera Cruz por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, que se diz ter acontecido no ano 320 d.C., em Jerusalém.

A Exaltação da Santa Cruz é representada no ícone em uma composição solene, rigorosamente simétrica: sobre o fundo com uma enorme igreja redonda com  cúpulas “russificadas”, o centro do ícone retrata o bispo Macário de Jerusalém, em um grande ambão (uma espécie de púlpito) com uma parede traseira semicircular. Macário é assistido por dois diáconos, e segura no ar a relíquia da Cruz. Estão presentes na festa Helena e Constantino, no lado direito, e um grupo de cantores com trajes característicos e a cabeça coberta.

A representação é um estilo lacônico característico de Novgorod (Rússia), limitando-se ao essencial,  preferindo uma coloração límpida, em que o verde escuro e o vermelho predominam juntamente com o branco e ocre.

É preciso que o Filho do Homem seja elevado, para que todo o que nele crê seja salvo

“Elevação da Cruz”, Alessandro Magnasco (1667-1749)
Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo está pregado na Cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a Cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Outrora, a Cruz designava um castigo; agora tornou-se objeto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la hoje princípio de salvação. Porque ela é para nós causa de bens sem conta: livrou-nos do erro, iluminou-nos as trevas, reconciliou-nos com Deus; tínhamo-nos tornado, para com Ele, inimigos e estrangeiros longínquos. Para nós, ela é hoje a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.
Graças a ela, já não erramos nos desertos, porque conhecemos o caminho verdadeiro. Não ficamos fora do palácio real, porque encontramos a porta. Não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, já não estamos na viuvez, pois encontramos o Esposo. Não temos medo do lobo, pois encontramos o bom pastor. Graças à Cruz, não tememos o usurpador, pois nos sentamos ao lado do Rei.
Eis porque estamos em festa ao celebrarmos a memória da Cruz. O próprio São Paulo nos convida para a festa em honra da Cruz: “Celebremos esta festa”, diz ele, “não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade” (1 Co 5.8). E ele explica-nos a razão dizendo: “Porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós”. (1 Co 5.7).

-- São João Crisóstomo (c. 347-407), teólogo e pastor e Constantinopla (Homilia 1 “Sobre a Cruz e sobre o Ladrão”)

Evangelho do Dia – Dia da Santa Cruz

Imagem: “Crucificação” (1636-38), Alonso Cano (1601-1667)
Evangelho segundo S. João 12.20-33

12.20   Entre o povo que tinha ido a Jerusalém para tomar parte na festa, estavam alguns não-judeus.
12.21   Eles foram falar com Filipe, que era da cidade de Betsaida, na Galileia, e pediram: — Senhor, queremos ver Jesus.
12.22   Filipe foi dizer isso a André, e os dois foram falar com Jesus.
12.23   Então ele respondeu: — Chegou a hora de ser revelada a natureza divina do Filho do Homem.
12.24   Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se um grão de trigo não for jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão. Mas, se morrer, dará muito trigo.
12.25   Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira.
12.26   Quem quiser me servir siga-me; e, onde eu estiver, ali também estará esse meu servo. E o meu Pai honrará todos os que me servem.
12.27   Jesus continuou: — Agora estou sentindo uma grande aflição. O que é que vou dizer? Será que vou dizer: Pai, livra-me desta hora de sofrimento? Não! Pois foi para passar por esta hora que eu vim.
12.28   Pai, revela a tua presença gloriosa! Então do céu veio uma voz, que dizia: — Eu já a revelei e a revelarei de novo.
12.29   A multidão que estava ali ouviu a voz e dizia que era um trovão. Outros afirmavam que um anjo tinha falado com Jesus.
12.30   Mas ele disse: — Não foi por minha causa que veio esta voz, mas por causa de vocês.
12.31   Chegou a hora de este mundo ser julgado, e aquele que manda nele será expulso.
12.32   E, quando eu for levantado da terra, atrairei todas as pessoas para mim.
12.33   Ele dizia isso para indicar de que maneira ia morrer.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Dia da Santa Cruz – 14 de setembro

