30/06/2015

A Igreja Luterana pertence à mesma igreja cristã universal (católica) de todos os tempos


Este blog tem o propósito de expor temas relacionados à teologia luterana e, ao mesmo tempo, proporcionar recursos devocionais de acordo com o calendário litúrgico. Devido nossa subscrição “quia” das Confissões Luteranas, por vezes recebemos algumas críticas de irmãos de outras denominações cristãs, e até mesmo de luteranos, sobre tradições e ensinos conservados na Reforma do século XVI. Nestes casos, temos pacientemente exposto as razões de nossa fé e prática sempre respeitando a visão e opinião de nossos interlocutores. Quando o fazemos, nossa intenção é apenas demonstrar que a Igreja Luterana difere das demais denominações “protestantes” pelo simples fato de confessar que pertence à mesma igreja cristã universal (católica) de todos os tempos e, por isso, não aboliu tradições e cerimônias que acompanham a cristandade desde a antiguidade e que não são proibidas pelas Escrituras.

O trecho abaixo, retirado de um escrito do teólogo Hermann Sasse é muito esclarecedor neste sentido:

“A teologia Luterana difere da Reformada no que ela põe grande ênfase no fato de que a igreja evangélica não é outra, mas a mesma Igreja Católica medieval purificada de certas heresias e abusos. A teologia Luterana reconhece que pertence à mesma igreja visível a qual Tomás de Aquino e Bernardo de Claraval, Agostinho e Tertuliano, Atanásio e Irineu uma vez pertenceram. A igreja evangélica ortodoxa é a legitima continuação da Igreja Católica medieval, não a igreja do Concílio de Trento e [Primeiro] Concilio Vaticano que renunciaram a verdade evangélica quando rejeitaram a Reforma. Não obstante, a igreja evangélica ortodoxa é verdadeiramente idêntica à Igreja Católica ortodoxa de todos os tempos. E assim como por sua natureza, a Igreja Reformada enfatiza sua forte oposição à igreja medieval, assim também por sua natureza, a Igreja Luterana necessita que ela insista na unidade e identidade com a Igreja Católica até o limite mais remoto possível. Não foi mera diplomacia político-eclesiástica que ditou a enfática declaração na Confissão de Augsburgo, de que os ensinamentos dos Evangélicos eram idênticos àqueles da Igreja Católica ortodoxa de todas as épocas e, não foi romantismo ou falso conservadorismo que tornou nossa igreja preocupada em reter o tanto quanto possível da lei canônica antiga e se apegar firmemente às formas antigas de culto.”

- Hermann Sasse (1895-1976) teólogo luterano confessional (Here We Stand: nature and character of the Lutheran faith. New York: Harper, 1938. p 110-111)

29/06/2015

Festa de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – 29 de junho

“A controvérsia entre São Pedro e São Paulo”, Bartolomeo Cavarozzi (1587 - 1625)
A festa de São Pedro e São Paulo é, provavelmente, a mais antiga das observâncias dos santos (datando de meados do séc. III). Uma antiga tradição assegura que estas duas colunas da Igreja do Novo Testamento foram martirizados no mesmo dia, em Roma, durante a perseguição de Nero. Além desta comemoração conjunta de seus martírios, ambos os apóstolos são comemorados separadamente: São Pedro em 18 de janeiro, por sua confissão de Jesus como o Cristo (Mt 16.13-16) e São Paulo em 25 de janeiro, por sua conversão (At 9.1-19). O Novo Testamento nos diz muito sobre os dois apóstolos. Pedro esteve com Jesus desde o início de seu ministério e serviu como líder entre os discípulos. Apesar de sua fé inabalável, a Escritura também registra alguns de seus fracassos, como a sua censura de Jesus (Mt 16.21-23) e sua tríplice negação de seu Senhor (Mt 26.69-75). Após a ascensão de Jesus, Pedro continuou como líder na Igreja (At 1.15, 2.14, 15.7). Paulo, um judeu piedoso, também conhecido como Saulo, entrou em cena como um perseguidor da Igreja. Depois de sua milagrosa conversão, na qual o próprio Cristo ressuscitado lhe apareceu, Paulo tornou-se um grande pregador da graça de Deus. Durante suas três viagens missionárias (At 13-14; 16-18; 18-21), Paulo viajou por toda a atual Turquia e Grécia. O relato do Novo Testamento de sua vida termina com Paulo sob prisão domiciliar em Roma (At 28.16), mas a tradição diz que ele foi para a Espanha, antes de regressar a Roma.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Primeira Leitura: Atos 15.1-12 (13-21)
† Salmo: Salmo 46 (antífona v. 11)
† Epístola: Gálatas 2.1-10
† Santo Evangelho: São Mateus 16.13-19


ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso e eterno Deus, teus Santos Apóstolos Pedro e Paulo receberam graça e vigor para sacrificar suas vidas por amor de teu Filho. Fortalece-nos pelo teu Espírito Santo para que possamos confessar tua verdade e estarmos sempre prontos a dar a vida por aquele que deu a sua vida por nós, o mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 476)

27/06/2015

Comemoração de São Cirilo de Alexandria, Pastor e Confessor - 27 de junho


São Cirilo (c. 376-444) tornou-se bispo de Alexandria, no Egito, em 412. Ao longo de seu ministério, defendeu uma série de doutrinas ortodoxas, entre elas o ensinamento de que Maria, a mãe de Jesus, “acertadamente é chamada Mãe de Deus e verdadeiramente o é” (Fórmula de Concórdia, Epítome VIII, 12), sendo corretamente denominada “Theotokos”, a “portadora de Deus”. Em 431 o Concílio de Éfeso afirmou este ensino de que o Filho de Maria é também verdadeiro Deus. Os escritos de Cirilo sobre as doutrinas da Trindade e da pessoa de Cristo revelam que ele é um dos teólogos mais competentes de seu tempo. A Cristologia de Cirilo influenciou concílios posteriores e constituiu uma fonte primária para os escritos confessionais luteranos.

ORAÇÃO DO DIA:

Pai Celestial, teu servo Cirilo proclamou firmemente teu Filho, Jesus Cristo, como sendo um, totalmente Deus e totalmente homem. Por tua infinita misericórdia, mantêm-nos constantes na fé e na adoração de teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 469)

25/06/2015

Junho: mês de transições e celebrações


Junho é um mês de transições e celebrações. Para muitas crianças e jovens é o mês que antecede as férias, marcando o fim do primeiro semestre de estudos universitários e escolares. Em junho, nós também temos Festas Juninas, Dia do Meio Ambiente, Dia dos Namorados e o início do inverno. Junho também é uma época tradicional para casamentos.
Na Igreja, lembramos o Concílio de Niceia, a Fundação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, a Natividade de São João Batista, a Apresentação da Confissão de Augsburgo e, no final do mês, a Festa de São Pedro e São Paulo.
É um mês com muitas datas marcantes para Luteranos de todo o mundo. É um mês especial para confessarmos a fé da igreja antiga que afirmamos no Credo de Niceia.
Estas datas especiais de nosso calendário litúrgico demonstram que estamos na mesma tradição dos apóstolos e dos cristãos do passado, pois como nossos confessores defenderam em Augsburgo no ano de1530, reafirmamos que “as igrejas entre nós não dissentirem da igreja católica em nenhum artigo de fé, abandonando apenas uns poucos abusos que são novos e foram aceitos contra a intenção dos cânones, por defeito dos tempos” (CA XXII), “que o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes na ceia” (CA IX), que “a missa entre nós é celebrada com maior devoção e seriedade” (CA XXIV), e que “nossos pregadores não aboliram a confissão” (CA XXV) e lembramo-nos dos santos “para fortalecer a nossa fé” (CA XXI).
Sendo assim, Luteranos também celebram neste mês o Nascimento de São João Batista (24) e os Santos Apóstolos Pedro e Paulo (29), lembrando que tal qual estes homens de Deus do passado, nós também fomos vocacionados para sermos testemunhas do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” e através da fé fomos absolvidos de nossa inimizade e negação de Deus. Nisto somos lembrados da profunda influência que São Paulo exerceu em Lutero e na Reforma, e o quanto essa influência continua a ser importante para nós hoje. Lutero encontrou grande conforto nas epístolas de São Paulo, e nós também encontramos ao lermos: “O justo viverá por fé” (Rm 1.17).

