20/11/2013

A Santa Absolvição

A repreensão de Natã e a penitência do rei Davi (Saltério Parisiense, folio 136v, século X).
Os luteranos praticam a absolvição baseados nos seguintes fatores:

1. Cristo, o Filho de Deus, tomou sobre si e atribuiu a si todos os pecados de cada um dos pecadores, considerando-os como sendo seus próprios pecados. Por esse motivo João Batista aponta para Cristo, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29)

2. Cristo, através de sua vida humilde, seu sofrimento, crucificação e morte, apagou e adquiriu remissão para todos os pecados. Nenhum homem foi excluído deste plano, desde Adão até o último que vier a nascer sobre a face da terra.

3. Ressuscitando a Jesus dentre os mortos, Deus Pai confirmou, colocou o selo da aprovação sobre a obra reconciliatória e redentora realizada por Cristo sobre a cruz. Através da ressurreição de Cristo, Deus declarou: “Sobre a cruz este meu Filho clamou: ‘Está consumado’; e eu agora anuncio: ‘Está consumado de fato!’ Vocês pecadores estão salvos. Há perdão de pecados para todos. O perdão já é uma realidade; não lhes resta mais nada a fazer”.

4. Cristo ordenou que se pregasse o evangelho a toda a criatura. Ordenou também que se pregasse perdão de pecados a todos os homens e que se lhes levasse a boa notícia: “Tudo o que é necessário para a salvação de vocês já foi feito. Se vocês perguntam: ‘que devemos fazer para que sejamos salvos?’ então lembrem-se de que tudo já foi feito. Nada mais resta a fazer. Basta que vocês creiam que tudo isto foi feito por vocês, e vocês serão salvos”.

5. Cristo não apenas ordenou que seus apóstolos e sucessores de ofício pregassem o evangelho e o perdão dos pecados em geral, mas, também, que anunciassem este doce conforto: “Você está reconciliado com Deus” a indivíduos que desejam ouvi-lo em particular. Porque, se o perdão de pecados foi adquirido para todos, então ele também o foi para cada um individualmente. Se eu posso oferecê-lo para todos, posso igualmente oferecê-lo a cada um em particular. Não somente posso fazê-lo; foi-me ordenado que o fizesse. Caso me negar a fazê-lo, serei um servo de Moisés e não um servo de Jesus Cristo.

6. Agora que o perdão dos pecados já foi adquirido, não somente o pastor está de modo especial incumbido de sua proclamação; cada cristão, homem ou mulher, adulto ou criança, tem a incumbência de fazê-lo. A absolvição anunciada por uma criança é tão segura como a absolvição de S. Pedro, sim, tão certa como a absolvição do próprio Cristo, caso ele novamente estivesse de modo visível diante dos homens para anunciar: “Seus pecados estão perdoados”. Não há diferença alguma; o que importa não é o que o homem pode fazer, mas o que já foi feito por Cristo.

A remissão dos pecados não se fundamenta nalgum poder misterioso do pastor, mas sim, no fato de que Cristo, muito tempo atrás, tirou os pecados do mundo, e que agora cada um está incumbido de falar a seu semelhante a respeito disto.

-- C. F. W. Walther (1811-1887), Lei e Evangelho (edição condensada por Walter C. Pieper), pág. 37-38.

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