31/05/2017

A Visitação de Maria

A Visitação de Isabel por Maria (2005), por Brigid Marlin (1936 - ) - Collection of Christ the King's Priory, Tororo, Uganda.


Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidadezinha da Judeia. Entrou na casa de Zacarias, e saudou a prima Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com voz forte exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu” (Lucas 1,39-45).

Esse texto bíblico nos traz alguns dados importantes para a nossa vida de oração e de vivência da fé, e que precisam ser resgatados. A pressa de Maria significa a urgência da situação. Há situações que não podem esperar. Isabel e Zacarias representam a categoria dos excluídos. Eles tinham idade avançada, e Isabel era estéril. O casal não tinha gerado filho. Naquela época, quem não gerasse filhos era tido como amaldiçoado por Deus e excluído da comunidade, tendo que ir morar nas periferias, nos lugares afastados. A região montanhosa representava lugar de exclusão, mas também da manifestação de Deus, pois ele se manifesta nesses lugares. Assim, a pressa de Maria mostra que é urgente irmos ao encontro de quem está precisando; de quem é marginalizado; daqueles cuja vida corre risco. Entendemos aqui o motivo da sua pressa. Ela nos ensina a urgência da missão, a urgência em socorrer as pessoas que sofrem; a urgência em solucionar determinadas situações que não podem esperar. Não podemos ficar de braços cruzados quando há tantos irmãos e irmãs passando por dificuldades.

Oremos:

Senhor, ajudai-me a perceber as necessidades de meus irmãos e irmãs e a não ser indiferente a elas. Que eu possa me colocar sempre à disposição para servir, indo ao encontro dos que necessitam, dos distanciados e de todos aqueles que se desviam do seu caminho. Dai-me a força necessária para ser, a exemplo de Maria, verdadeiro discípulo missionário. Amém.

Texto extraído do livro: “Em oração com Maria”, de Paulinas Editora.

A Visitação

“A Visitação” (2015), de Laura McGowan
Na Festa da Visitação lembramos a ocasião em que Maria visitou Isabel. A jovem mãe de nosso Senhor Jesus demonstrou coragem e fidelidade dignas de louvor ao carrega-lo no ventre. Com grande humildade, ela procurou dar toda a honra e glória a Deus por este milagre, e não para si mesma. Que o Espírito Santo nos ajude a reagir da mesma forma a todas as ações de Deus em nossas vidas!

Abaixo, uma bonita meditação de Lutero sobre o Cântico de Maria, o Magnificat, que se encontra na íntegra no volume 6 das Obras Selecionadas de Lutero em português:

Pois me fez grandes coisas aquele que é poderoso, e santo é seu nome.” [Lc 1.49]
 
Portanto, com essas palavras a santa mãe de Deus quer expressar o seguinte: nada de todas essas coisas e grandes bens é meu, mas aquele que é o único que faz todas as coisas e cujo poder exclusivo atua em tudo, este me fez estas grandes coisas. Pois a palavra “poderoso” não significa aqui um poder quiescente, como se diz que é poderoso um rei temporal, mesmo quando descansa e nada faz; mas é um poder ativo e uma atividade constante, que está em movimento e atividade permanente. Pois Deus não descansa, mas atua incessantemente...
 
Por isso ela acrescenta: “E santo é seu nome”. Isso significa: assim como não me arrogo a obra, também não me arrogo o nome e a honra. Pois a honra e o nome competem somente àquele que realiza a obra. Não é justo que um faça a obra e outro leve o nome e receba a honra. Eu sou apenas a oficina na qual ele trabalha, mas nada contribuí para a obra. Por isso ninguém me deve louvar nem dar-me a honra por me ter tornado a mãe de Deus. Mas deve-se honrar e louvar em mim a Deus e sua obra. Basta que as pessoas se alegrem comigo e me declarem bem-aventurada porque Deus me usou para fazer cm mim essas suas obras. Vê como ela atribui todas as coisas inteiramente a Deus. Não reclama para si nenhuma obra, nenhuma honra, nenhuma glória. Comporta-se como antes, quando ainda não tinha nada dessas coisas, também não busca mais honra do que antes. Não se vangloria, não alardeia que se tomou mãe de Deus, não exige honra, mas vai e trabalha na casa como antes, ordenha as vacas, cozinha, lava a louça, varre e ocupa-se como uma empregada ou uma dona de casa deve ocupar-se com trabalhos pequenos e insignificantes, como se não se importasse com esses dons e graças extraordinários...
 