24/06/2015

São João Batista, mensageiro do Verbo encarnado

“São João Batista apontando para Cristo” (1655), Bartolome Esteban Murillo (1617-1682)

No plano teológico de seu evangelho, o evangelista João introduz João Batista: “o abismo que chama outro abismo” no discurso dos mistérios divinos (Sl 42.7). Ouvimos o evangelista contando a história do precursor, o homem cuja dádiva foi conhecer “o Verbo no princípio” (Jo 1.1), ensinando-nos acerca daquele que foi comissionado para vir à frente do Verbo encarnado. Houve, diz o evangelista, não simplesmente um mensageiro de Deus, mas “houve um homem”. Ele diz assim para distinguir o homem, que participa apenas da humanidade Daquele que anunciava, do Homem que, uniu divindade e humanidade em sua pessoa. A intenção do evangelista é diferenciar a voz fugaz e o Verbo eternamente imutável. Sugere que um é a estrela da manhã que aparece na aurora do Reino dos céus, enquanto o Outro é o Sol da Justiça que lhe sucede (Ml 3.20). Distingue a testemunha Daquele que ele testemunhou, o mensageiro Daquele que o enviou, a lâmpada vacilante da luz esplêndida que enche o universo (cf. Jo 5.35), a luz que dissipa as trevas da morte e do pecado de toda a raça humano.
Desta forma, o precursor do Senhor era um homem, não um deus. Visto que o Senhor a quem precedida era ao mesmo tempo homem e Deus, o precursor foi um homem destinado a ser exaltado pela graça de Deus, ao passo que Aquele a quem ele precedia era Deus por natureza, que, com Seu desejo de nos salvar e redimir, humilhou-se, para assumir a nossa natureza humana.
Um homem foi enviado”. Por quem? Pelo Verbo divino, do qual ele foi o precursor. A sua missão era ir adiante do Senhor. Levantando a sua voz, este homem clama: “voz do que clama no deserto!” (Mt 3.3). O arauto prepara o caminho para a vinda do Senhor. “Seu nome era João” (Jo 1.6) e lhe foi concedida a graça de ser o precursor do Rei dos reis, de apontar para o mundo o Verbo encarnado, de batizá-lo com o batismo no qual o Espírito manifestaria sua filiação divina, de ser testemunha da Luz eterna através de seu ensino e martírio.

-- Escoto de Erigena (810- 877), teólogo irlandês, em sua Homilia sobre o Prólogo do Evangelho de S. João (Homilia in prologum Sancti Evangelii secundum Joannem, 13: SC 151, 275-7)

Evangelho do Dia – Festa da Natividade de São João Batista


Evangelho segundo S. Lucas 1.57-80

57 A Isabel cumpriu-se o tempo de dar à luz, e teve um filho.
 58 Ouviram os seus vizinhos e parentes que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela e participaram do seu regozijo.
 59 Sucedeu que, no oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
 60 De modo nenhum! Respondeu sua mãe. Pelo contrário, ele deve ser chamado João.
 61 Disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que tenha este nome.
 62 E perguntaram, por acenos, ao pai do menino que nome queria que lhe dessem.
 63 Então, pedindo ele uma tabuinha, escreveu: João é o seu nome. E todos se admiraram.
 64 Imediatamente, a boca se lhe abriu, e, desimpedida a língua, falava louvando a Deus.
 65 Sucedeu que todos os seus vizinhos ficaram possuídos de temor, e por toda a região montanhosa da Judeia foram divulgadas estas coisas.
 66 Todos os que as ouviram guardavam-nas no coração, dizendo: Que virá a ser, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele.
 67 Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo:
 68 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo,
 69 e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo,
 70 como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas,
 71 para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam;
 72 para usar de misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança
 73 e do juramento que fez a Abraão, o nosso pai,
 74 de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor,
 75 em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias.
 76 Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos,
 77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados,
 78 graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,
 79 para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.
 80 O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

A Natividade de São João Batista – 24 de junho


A pintura ilustra o nascimento de São João Batista, foi produzida em 1518 na oficina do pintor luterano Lucas Cranach, o Velho (1472–1553).

Hoje a Igreja Luterana, assim como boa parte da cristandade, lembra São João Batista, ao celebrar a natividade (nascimento) deste homem de Deus que pregou o arrependimento (conversão).

