29/03/2015

Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor – 29 de março de 2015 (Ano B)

“Entrada de Jesus em Jerusalém” (c. 1620), Pedro Orrente (1588–1645)

O Filho de Davi ascende ao seu trono e reina em amor por meio da sua cruz

O Filho de Davi vem em humildade gentil, "montado em um filho de jumenta", porém como o Rei de Israel "em nome do Senhor" (Jo 12.13-15). Ele vem para ser levantado em glória na cruz, a fim de expulsar "o príncipe deste mundo" e atrair todos a si mesmo (Jo 12.23-32). Portanto, o convite para a Igreja é: “Alegra-te muito”, pois o seu Rei vem com salvação e "anunciará paz às nações" (Zc 9.9-10). Assim como Ele é ungido antecipadamente "para a sepultura" (Mc 14.8), assim também Ele ascende ao seu trono real como "o Rei dos Judeus" por meio de sua Paixão (Mc 15.2, 17-19, 26). “O Filho do Homem vai partir, como está previsto nas Escrituras a respeito dele”, pelo que o vereis "assentado à direita do poder de Deus" (Mc 14.21, 62). A glória de Deus é o amor, demonstrado na obediência humilde e no sacrifício voluntário do Filho de Deus para a salvação dos pecadores. Por isso, Deus o Pai "o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome" (Fp 2.9), para que Ele pudesse reinar sobre nós em amor com o perdão da sua cruz. — LCMS Lectionary Summaries

Cor litúrgica: Escarlate ou Roxa

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Zacarias 9.9-12
† Salmo: Salmo 118.19-29 (antífona v. 26) ou Salmo 31.9-16 (antífona v. 5)
† Epístola: Filipenses 2.5-11
† Evangelho: S. Marcos 14.1—15.47 ou Marcos 15.1–47 ou João 12.20–43


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, que enviaste teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, para tomar sobre si nossa natureza pecaminosa e sofrer a morte sobre a cruz, concede que possamos seguir o exemplo de sua grande humilhação e paciência e sermos feitos participantes de sua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. — Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia)

25/03/2015

25 de março - Anunciação de Nosso Senhor

“Anunciação” (1621), Guido Reni (1575-1642)

“A verdadeira humildade jamais sabe que é humilde. Pois, se o soubesse, se tornaria arrogante ao contemplar essa bela virtude. Pelo contrário, ela se apega, de coração, mente e todos os sentidos,às coisas insignificantes; é a essas que tem sempre em mente, são esses os pensamentos que a ocupam. E como tem em vista a essas, não pode ver nem reconhecer a si mesma. Muito menos ainda pode aperceber-se das coisas elevadas. Por isso a honra e a exaltação hão de surpreendê-la ocupada com pensamentos alheios à honra e à exaltação. Assim diz Lucas 1.29 que Maria estranhou a saudação do anjo e ficou matutando que saudação seria aquela, pois jamais a havia esperado. Se a saudação tivesse sido levada à filha de Caifás, esta não se teria preocupado em perguntar que saudação seria aquela; ela a teria aceito imediatamente e pensado: Correto! É assim que deve ser.”

-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, no Magnificat (Obras Selecionadas de Lutero, volume 6, p. 38-39)

24/03/2015

A religião e a igreja do perdão

"The Forgiving Father", por Sister Rigoberta OSF

"A religião cristã e a igreja cristã é uma religião e uma igreja do perdão. Em ambas, o perdão dos pecados é o centro em torno do qual tudo gira. Enquanto que em todas as outras religiões o ponto principal consiste em dar orientações para uma vida piedosa e virtuosa, no reino instituído por Cristo o ponto principal é o perdão dos pecados."