É isso, portanto, o que significa: “Santo é seu nome”. Pois “santo” significa o que foi separado, consagrado a Deus, o que não se deve tocar nem manchar, mas honrar. “Nome” significa, por sua vez, boa reputação, fama, louvor e honra. De maneira que todos devem manter distância do nome de Deus, ninguém deve tocá-lo nem apropriar-se dele... Isso significa que ninguém deve usurpar o nome de Deus; pois significa profanar o nome de Deus quando nos gloriamos e aceitamos honra, ou quando encontramos agrado em nós mesmos e quando nos gloriamos de nossas obras ou bens, como o faz o mundo que blasfema e profana o nome de Deus sem cessar. Pelo contrário, como as obras são exclusivas de Deus, também o nome compete exclusivamente a ele, e todos os que santificam seu nome desta maneira e renunciam à honra e a glória, esses o honram de verdade.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, em O Magnificat (Obras Selecionadas de Lutero, vol. 6. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1996. p. 51-52)

O amor de Lutero por Santa Maria, Rainha do Céu

 Por Diac. Betsy Karkan

     Talvez esta não seja a sua opinião. Em seus escritos devocionais sobre o Magnificat, Lutero resume cuidadosamente como devemos e como não devemos honrar esta “Muito Bendita Virgem Mãe”. Lutero não quer dar a ela falsos atributos ou devoção idólatra, nem depreciar “o motivo pelo qual ela é uma pessoa singular dentre todo o gênero humano” como a Mãe de Deus. As Confissões Luteranas (Artigo XXI da Confissão de Augsburgo e Apologia) respaldam Lutero ao apresentar um esquema tríplice de como os cristãos podem honrar Maria e todos os outros santos de forma apropriada. Além disso, a forma como os cristãos falam sobre ela reflete o que a Igreja crê sobre a natureza de Cristo e sua posição em relação à criação.

     Para aqueles que acreditam que Maria tornou-se merecedora desta honra por seu próprio mérito ou dignidade, Lutero aponta para as próprias palavras de Maria em relação a sua baixeza e a obra de Deus Pai para com sua humilde serva. Lutero afirma que ela não é escolhida porque é “mais rica, bela, jovem e culta, gozando da mais honrosa reputação aos olhos de todo o país. Entre os vizinhos e suas filhas ela foi uma moça comum... sem dúvida, em nada diferente como o faz uma pobre doméstica de hoje” [1]. Ela é chamada de bendita não por causa de seu próprio mérito ou dignidade, mas porque Deus lhe concedeu essa dádiva, fazendo esta poderosa obra dentro dela. Lutero afirma: “Ela não diz que irão falar muito bem dela, elogiar sua virtude, exaltar sua virgindade ou humildade ou, quem sabe, entoar um hino para exaltar seu feito. Pelo contrário, falarão somente do fato de Deus ter posto os olhos nela, e se dirá que ela é bem-aventurada por causa disso. Com isso não se louva a ela, mas a graça de Deus para com ela” [2]. Apesar de admitir que o título “Rainha dos Céus” seja “certo”, Lutero adverte o leitor a não cometer exagero [3]. Ele adverte contra aqueles que tornaram um costume diminuir a sua nulidade e humildade, elevando-a uma posição como a de uma deusa, que possuiria atributos divinos iguais a Cristo e seria digna dessa posição por si própria, menosprezando assim a graça de Deus. Nessa posição exaltada, ela se torna para muitos uma co-redemptrix a quem as pessoas “clamam mais do que a Deus” [4]. Melanchthon concorda: “Ainda que é digníssima das honras mais excelsas, ela não quer, todavia, que a igualemos a Cristo. Quer antes que consideremos e sigamos os exemplos dela” [5].


     Em resposta, muitos protestantes vão para o extremo oposto e jogam fora o proverbial bebê com a água do banho, recusando-se a dar qualquer honra a Maria porque isto pode ser visto como idolatria. Isto é um pouco equivocado e parece mais motivado pela autojustificação do que um conflito real com as Escrituras, com as Confissões e até mesmo com os Pais e Mães da Igreja. Isso levou a uma prática imprópria e preocupante entre muitos protestantes e luteranos, não só em relação a Maria e aos santos, mas também em outras áreas da prática cristã. Se alguma coisa simplesmente parece ou soa “muito católico” na devoção pessoal ou no culto corporativo, então isto é descartado como se ambos não possuíssemos as mesmas dádivas que Cristo concedeu a sua Igreja. Ao invés de desfrutar a riqueza que essas coisas contribuíram para o culto e a vida devocional dos cristãos por milênios, muitos optam por dispensá-la, guiados pelo seu próprio sentimento de piedade.

