15/04/2017

Noite Pascal

"A Ressurreição" (c. 1715-16), Sebastiano Ricci (1659 - 1734)

"Hoje, a Igreja – a herdeira – exulta de alegria. Cristo, seu Esposo, que sofreu, acaba de ressuscitar… Alegra-te, ó Igreja, Esposa de Cristo! A ressurreição do teu Esposo ergueu-te da terra em que os transeuntes te esmagavam aos pés… Ó maravilha! … Foi semeado um único grão, e o mundo inteiro se alimenta dele. Como homem, foi imolado, como Deus foi restituído à vida e dá vida ao mundo… Como cordeiro, foi degolado, e como pastor, com o cajado da sua cruz dispersou o rebanho dos demônios. Como uma lâmpada sobre o candelabro, extinguiu-se na cruz, e, como o sol, levantou-se do sepulcro. Realizaram-se dois prodígios: o dia escureceu quando Cristo foi crucificado, e, na sua ressurreição, a noite brilhou como o dia. Porque se escureceu o dia? Porque, como está escrito: “Das trevas fez seu véu” (Sl 18.11). Porque é que a noite brilhou como o dia? Porque, como dissera o profeta: “Nem as trevas, para Vós, têm obscuridade: a noite brilha como a luz” (Sl. 139.12).

Ó noite mais clara do que o dia! Noite mais luminosa do que o sol! Noite mais branca do que a neve, mais brilhante do que os nossos luzeiros, mais doce que o paraíso! Ó noite, que não conheces as trevas, que afastas o sono e nos fazes velar com os anjos! Noite pascal, espanto dos demônios, esperada ao longo de todo um ano! Noite nupcial da Igreja, que fazes nascer os recém-batizados e despojas o demônio adormecido! Noite em que o herdeiro leva os seus co-herdeiros a tomar parte na herança."

- santo Asterius (c. 350 - c. 410), bispo capadócio de Amasya, na antiga província romana do Ponto (Coleta, Homilia XIX sobre o Salmo 15)

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