-- Rev. C. F. W. Walther (1811-1887), no sermão sobre Mateus 9.1-8 (Décimo Nono Domingo após Trindade)

22/03/2015

Quinto Domingo na Quaresma – 22 de março de 2015

“Cristo no Jardim do Getsêmani” (1750), Giovanni Battista Tiepolo (1696–1770)

Nos Santos Sacramentos partilhamos a glória da Cruz de Cristo

Jesus catequiza seus discípulos no caminho da cruz, revelando que ele será condenado e morto e "depois de três dias, ressuscitará" (Mc 10.33-34), mas os Doze não entendem. Em vez disso, eles discutem entre si sobre quem será o maior e Tiago e João ainda pedem lugares de honra, um à direita e outro à esquerda de Jesus na sua glória. No entanto, Jesus veio mesmo para tornar-se "escravo de todos" e "dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10.43-45). Jesus compartilha a verdadeira glória da sua cruz com todos os que são batizados com seu batismo e bebem seu cálice da salvação, o Novo Testamento no seu sangue (Mc 10.39). Através destes Santos Sacramentos, o Senhor se torna conhecido de todo o seu povo, perdoando os seus pecados, "desde o menor até o maior" de seus filhos e filhas (Jr 31.33-34). Apesar de Jesus ser o próprio Filho de Deus, ele "aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu" e assim se tornou nosso grande sumo sacerdote, para que possamos entrar em sua glória por meio de seu sacrifício (Hb 5.8-10). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

Cor litúrgica: Roxa

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Jeremias 31.31-34
† Salmo: Salmo 119.9-16 (antífona v. 10)
† Epístola: Hebreus 5.1-10
† Evangelho: S. Marcos 10.(32-34) 35-45

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, pela tua enorme bondade e misericórdia olha para o teu povo, a fim de sermos sempre governados e preservados em corpo e alma; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. — Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia)

19/03/2015

Evangelho do Dia – Festa de São José, Tutor de Jesus

“A Fuga para o Egito” (1737), Jerónimo Ezquerra (1660–1737)

Evangelho segundo S. Mateus 2.13-15,19-23

13 Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
14 Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito;
15 e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu Filho.
19 Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e disse-lhe:
20 Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino.
21 Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel.
22 Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as regiões da Galileia.
23 E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

Festa de São José, Tutor de Jesus – 19 de março

“São José carregando o Menino Jesus” (1665), Pierre Letellier (1614-76)

Hoje é a Festa de São José, tutor de Jesus. São José tem sido honrado ao longo dos séculos por sua fiel dedicação em ajudar Maria a criar Jesus. O Evangelho de Mateus nos diz que José era um homem justo, que seguiu as instruções do anjo e tomou a já grávida Maria como sua esposa (Mateus 1.24). Nos Evangelhos, Jesus é referido como “o filho do carpinteiro” (Mateus 13.55). Isto sugere que José tinha habilidades de construtor com a qual ele sustentou sua família. José seguiu as instruções do anjo ao levar Maria e Jesus para o Egito a fim de escapar da trama assassina de Herodes, o Grande (Mateus 2.14). José aparece pela última vez nas Escrituras quando ele e Maria fielmente levaram Jesus, aos doze anos de idade, a Jerusalém para a Páscoa (Lucas 2.41-51). José, o tutor de nosso Senhor, tem sido associado com a paternidade afetiva e caridosa.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

† Antigo Testamento: 2 Samuel 7.4-16
† Salmo: Salmo 127 (antífona v. 1a)
† Epístola: Romanos 4.13-18
† Santo Evangelho: São Mateus 2.13-15,19-23


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que da família de teu servo Davi fizeste nascer a José para ser o tutor de teu Filho encarnado e o marido de sua mãe, Maria, concede-nos a graça de seguir o exemplo deste trabalhador fiel em atender ao teu conselho e obedecer às tuas ordens; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1286-1287)

17/03/2015

Patrício, Missionário da Irlanda


Hoje nosso Sínodo comemora Patrício, Missionário da Irlanda. Não, não se trata apenas de um dia para trevos, duendes (leprechauns) ou bife enlatado e repolho. É um dia para agradecer a Deus por um vigoroso confessor! Patrício, nascido por volta de 389 na atual Grã-Bretanha e levado cativo para a Irlanda ainda jovem, escapou do cativeiro, mas acabou retornando para a terra de seu cativeiro para pregar o Deus que Ele viera a conhecer e confessar em suas tribulações. Reflita nestas palavras de sua famosa Confissão:

“Por esta razão não posso me calar, nem seria isto apropriado, diante de tantas dádivas e graças que o Senhor se dignou a me conceder na terra do meu cativeiro; porquanto esta é nossa maneira de retribuir para, depois da correção ou do reconhecimento de Deus, exaltar e confessar suas maravilhas diante de todas as nações que estão debaixo do céu.
Porque não há outro Deus, nunca houve antes, nem haverá no futuro, além de Deus pai não gerado, sem princípio, do qual procede todo o princípio, quem tudo possui, como dizemos; e seu filho Jesus Cristo, que assim como o pai evidentemente sempre existiu, antes do começo dos tempos em espírito ao pai. Criado inefavelmente antes da origem do mundo, e por ele mesmo foram criadas todas as coisas visíveis e invisíveis. Ele foi feito homem, venceu a morte e foi recebido no céu junto do pai, e foi-lhe dado todo poder absoluto sobre todo nome no céu, na terra e no inferno para que assim toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor e Deus, em quem nós cremos e esperamos que sua vinda breve está, como juiz dos vivos e dos mortos. Este que dará para cada um segundo os seus feitos, e derramou em vós abundantemente o seu Espírito Santo, o dom e a garantia da imortalidade, que tornou os crentes e obedientes em filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo: aquele que confessamos e adoramos, O único Deus na trindade do seu santo nome.”

As palavras de São Patrício estão muito bem incluídas no grande hino chamado de Couraça de São Patrício, a ele atribuído! Você pode lê-lo no hinário LSB (Lutheran Service Book), nº 604, "I Bind Unto Myself Today".

Louvamos a ti, Trindade Santíssima, por teu servo fiel Patrício e toda a hoste de missionários que proclamam ao mundo o verdadeiro Deus e chamam a todos para se deleitarem livremente com a salvação que está em Cristo Jesus. Amém.

-- Tradução de post na página do Facebook da Igreja Luterana - Sínodo Missouri.

16/03/2015

Evangelho Dominical – Quarto Domingo na Quaresma (Ano B)

“Iluminura” por Giulio Clovio (1498–1578), “A Crucificação de Cristo, Moisés e a Serpernte de Bronze”, Horas de Farnese (1546, Roma). MS M.69 (fols.102v–103r)

Evangelho segundo S. João 3.14-21

14 E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,
15 para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

14/03/2015

Quarto Domingo na Quaresma: Para os fiéis a morte já está morta

“Moisés e a Serpente de Bronze”, Pierre Subleyras (1699-1749)

"Para os fiéis a morte já está morta e não tem nada de terrível, exceto a aparência e a máscara. Da mesma forma a serpente morta ainda tem seu terrível aspecto anterior, mas na verdade ficou ali apenas a aparência externa e um mal morto e já inócuo. Sim, da mesma forma como em Nm 21.8ss. Deus ordenou erigir uma serpente de bronze, por cujo aspecto as serpentes vivas morriam, assim também morre nossa morte pela fidelíssima contemplação da morte de Cristo, e agora nada mais aparece do que uma imagem da morte. Assim, com estas belas figuras, a misericórdia de Deus preludia a nós pessoas fracas que a morte, ainda que não deva ser afastada, assim mesmo está esvaziada a tão-somente uma aparência de seu poder, razão por que as Escrituras preferem chamá-la de sono em vez de morte. O segundo bem da morte é que ela não só põe um termo aos males dos castigos da vida, mas, o que é de proveito ainda maior, põe um fim nos vícios e pecados, o que torna a morte bem mais desejável às almas fiéis, fiéis, como dissemos acima, do que o bem já referido, visto que os males da alma, os pecados, são incomparavelmente piores do que os males do corpo."