São João Batista, filho de Zacarias e Isabel, nasceu numa família sacerdotal. Seu nascimento foi milagrosamente anunciado a seu pai por um anjo do Senhor (Lc 1.5-23). Conforme a indicação de Lucas, Isabel estava no sexto mês de gestação de João, que foi fixado pela Igreja três meses após a Anunciação de Nosso Senhor e seis meses antes do Natal de Jesus. Por ocasião de seu nascimento, seu pai já idoso proclamou um belo hino de louvor (Lc 1.67-79). Este hino é intitulado Benedictus e serve como o tradicional Cântico evangélico na Oração da Manhã (Laudes matutinas) da Igreja Luterana. Os eventos da vida de São João e seus ensinamentos são conhecidos a partir de relatos em todos os quatro Evangelhos. No deserto da Judeia, próximo do Rio Jordão, São João Batista começou a pregar um chamado ao arrependimento e ao batismo, e dizia à multidão: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). S. João denunciou a vida imoral dos governantes herodianos, de modo que Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia, mandou prendê-lo e encarcerá-lo na grande fortaleza de Macaeros (Maqueronte), perto do Mar Morto, onde Herodes mandou decapitá-lo (Mc 6.17-29). O seu martírio é celebrado em 29 de agosto, com outra festa litúrgica. São João é lembrado e honrado como aquele que, através de sua pregação, apontou para o “Cordeiro de Deus” e “preparou o caminho” para a vinda do Messias.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Isaías 40.1-5
† Salmo: Salmo 85.(1-6) 7-13 (antífona v. 9)
† Epístola: Atos dos Apóstolos 13.13-26
† Santo Evangelho: São Lucas 1.57-80


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, através de São João Batista, o precursor de Cristo, tu proclamaste a salvação. Agora concede que possamos conhecer esta salvação e servi-lo em santidade e justiça todos os dias da nossa vida; através de nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 459-460)

11/06/2015

Festa de São Barnabé - Comentários homiléticos

Hoje, 11 de junho, a Igreja festeja São Barnabé, apóstolo. Aproveitando o dia festivo, publico abaixo o estudo homilético do amigo Rev. Elissandro Silva, pastor luterano em Ponta Grossa, Paraná. Um excelente comentário sobre os próprios do dia.

São Barnabé, apóstolo - 11 de junho

Salmo 112; Isaías 42.5-12; Atos 11.19-30 e 13.1-3; Marcos 6.7-13
[1]

CONTEXTO LITÚRGICO

O calendário eclesiástico pode ser dividido em dois grandes blocos:
  1. do advento até o Domingo de Pentecostes, onde a ênfase está na vida terrena de Cristo (Cristo por nós);
  2. tempo da Igreja, a ênfase é Cristo através de nós.
O professor Arthur Just afirma: “O Pentecostes está intimamente ligado a Páscoa. Se a Páscoa é a festa do sacrifício do Cordeiro, Pentecostes é a oferta das primícias deste sacrifício em nós, os batizados, através da presença permanente de Cristo na sua Igreja através do Espírito Santo.[2]

Seguindo está mesma linha de raciocínio, Cristo através de nós, destaco o círio pascal. Em muitas congregações é costume usar o círio pascal e este fica bem destacado durante os cinquenta dias festivos da Páscoa. Após o domingo de Pentecostes, o círio pascal é deslocado para junto da pia batismal e somente voltará a brilhar nas celebrações batismais e em celebrações fúnebres.

O círio pascal representa a luz de Cristo e quando é removido não significa que algo que representa a luz de Cristo foi extinto, mas aponta para este Cristo através de nós. Nós somos a luz de Cristo neste mundo. Não estou nos transformando em sacramentos para o mundo, mas apontando para a missão de testemunhar sobre a Luz deste mundo.

Por isto, dentro deste período do tempo da Igreja, é oportuno celebrar o Cristo através de nós, lembrando-se de grandes homens da fé. Os capítulos 11 e 12 de Hebreus são adequados para esta meditação, especialmente 12.1-2: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

Hoje, dia 11 de junho, a igreja reserva para lembrar do “Cristo através de nós” via Barnabé, o apóstolo. Celebrar a vida de homem de fé é celebrar Cristo, é celebrar o Evangelho da Salvação aplicado pelo Espírito Santo em um caso particular. Também é importante destacar os três pontos do vigésimo primeiro artigo da Apologia da confissão:
  1. agradecer a Deus por ter concedidos servos fiéis a sua Igreja;
  2. Assim como Deus agiu na vida da pessoa em destaque, Deus age em nossas vidas, pois, Deus não muda;
  3. Exemplo de fé e de vida.