    
Lutero, no entanto, não tem receio de dar a Maria toda a honra que ela merece. Ele a chama, com entusiasmo, de “muito bendita Mãe de Deus, bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Cristo” e até mesmo de “Rainha dos Céus” [6]. Ele também se maravilha com a sua fé e a humildade, perguntando: “Não percebes quanto é maravilhoso esse coração?” [7] De que ela é uma pessoa singular como Mãe de Deus: “Ninguém pode dizer coisa mais sublime dela e a ela, ainda que tivesse tantas línguas como existem folhas e ervas, estrelas no céu e areia no mar” [8].


     Como bom professor, Lutero não usa esses títulos para dar a ela honra sem motivo. Ele sabe que há algo de grande valor a ser aprendido com eles. Como o Artigo XXI da Apologia declara, ao honrar os santos, os cristãos são “ensinados a dar graças a Deus, a estarem fortalecidos na fé e encorajados a imitar a fé e as virtudes deles” [9]. A maneira como falamos de Maria e da obra de Deus nela também é uma confissão daquilo que cremos sobre Cristo e sua obra em nós. Ao dizer que Maria é Mãe de Deus, os cristãos confessam que Cristo é Deus e Homem ao mesmo tempo, duas naturezas unidas em uma só pessoa. Em Maria, vemos que Deus escolheu se colocar dentro do seu ventre e somos lembrados de que Ele também escolhe colocar-se dentro de nós através de sua Palavra e Sacramentos. Além disso, na nulidade e humildade de Maria, vemos a graça do Senhor e a mão misericordiosa para conosco pobres pecadores, como diz São Paulo: “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” [10]. Os cristãos são alentados de que, mesmo em nosso estado pobre, desprezado e humilde, Deus escolhe conceder sua graça e favor a nós, como a Maria, ao operar os seus poderosos feitos em nós.

- A diaconisa Betsy Karkan serve na Concordia Univeristy-Chicago, EUA.


[1] Lutero, O Magnificat

[2] Ibid

[3] Ibid

[4] Ibid

[5] Apologia, Artigo XXI:27

[6] Lutero, O Magnificat
[7] Ibid

[8] Ibid

[9] Apologia, Artigo XXI:4

[10] 1 Coríntios 1.27


Artigo publicado originalmente em inglês no portal LutheranReformation.Org

A Visitação da Bem-aventurada Virgem Maria – 31 de maio


João Batista e Jesus, as duas grandes figuras da história da salvação, agora se encontram na visita da Virgem Maria a Isabel (Lc 1.39-45), ambas as quais conceberam seus filhos em circunstâncias milagrosas. Desta forma, João é trazido à presença de Jesus enquanto eles ainda estão no ventre de suas mães. Essa presença do Senhor provoca uma resposta por parte do menino João quando ele estremeceu no ventre de Isabel. A resposta de João com a presença de Jesus, o Messias, prenuncia o papel de João como Precursor. Desde já, uma nova criação está começando, e um bebê ainda no útero saúda o princípio da nova criação. No estremecimento de João são prenunciados os milagres de Jesus que fará toda a criação estremecer em sua presença: “os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Lc 7.22). A presença encarnada do Messias também evoca uma resposta de Isabel, que proclama a bem-aventurança de Maria. O Magnificat de Maria (Lc 1.46-55) fornece o significado teológico desta visita, quando Maria recapitula sua condição na história da salvação. O Cântico de Maria é um hino a Deus por seus dons graciosos concedidos àqueles que tem menor importância neste mundo, os quais Ele levanta da baixeza unicamente por causa da sua graça e misericórdia.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:
 
† Salmo 138 (antífona v. 8a)
† Isaías 11.1-5
† Romanos 12.9-16
† Lucas 1.39-45 (46-56)

ORAÇÃO DO DIA:
 
Todo-poderoso Deus, tu escolheste a Virgem Maria para ser a mãe de teu Filho, e fizeste conhecer através dela a tua graciosa estima para com os pobres, humildes e desprezados. Concede que possamos receber a tua Palavra com humildade e fé, e assim sejamos feitos um com Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008)