— Bem-aventurado Martinho Lutero (1483–1546), doutor e reformador da Igreja (Catorze Consolações para os que sofrem e estão onerados, 1520)

Fonte: LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas: O Programa da Reforma. Escritos de 1520. Vol. 2. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1989. pág. 25.

13/03/2015

Quarto Domingo na Quaresma (Ano B) – 15 de março de 2015

“Uma Alegoria do Antigo e Novo Testamento” (1530), Hans Holbein, o Jovem (1498–1543)
Jesus é levantado na Cruz, para que possamos olhar para Ele e viver

O povo pecou falando "contra Deus e contra Moisés" e o Senhor os chamou ao arrependimento, enviando serpentes abrasadoras, "que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel" (Nm 21.4-6). Quando o povo confessou seus pecados, o Senhor providenciou um meio de salvamento da morte. Ele instruiu Moisés a fazer uma serpente de bronze e colocá-la numa haste, de modo que todo aquele que foi mordido pela serpente, olhava para a serpente de bronze e continuava a viver (Nm 21.8). Assim também, Deus enviou o seu Filho ao mundo, em semelhança de nosso pecado e morte, e o levantou na haste da cruz, de modo que todo aquele que olhar para Ele com fé "tenha a vida eterna" (Jo 3.14-16). Através da sua cruz, "a luz veio ao mundo", não para condenação, "mas para que o mundo fosse salvo por Ele" (Jo 3.17-19). Estando nós "mortos em ofensas e pecados" nos quais andávamos outrora (Ef 2.1), Deus nos amou, chamando-nos ao arrependimento e levanta-nos com Cristo para viver com Ele "nos lugares celestiais" (Ef 2.4-6). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

Cor litúrgica: Roxa

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Números 21.4-9
† Salmo: Salmo 107.1-9 (antífona v. 19)
† Epístola: Efésios 2.1-10
† Evangelho: S. João 3.14-21


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, nosso Pai celestial, tuas misericórdias são novas a cada manhã; e apesar de merecermos somente punição, nos recebes como teus filhos e atendes todas as nossas necessidades, do corpo e da alma. Concede que reconheçamos de coração a tua bondade misericordiosa, dando graças por todos os teus benefícios e servindo-te de boa vontade; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. — Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia)

11/03/2015

Comemoração de Matias Flácio, Teólogo e Reformador – 11 de março

Retrato de Matthias Flacius  por artistas anônimos do séc. XVI (Foto: Peter Michaelis)