ESTUDO DOS PRÓPRIOS DO DIA

Os textos dos próprios do dia de Barnabé estão na íntegra nas notas de rodapé. Por gentileza, ler primeiro a nota de rodapé antes do comentário especifico, a fim de que este estudo seja mais proveitoso.

Leituras:
  • Salmo 112: O salmo 112 descreve o homem feliz e bem-aventurado que teme ao Senhor Deus e que tem seu coração firme em Deus. O temor ao Senhor é o princípio de toda a sabedoria.
  • Isaías 42.5-12: O texto de Isaías faz parte de um dos cânticos do servo sofredor, Jesus Cristo. Este texto lança a base para ação proclamatória da glória de Deus. E a glória de Deus tem seu ápice na cruz Cristo.
  • Atos 11.19-30 e 13.1-3: O texto aponta a ação de Barnabé em Antioquia e o seu comissionamento para participar da primeira viagem missionária do Apóstolo Paulo.
  • Marcos 6.7-13: O Santo Evangelho para o dia de Barnabé trata-se de algumas orientações que Jesus deu aos seus discípulos antes de envia-los a um período de estágio ministerial.
Introito: [3]
  • O introito do dia tem como base o Salmo 135.1-3, sendo a antífona o Salmo 135.13. A antífona deste dia fala que o nome de Deus continuará sendo passado de geração a geração. Após, anunciar a antífona, encontra-se um convite de louvor dirigido aos servos do Senhor, mas aos servos que assistem na casa do Senhor. Num dia que se celebra São Barnabé, este salmo é muito adequado. É relevante destacar que o nome de Deus é louvado quando o seu Nome é passado de geração a geração.
Coleta do dia: [4]
  • A coleta do dia exalta o trabalho fiel de Barnabé que não trabalhou para a sua própria glória, mas que dedicou a sua vida e bens na proclamação do Evangelho. A súplica da coleta é que possamos seguir seu exemplo de vida dedicada à caridade e à proclamação do Evangelho.
Gradual: [5]
  • O gradual, que dá tom do período, neste caso, que dá o tom das celebrações do diversos apóstolos e evangelistas previstos no lecionário, vai em duas direções:
  1. enfatizando a atividade do pregador com base em Romanos 10.15b, Isaías 52.7b e Romanos 10.18b; [6]
  2. enfatizando a ascensão e concessão de dons aos seus discípulos a fim de que os santos de Cristo fossem aperfeiçoados e para edificação do reino de Cristo. [7]
  • O gradual da celebração de Barnabé segue esta segunda ênfase.
Verso: [8]
  • O verso do dia apresenta a proclamação do evangelho pelos discípulos de Jesus chamando seus ouvintes ao arrependimento.
Prefácio próprio: [9]
  • O calendário eclesiástico luterano prevê a celebração dos santos apóstolos de Jesus sob único prefácio próprio, sendo oferecido a possibilidade de mencionar a pessoa lembrada, neste caso Barnabé: “Portanto, com os patriarcas e profetas, com os apóstolos e evangelistas, com teu servo Barnabé, e com toda a companhia celeste, louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre, cantando:

BIOGRAFIA DE BARNABÉ

Quem foi Barnabé? O nome real de Barnabé era José, mas segundo Atos 4. 36, os apóstolos de Jesus o chamaram de Barnabé, que significa filho da exortação ou consolação. Ele não fazia parte dos doze apóstolos, apesar de que em Atos, juntamente com Paulo, é chamado de apóstolo. Ele apresentou o temido Saulo para os discípulos, que já era mais inimigo, mas sim um cristão.

Barnabé era um levita de Chipre, que vendeu um terreno e deu os rendimentos para a comunidade cristã primitiva em Jerusalém (Atos 4.36-37). São Paulo nos informa que ele era primo de João Marcos (Colossenses 4.10). Barnabé foi enviado pela Igreja de Jerusalém para supervisionar a jovem Igreja em Antioquia (Atos 11.22). Enquanto estava lá, ele foi para Tarso e trouxe Paulo de volta a Antioquia para ajudá-lo (Atos 11.25-26). Foi esta Igreja em Antioquia que comissionou e enviou Barnabé e Paulo na primeira viagem missionária (Atos 13.2-3).