“Cristo carregando a cruz” (1580), El Greco (1541-1614)

Uma das primeiras celebrações anuais da Igreja, o Dia da Santa Cruz, comemora tradicionalmente a descoberta da cruz original de Jesus em 14 de setembro de 320, em Jerusalém. A cruz foi encontrada por Helena, mãe do imperador romano Constantino, o Grande. Juntamente com a dedicação de uma basílica no local da crucificação e ressurreição de Jesus, este dia festivo foi oficializado por ordem de Constantino em 335 d. C. Helena, uma cristã devota, ajudou a localizar e autenticar muitos locais relacionados à vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus nas terras bíblicas. O Dia da Santa Cruz perdurou tanto no cristianismo oriental quanto ocidental. Por isso, muitas paróquias luteranas têm escolhido “Santa Cruz” como o nome de suas congregações.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:
† Antigo Testamento: Números 21.4-9
† Salmo: Salmo 40.1-11 (antífona vers. 13 )
† Epístola: 1 Coríntios 1.18-25
† Santo Evangelho: S. João 12.20-33

ORAÇÃO DO DIA:
Misericordioso Deus, teu Filho, Jesus Cristo, foi levantado na cruz para que pudesse levar os pecados do mundo e atrair todas as pessoas a ti. Concede que nós, que gloriamos na sua morte para a nossa redenção, possamos atender fielmente ao teu chamado para suportar a cruz e seguir a Ele, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 721,722)

13/09/2013

A theologia crucis principia com a liturgia


A theologia crucis faz parte da Igreja Ocidental e principia com a liturgia, assim como toda teologia genuína. Estas bases litúrgicas, na verdade, remetem ao Oriente, mais precisamente à Igreja Síria ao invés da Grega. Será que a afinidade dos sírios à linguagem e, consequentemente, também ao pensamento do Antigo Testamento levou a uma melhor compreensão do Evangelho do Cordeiro de Deus do Antigo Testamento? O Agnus Dei foi incluído na missa romana por um papa de origem síria por volta do ano 700 d. C.; assim também a menção do Cordeiro de Deus no Gloria tem origem no Oriente. Além do território sírio original, Jerusalém é o lugar onde a morte de nosso Senhor foi, naturalmente, comemorada de uma maneira especial. Neste lugar, a Igreja do Santo Sepulcro, construída por Constantino, com as supostas relíquias da Santa Cruz, tornou-se o destino de peregrinações de todas as partes da cristandade e a base da veneração da cruz, que logo se espalhou por toda a igreja e estabeleceu seu primeiro centro no Ocidente, na Igreja da “Santa Cruz de Jerusalém” em Roma.

Esta veneração da cruz, ainda hoje uma parte da liturgia romana da Sexta-feira Santa, é por assim dizer, a forma mais antiga da theologia crucis. Pois foi pela forma indireta da veneração da cruz e das relíquias da cruz que a devoção pelo Crucificado se tornou uma característica importante da piedade medieval ocidental. Os dois grandes hinos da cruz que pertencem à liturgia da Sexta-feira Santa, ainda hoje, o “Pange lingua gloriosi” [Canta, minha língua, o glorioso combate] e “Vexilla regis prodeunt” [Do Rei avança o estandarte] são hinos dirigidos não ao Crucificado, mas à cruz. Venâncio Fortunato [c. 530-610] escreveu-os por volta do ano 600 d. C., inspirado pelo entusiasmo pelas relíquias da cruz que o imperador Justino II havia enviado naquela época à Radegunda, rainha dos francos. O “Pange lingua” louva o “Crucis trophaeum”, a cruz como sinal de vitória, e dirige-se a ela, a Santa Cruz, como a santa árvore do Paraíso que havia se tornado o instrumento de salvação. A aplicação dessa antiga ideia cristã faz lembrar o culto das árvores sagradas que era comum para os povos germânicos:

Sola digna tu fuisti
Ferre mundi victimam
Atque portum praeparare
Arca mundo naufrago
Quam sacer cruor perunxit
Fusus Agni corpore.

