19/08/2016

Não me diga que em Jesus amigo temos até eu perceber que em você um amigo tenho


Lutero escreveu nos Comentários sobre suas Teses Debatidas em Leipzig (OSel 1:359) que "a Igreja é a estalagem na qual, após recebida a graça de Deus no Batismo, somos diariamente curados dos pecados", referindo-se à Parábola do Bom Samaritano. Isto aponta também para uma presença encarnacional (ou encarnada, como queiram) da Igreja na terra e sua natureza como corpo de Cristo. É o que acabo de ler num excelente artigo “Why Go to Church?” do Rev. Dale A. Meyer. Na impossibilidade de colocar melhores as palavras dele, transcrevo abaixo uma tradução livre de alguns fragmentos conclusivos do artigo que pode ser lido na íntegra (em inglês) na revista Concordia Journal, volume 23, nº 2 (2010).

“Para nós o corpo de Cristo quer dizer que estamos incorporados no Servo sofredor. Ao convite: “Venha à igreja e aprenda sobre o caminho da salvação", a réplica pós-moderna é: “Mas o que você tem feito pelos desabrigados ultimamente?” Será que a nossa vida em comum demonstra que estamos sob a estória daquele que diz: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37)? [...] “Por que ir à igreja?” Na parábola (estória!) de Jesus o bom samaritano aplicou o bálsamo de cura onde encontrou ferimentos. As feridas estão em diferentes lugares nas diferentes épocas, mas do modernismo ao pós-modernismo as feridas continuam sendo as feridas do pecado e da separação de Deus. Se paramos e nos inclinamos, não passando de largo, se ouvimos e observamos, examinamos nossas Escrituras e oramos por discernimento, podemos descobrir os ferimentos em seres pós-modernos que necessitam ter suas feridas atadas por samaritanos cuidadosos e um Deus cuidadoso. Eu oro para que os esforços de propagação do evangelho de nossa congregação e de toda a igreja tenham bom resultados. E esses esforços irão produzir resultados. Afinal, Deus é “poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3.20). Só não me diga que em Jesus amigo temos até eu perceber que em você um amigo tenho.”

“O Bom Samaritano” (1994), Ilustração de Dinah Roe Kendall, *1923, Sheffield, Inglaterra).

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