No entanto, quando chegou o momento da segunda viagem missionária, Barnabé e Paulo discordaram sobre levar João Marcos juntamente com eles. Barnabé tomou Marcos e foi para Chipre; Paulo tomou Silas e seguiu para o norte pela Síria e Cilícia (Atos 15.36-41). Nada mais se sabe sobre as atividades de Barnabé, exceto que ele era aparentemente conhecido dos Coríntios (1 Coríntios 9.6). A tradição conta que Barnabé morreu como um mártir em Chipre ao ser apedrejado. [10]

REFLEXÕES SOBRE O TEXTO BASE

O texto base para o sermão é Atos 11.19-30 e Atos 13.1-3. Se na leitura do Antigo Testamento temos a base, o servo Sofredor; no Evangelho, as orientações deste Servo Sofredor aos seus discípulos; em Atos pode se perceber como a base (leitura de Isaías) e orientações (leitura do Evangelho) se concretizaram na vida de São Barnabé (leitura de Atos).

Deste texto destaco dois pontos: 1) Barnabé em Antioquia, Atos 11.19-30; 2) Paulo e 2) Barnabé na primeira viagem missionária, 13.1-3. O primeiro ponto destacado é Barnabé em Antioquia.

Barnabé foi enviado pelos apóstolos a Antioquia para verificar a situação da atividade missionária nesta cidade e especialmente a missão entre gentios. Ao ver a missão entre gentios, ele se alegra pela obra do Espírito Santo entre eles e toma duas medidas: 1) exorta e incentiva que os novos cristãos a permanecessem na fé Cristo e 2) ação em favor dos necessitados da Judeia.

Dentro deste contexto, ouvimos o testemunho sobre este servo de nosso Senhor Jesus Cristo: “Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.” ( Atos 11.24).

O segundo ponto a ser destacado é a segunda parte da perícope, Atos 13.1-3. Neste texto temos o comissionamento de Barnabé e Paulo para a primeira viagem missionária. Esta parceria entre estes dois servos é bem conhecida, sendo que em boa parte das referências ambos estão trabalhando em conjunto para a proclamação do Evangelho.

Onde o ser humano está, invariavelmente existe problemas e com São Paulo e São Barnabé não seria diferente, pois, em certo momento trabalharam separadamente por surgir entre eles uma discórdia: “E Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho. Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.” (Atos 15.37-40).


CELEBRANDO AS FESTAS MENORES CONFORME O ARTIGO XXI DA APOLOGIA

A Apologia da Confissão de Augsburgo é clara nos três pontos por que a comemoração dos santos de Cristo é salutar entre nós, luteranos. 1) Ao olharmos para a pessoa lembrada, São Barnabé, podemos agradecer a Deus por ter concedido servos fiéis a causa do Evangelho; 2) Deus continua o mesmo, pois, da mesma forma que atuou na vida de São Barnabé, atua em nossas vidas através dos meios que Ele escolheu; 3) Podemos olhar para a sua vida e ver um exemplo de fé e caridade.

HOMILIA

Festa de São Barnabé, Apóstolo (11 de junho)

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo seja convosco. Amém!

Dos textos lidos destaco: “e enviaram Barnabé até Antioquia. Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé.

Oremos: Gracioso Jesus, nós te damos graças por tudo o que fez, faz e farás em nossa vida; suplicamos, que assim como agiste na vida de Barnabé, aja em nossas vidas para que possamos viver uma vida agradável a ti. Amém.


Meus caros irmãos, desde o Domingo da Santíssima Trindade vivemos um período diferente na igreja Crista. Este período é chamado de período da Igreja. E nada mais oportuno de refletirmos na vida de pessoas que tiveram suas vidas transformadas pelo poder do Evangelho.

Refletir sobre a vida de grandes homens de fé tem três objetivos: agradecer a Deus pela vida daquela pessoa; fortalecer a nossa fé, pois, o mesmo Deus que agiu na vida da pessoa lembrada, também age na tua e na minha vida; por último, ter como exemplo de fé e de piedade.