Só tu, ó Cruz, mereceste
suster o preço do mundo
e preparar para o náufrago
um porto, em mar tão profundo.
Quis o cordeiro imolado
banhar-te em sangue fecundo.

Da mesma forma, o poderoso hino de batalha e vitória “Vexilla regis prodeunt”, dirige-se ao santo madeiro (árvore):

O crux, ave, spes unica 
Hoc passionis tempore
Piis adauge gratiam
Reisque dele crimina.

Salve, ó cruz, doce esperança,
concede aos réus remissão;
dá-nos o fruto da graça,
que floresceu na Paixão.

Foi um longo caminho de voltas que finalmente levou, após 500 anos, dessa adoração do santo madeiro para o “Salve caput cruentatum”, a saudação da Alta Idade Média ao Crucificado.

Olhando mais de perto, esta antiga theologia crucis aparenta ser um típico exemplo do que Lutero mais tarde chamou de theologia gloriae. A cruz é uma revelação direta da glória de Deus na terra. Ela precede triunfantemente os exércitos vitoriosos dos imperadores cristãos e as hostes valentes da Igreja Militante. Assim como nos primeiros séculos os demônios fugiam do sinal da cruz, agora os inimigos da igreja fogem confusos onde o estandarte da cruz ou as relíquias da cruz aparecem. Quem pode resistir ao poder deste sinal? A cruz é o sinal pelo qual a vitória infalível é conquistada. Nela, o poder de Deus se torna visível no mundo.

Uma profunda mudança aconteceu na vida interior da cristandade quando o sofrimento da cruz foi compreendido pela primeira vez nas igrejas e mosteiros da Europa. Esta mudança tornou-se visível nos crucifixos da Idade Média. O Crucificado não está mais como vencedor no madeiro da cruz, como no período Românico, mas está pendurado na cruz, sofrendo, posteriormente, até se contorcendo de dores, e morrendo. Esta mudança é completa na Baixa Idade Média quando os grandes crucifixos sobre o presbitério nas catedrais góticas não mostram mais o Crucificado como o vencedor divino, mas realisticamente como o homem das dores. É sentida a profundidade do sofrimento de Cristo. O Christus humilis, o Deus-homem no estado da mais profunda humildade, torna-se o irmão do ser humano. E a imitatio Christi mesmo no sentido de um sentimento místico de todas as dores do Crucificado se torna um ideal da piedade cristã medieval. Certamente foi apenas uma pequena minoria do povo da igreja que experimentou isso. Mas todos foram ao menos tocados por essa ideia. A liturgia e toda a atmosfera das igrejas já tinham cuidado disso.

Hermann Sasse, Cartas a Pastores Luteranos, 18 de abril de 1951.

Martinho Lutero: Pregador da Cruz

“Sermão de Martinho Lutero” detalhe de um retábulo (1547) de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), na Igreja Santa Maria em Wittenberg.
“Um ano após a morte de Lutero, Lucas Cranach, o Velho, pintou um painel apresentando um retrato de Martinho Lutero no púlpito. O painel faz parte do bem conhecido retábulo na Igreja Santa Maria da cidade de Wittenberg. Com a Bíblia aberta diante dele, é o Lutero maduro quem proclama Cristo à congregação reunida diante dele. A imagem de Lutero feita por Cranach mostra o Reformador com uma mão apoiada no texto sagrado e a outra mão apontando para um enorme crucifixo. A obra de arte sintetiza o ministério de Lutero como um todo. Assim como São Paulo antes dele, Martinho Lutero esteve determinado a conhecer nada além de Cristo, e este crucificado. Lutero não foi o primeiro pregador da cruz desde o fim da era do Novo Testamento. Hermann Sasse comenta com razão que “a teologia da cruz pertence ao Ocidente”. Basta recordar o livro de Anselmo “Cur Deus Homo?” (Por que Deus se fez homem?) ou o grande hino de louvor “Ó Fronte Ensanguentada”.”

-- John T. Pless (Martin Luther: Preacher of the Cross. Concordia Theological Quarterly. v. 51, n. 2-3, abril-julho 1987. p. 83.)