Matias Flácio Ilírico foi um reformador luterano que nasceu em 3 de março de 1520, em Labin, região da Istria, atualmente pertencente à Croácia. Aos dezesseis anos Flácio foi estudar em Veneza com o humanista Baptista Egnatius. Seu tio Baldus Lupetinus, provincial franciscano, o incentivou a continuar os estudos na Alemanha.
Flácio chegou em Augsburgo em 1539, onde ficou pouco tempo até se mudar para a Basileia, onde se matriculou na universidade e estudou hebraico e grego. Depois mudou-se para Tübingen para continuar os estudos.
Em 1541 Flácio foi recebido em Wittenberg por Philipp Melanchton e teve contato com Martinho Lutero. Aos vinte e quatro anos, Flácio recebeu o diploma de Mestrado na Universidade de Wittenberg. Sua graduação lhe valeu uma promoção imediata para professor de teologia.
Na sequência, Flácio mudou-se para Magdeburgo, onde começou a trabalhar nos 13 volumes de Ecclesiastica Historia (conhecidos popularmente como Centúrias de Magdeburgo) juntamente com Johannes Wigand e outros estudiosos. Ele também escreveu inúmeros tratados e panfletos sobre variados tópicos da teologia. Enquanto esteve em Magdeburgo, Flácio participou de tentativas de reconciliar as partes em conflito dentro luteranismo.
Em 1557, Flácio foi convidado para chefiar a recém-fundada faculdade de teologia na Universidade de Jena. Em Estrasburgo, Flácio completou o seu grande trabalho final, o Glossa compendiaria in Novum Testamentum (1570), um comentário sobre o Novo Testamento. Flácio passou seus últimos anos no convento de Weissen Frauen (também chamado Madalenas ou Penitentes) em Frankfurt, onde foi acolhido pela prioresa protestante Katharina von Meerfeld, juntamente com sua esposa enferma e filhos. Flácio morreu em Frankfurt, em 11 de março de 1575.
Muitos qualificam o trabalho hermenêutico de Flácio como sua conquista mais importantes e ele certamente foi um pioneiro nesta área. Sua Clavis Scripturae Sacrae (Chave para a Sagrada Escritura) estabelece que qualquer passagem da Bíblia deve ser interpretada levando-se em conta a finalidade e a estrutura de todo o capítulo ou determinado livro e que o sentido literal do texto deve ter prioridade sobre alegorias e metáforas. Flácio também contribuiu muito para a história e dogmática da Igreja.
Como teólogo, Flácio tentou permanecer fiel a Lutero, em particular à ênfase do reformador na vontade cativa. Infelizmente, o seu estilo muitas vezes abrasivo e sua posição extrema sobre o pecado original causou seu distanciamento de muitos outros luteranos firmes. Devido a isso, seu nome atingiu certo esquecimento e imerecido descrédito entre muitos luteranos confessionais, até mesmo nos dias atuais.
Em resumo, Flácio não conseguiu se encaixar entre os seus contemporâneos. No entanto, não podemos subestimar sua influência na preservação, promoção e exposição da teologia da Reforma Luterana. Em 1878, o biógrafo Johann Wilhelm Preger louvou Flácio: "Um homem de coragem resoluta, força insuperável, possuindo um extenso conhecimento raramente encontrado, com uma visão ampla e um espírito diligente."

08/03/2015

Evangelho Dominical – Terceiro Domingo na Quaresma (Ano B)

“A expulsão dos Cambistas do Templo” (1750), Giovanni Paolo Pannini (1691/92 - 1765)

Evangelho segundo S. João 2.13-22 (23-25)

13 Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém.
 14 E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados;
 15 tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas
 16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
 17 Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá.
 18 Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas?
 19 Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.
 20 Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás?
 21 Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo.
 22 Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus.
 23 Estando ele em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome;
 24 mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos.
 25 E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

Terceiro Domingo na Quaresma – 08 de março de 2015 (Ano B)

“Purificação do Templo” (1875), Carl Heinrich Bloch (1834-1890)

O corpo do Cristo crucificado e ressuscitado é o verdadeiro templo do Senhor

O Senhor resgatou seu povo Israel, o qual que ele "fez sair do Egito, da terra da escravidão" (Êx. 20: 2) e ainda fez sua graciosa aliança com eles, definida pelos Dez Mandamentos. Visto que o Senhor se tornou o Deus deles por intermédio de sua graça, eles deveriam ser o seu povo, não tendo "outros deuses" diante dele (Êx. 20.3). Ele é um "Deus zeloso" para com eles, assim como um marido é zeloso para com sua esposa e um pai é zeloso para com os seus filhos. O Senhor nomeou o seu povo com o seu Nome e lhes chamou para descansar nele (Êx 20.5-9). Jesus Cristo, o Filho encarnado, é igualmente zeloso para com a casa de seu Pai, pois esta deve ser um lugar da graça divina e descanso sabático para seu povo, e não uma "casa de negócio" (Jo 2.16-17). Seu zelo o consumiu de modo que entregou "o templo do seu corpo" para ser destruído na cruz, mas em três dias ele o levantou novamente para ser o verdadeiro templo para todo o sempre (Jo 2.17-21). Mediante sua crucificação ele purificou toda a família, e mediante sua ressurreição ele se tornou "sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1 Co 1.30). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

Cor litúrgica: Roxa

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Êxodo 20.1-17
† Salmo: Salmo 19 (antífona v. 8)
† Epístola: 1 Coríntios 1.18-31
† Evangelho: S. João 2.13-22 (23-25)