Hoje estamos lembrando de Barnabé. Quem era Barnabé? O nome real de Barnabé era José, mas segundo Atos 4.36, os apóstolos de Jesus o chamaram de Barnabé, que significa filho da exortação ou consolação. Ele não fazia parte dos doze apóstolos, apesar que em Atos, juntamente com Paulo, é chamado de apóstolo. Barnabé apresentou o antigo Saulo, perseguidor, agora, Paulo, apóstolo de Cristo, aos apóstolos em Jerusalém. Ele foi um grande cristão que juntamente com o Apóstolo Paulo anunciou a salvação para muitos.

Não sei se isto acontece com vocês, mas quando penso nos grandes homens da Bíblia, já penso em alguém que viu perfeitamente todos os dias de sua vida. Tal ideia, que pode rodear os nossos pensamentos devido a nossa cultura, não tem nenhum suporte bíblico, muito pelo contrário, os grandes homens da Bíblia foram tão pecadores como todos nós. E esta verdade nunca foi escondida na Bíblia.

São Barnabé, apesar de todas as suas qualidades, não foi diferente, pois, é um homem pecador.  Paulo e Ele eram grandes parceiros na proclamação do Evangelho, indo para muitos lugares onde pregaram, ensinaram, foram perseguidos por causa do Evangelho. Em certa ocasião eles foram chamados e quase adorados como se fossem duas divindades gregas.

Mas o pecado também atingiu esta parceria evangelística. Em Atos 15.37-40, temos descrito a controvérsia entre eles, pois, Barnabé queria levar o seu primo e Paulo não. Esta divergência foi importante que eles deixaram de trabalhar em conjunto conforme Atos 15.39: “eles tiveram uma discussão tão forte, que se separaram. Barnabé levou João Marcos consigo e embarcou para a ilha de Chipre.

Em outra situação, narrada na carta de Gálatas, vemos que tanto o Apóstolo Pedro e como Barnabé agiram de forma incorreta, recebendo a correção do Apóstolo Paulo: “Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles.” (Gálatas 2.12-13).

A intenção de destacar Barnabé não é exalta-lo, mas si destacar a graça e a misericórdia do Deus Triúno na vida dele. Barnabé foi algo da graça do Deus Triúno que o levou a confiar e a crer em Jesus. O testemunho que temos dele é o seguinte: “Era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.”

Outro texto que destaco é a missão que ele recebeu dos discípulos: “Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.

Ele foi enviado para uma cidade onde pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos, Antioquia. Ele foi enviado com uma missão: ver o que estava acontecendo nesta cidade e especialmente a missão entre gentios.

Ele foi e viu o que estava acontecendo: pessoas que não eram do povo de Deus estavam sendo transformadas pelo Espírito Santo através da boa notícia do Evangelho. Para nós, falar da salvação de Jesus para todos é um fato normal. Ninguém de nós se escandaliza ao ouvirmos que Jesus morreu por todos e que todos devem saber desta boa notícia.

No entanto, a igreja do Novo Testamento, no começo de suas atividades, teve dificuldade com esta verdade, tanto é que foi tema do primeiro concilio da igreja. Barnabé ao ver a ação de Deus, poderia ter tomado o caminho contrário, ter pensado que aquilo estava errado. Mas não foi isto que aconteceu, ele ficou muito feliz por aquilo que o Deus Triúno estava fazendo.

Um segundo ponto, José recebeu o nome de Barnabé pelos apóstolos de Jesus. E Barnabé significa filho da consolação e da exortação. Em Antioquia, ele fez por merecer este nome, pois, exortava e encorajava os novos cristãos a permanecerem firmes na fé em Jesus.

Barnabé, homem comum, pecador, recebeu a graça de Deus. E por receber a graça salvadora pode ser lembrado com toda a tranquilidade. Não exaltamos e nem o diminuímos, mas exaltamos a graça de Deus na vida deste servo do Senhor. Lembrando os três motivos por que podemos celebrar o dia de Barnabé, segundo os documentos confessionais: 1) agradecer pelo servo fiel; 2) Deus agiu no passado e age hoje; 3) Exemplo de fé e piedade.

  1. Ao celebrarmos este dia, podemos agradecer a Deus por ter dado um servo fiel a sua Igreja, que de forma destemida anunciou o Evangelho junto com o Apóstolo Paulo.
  2. Podemos agradecer a Deus e confiar que o mesmo Deus que agiu através de Barnabé, age em nossas vidas. 
  3. Podemos ter ele como exemplo, que apesar de ser pecador, por Deus, também foi homem cheio de fé e do Espírito Santo; consolava e animava os irmãos. E que generosamente ajudava os irmãos necessitados. 
Que a paz de Deus que excede todo entendimento humano, guarde as vossas mentes e corações para a vida eterna. Amém.