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, cuja glória é sempre ter misericórdia, sê gracioso para todos que se desviaram dos teus caminhos e traze-os de volta com coração arrependido e fé, para que abracem e mantenham a verdade imutável da tua Palavra; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. — Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia)

03/03/2015

Preparação quaresmal: cultos no meio da semana, jejum e caridade

A Igreja sempre se prepara do mesmo jeito: através do arrependimento. A Quaresma é um tempo de arrependimento. Ela dura quarenta dias, sem contar os domingos, nos fazendo lembrar do jejum de nosso Senhor no deserto e da peregrinação dos israelitas no deserto; dois acontecimentos de cunho austero. Como parte desse arrependimento, a Quaresma é um tempo no qual se intensifica a oração, o jejum e donativos aos pobres. No entanto, assim como o verdadeiro arrependimento não é simplesmente lamentar, mas é voltar-se do pecado em direção a Deus, não é só tristeza pelo pecado, mas ter fé em Jesus, assim também, a Quaresma não é somente um tempo de renunciar coisas, mas é também um tempo para acrescentar coisas que aumentam a nossa consciência da misericórdia de Deus em Cristo Jesus.

É por isso que a grande maioria de nossas congregações aumentam os cultos de adoração durante a Quaresma. O tempo da Quaresma oferece mais oportunidades para receber os dons de Deus conquistados pela morte e ressurreição de Cristo. Os cultos no meio da semana podem ser vistos como abrir mão do tempo livre ou do lazer, mas podem ser encarados de forma mais positiva como algo valioso sendo acrescentado às nossas vidas e como preparação para a vida por vir. O jejum também pode ser entendido desta forma. Não deve ser entendido simplesmente como negar alguma coisa ao corpo. O Jejum pode ser um treino para o corpo. Esse treino pode ser bom para a saúde física do corpo e serve como um preparo para os momentos de tentação ou perseguição. O mesmo acontece com as doações de caridade. Podemos ser tentados a pensar que estamos doando mais do nosso dinheiro, abrindo mão dele, mas é melhor pensar em como Deus tem nos abençoado não apenas com coisas materiais, mas também com a salvação e com o privilégio de repartir com os necessitados.

De qualquer forma, quer seja renunciando ou acrescentando algo, essas tradições adotadas na Quaresma não são salvíficas e nenhum pecado é cometido se forem ignoradas. Tais obras não impressionam a Deus, nem fazem merecer seu favor. Não precisamos impressionar a Deus. Ele já está satisfeito conosco através do Filho e nos ama. Essas tradições, no entanto, provaram ser benéficas para os cristãos ao longo dos séculos, e não há dúvida de que elas também serão benéficas para nós.

Rev. David Petersen, pastor sênior da Igreja Luterana Redentor, Fort Wayne, Indiana, EUA.

Tradução do artigo publicado na revista Lutheran Witness da Igreja Luterana - Sínodo Missouri.

Fatos da vida de Lutero


No dia 03 de março de 1565 morreu o jovem Martinho, filho de Catarina e Martinho Lutero, com a idade de 34 anos, em Wachsdorf, Alemanha.
Martinho foi o quarto filho e segundo menino do casal Lutero e nasceu um dia antes do aniversário de seu pai, em 1531. Ele e seu irmão Paulo estiveram com seu pai quando ele morreu em 1546.
Martinho foi mencionado algumas vezes nas cartas de seu pai. Aparentemente, quando menino era considerado mal-humorado em sua conduta e seu pai Lutero temia que ele se tornasse advogado. Em virtude de seu próprio estudo da lei, Lutero não desejava isso para seus filhos.
O jovem Martinho estudou teologia, mas não ingressou no ministério. Talvez por causa de sua saúde debilitada, tenha atuado como acadêmico. No dia 02 de setembro de 1560, se casou com Anna Heilinger, filha do prefeito de Wittenberg, Thomas Heilinger. O casal não teve filhos.