LITURGIA PARA A FESTA DE SÃO BARNABÉ






Rev. Elissandro Ribeiro da Silva
Congregação Evangélica Luterana Paz - Ponta Grossa/PR


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  1. Culto Luterano – Lecionário, p. 326. Todas as referências deste estudo são retiradas de dois manuais
  2. Just, Arthur A. Heaven on Earth – the gifts of Christ in the Divine Service. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2008, p.142.
  3. Antífona: O teu nome, SENHOR, subsiste para sempre; a tua memória, SENHOR, passará de geração em geração.
    1. Aleluia! Louvai o nome do SENHOR; louvai-o, servos do SENHOR, / 2. vós que assistis na Casa do SENHOR, nos átrios da casa do nosso Deus. / 3. Louvai ao SENHOR, porque o SENHOR é bom; cantai louvores ao seu nome, porque é agradável.
    Gloria Patri: Gloria ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, como era no princípio, agora é e por todo o sempre há de ser! Amém.
    Antífona: O teu nome, SENHOR, subsiste para sempre; a tua memória, SENHOR, passará de geração em geração.
  4. Todo-poderoso Deus, teu servo fiel Barnabé não procurou sua própria fama, mas dedicou generosamente sua vida e propriedade para o encorajamento dos apóstolos e do ministério deles. Concede que possamos seguir seu exemplo com vidas dedicadas à caridade e à proclamação do Evangelho; através de teu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
  5. Quando Cristo subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.  Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,
  6. Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação. Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.
  7. Quando Cristo subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,
  8. Aleluia. Então os discípulos foram e anunciaram que todos deviam se arrepender dos seus pecados. Aleluia.
  9. É verdadeiramente digno, justo e de nosso dever, que em todos os tempos e em todos os lugares te demos graças, ó Senhor, santo Pai, onipotente, eterno Deus, pois, com poder, governas e proteges a tua santa igreja, na qual os abençoados apóstolos e evangelistas proclamaram o Evangelho divino e Salvador. Portanto, com os patriarcas e profetas, com os apóstolos e evangelistas, com teu servo Barnabé, e com toda a companhia celeste, louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre, cantando:
  10. http://teologiaeliturgialuterana.blogspot.com.br/

Festa de São Barnabé, Apóstolo – 11 de junho

"Libertação de São Paulo e São Barnabé", Claude-Guy Halle (1652-1736)
São Barnabé era um levita de Chipre, que vendeu uma terra e entregou o valor à comunidade cristã primitiva em Jerusalém (Atos 4.36-37). São Paulo nos conta que ele era primo de João Marcos (Colossenses 4.10). Barnabé foi enviado pela Igreja de Jerusalém para supervisionar a jovem Igreja em Antioquia (Atos 11.22). Enquanto estava lá, ele foi para Tarso e trouxe Paulo de volta a Antioquia para ajudá-lo (Atos 11.25-26). Foi esta Igreja em Antioquia que comissionou e enviou Barnabé e Paulo na primeira viagem missionária (Atos 13.2-3). No entanto, quando chegou o momento da segunda viagem missionária, Barnabé e Paulo discordaram sobre levar João Marcos juntamente com eles. Barnabé tomou Marcos e foi para Chipre; Paulo tomou Silas e seguiu para o norte pela Síria e Cilícia (Atos 15.36-41). Nada mais se sabe sobre as atividades de Barnabé, exceto que ele era aparentemente conhecido dos Coríntios (1 Coríntios 9.6). A tradição conta que Barnabé morreu como um mártir em Chipre ao ser apedrejado.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Isaías 42.5-12
† Salmo: Salmo 112 (antífona v. 1)
† Epístola: Atos 11.19-30; 13.1-3
† Santo Evangelho: São Marcos 6.7-13


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, teu servo fiel Barnabé não procurou sua própria fama, mas dedicou generosamente sua vida e propriedade para o encorajamento dos apóstolos e do ministério deles. Concede que possamos seguir seu exemplo com vidas dedicadas à caridade e à proclamação do Evangelho; através de teu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

FonteTreasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 422)