25/05/2017

A ASCENSÃO DO SENHOR - Missão de Deus e a Igreja


A ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR
O Evangelho segundo São Lucas 24. 44-53

A Missão de Deus e a Igreja

            Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

         Perguntar pela “missão” de um grupo, organização ou empresa é mexer com a essência da coisa. Afinal, ao se definir a “missão” de algo, está se respondendo qual é o seu fundamento. Desse modo, quando falamos de “missão” na Igreja, precisamos levantar a seguinte questão: qual é o fundamento e essência que dá sentido para mantermos nossas portas abertas?
         O Evangelho para este dia especial em que celebramos a Ascensão de nosso SENHOR fornece algumas explicações importantes para tratarmos adequadamente a temática “missão”.

         Iniciamos nossa reflexão pelo que é básico: O que é “missão” para a Igreja? Provavelmente, as primeiras respostas para esta questão estariam relacionadas com aquilo que fazemos, por exemplo: entrega de folhetos, abordagens na rua, contato de casa em casa, eventos públicos e populares, ação social, etc. Será que estes exemplos, realmente definem o que é a “missão” na Igreja?
         Antes de mergulharmos no texto, duas coisas precisam ser esclarecidas: 1) todas estas atitudes e exemplos citados são belos, louváveis e de grande valor. E todas estas coisas podem ser incentivas e realizadas, pois, de certa forma, fazem parte da “missão”. 2) No entanto, não podemos definir estas ações como sendo a “missão” para a Igreja; pois, como vimos, “missão” tem a ver com a essência e o fundamento de algo. Portanto, se nós dissermos que a “missão” na Igreja é aquilo que nós estamos desenvolvendo, planejando e realizando, então, precisamos admitir que a essência e o fundamento da Igreja somos nós. Será que é isso?

         Jesus, segundo São Lucas 24.44, diz: “na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, tudo o que está escrito é sobre mim”; ou seja, o centro das Sagradas Escrituras é Cristo – ele é a essência e o fundamento – inclusive da Igreja, pois esta aceita e reconhece as Escrituras como Palavra de Deus. Sendo assim, “missão” na Igreja está muito mais relacionado com o que Deus fez e faz do que com a gente. De uma forma simples, a “missão” não é nossa, a “missão” é de Deus! Isto significa que a Igreja como tal, não possui uma “missão” própria; na verdade, ela participa, está inserida, e é usada como um instrumento da Missão de Deus.
         Sabendo disso, perguntamos: Afinal, então, que é a Missão de Deus? E a resposta, conforme o Evangelho de hoje é Deus vindo ao encontro do ser humano e lhe “abrindo o entendimento para compreender as Escrituras” (São Lucas 24.45), a fim de que este ser humano seja resgatado pela Obra Redentora de Cristo que “padeceu e ressuscitou dentre os mortos” (São Lucas 24.46) – esta é a Missão de Deus!
         Agora, também podemos perguntar: E a Igreja, e nós, onde ficamos nisso? Em primeiro lugar, precisamos saber e reconhecer que nós somos alvo da Missão de Deus. Pelo poder do Espírito Santo, nosso entendimento é aberto para as Escrituras, para confiarmos na Obra de Cristo. Em outras palavras, a Igreja só é Igreja porque Deus foi missionário para com ela. Por causa disso, agora que fomos chamados, iluminados e congregados pela ação do SENHOR, reconhecemos quão grandiosa é a Missão de Deus, e como ela foi e continua sendo maravilhosa em nossas vidas; nós, como Igreja, pregamos, anunciamos e confessamos “o arrependimento para a remissão dos pecados” (São Lucas 24.47), ou seja, “somos testemunhas” (São Lucas 24.48) da Missão de Deus – testemunhas de um Deus que leva ao arrependimento, através do reconhecimento do pecado e absolve através do seu perdão. Os discípulos de Jesus entenderam isso e mais adiante disseram: “nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos dos Apóstolos 4.20).
        
         Com esta perspectiva da Missão de Deus, podemos agora olhar para a nossa Igreja e questionar: nossa Igreja é uma Igreja missionária? Absolutamente sim! Não que ela seja a autora da Missão, mas porque Deus está agindo missionariamente nela e através dela. Como enxergamos isso, na prática? Ali onde Cristo é o centro – a essência e o fundamento – está ocorrendo a Missão de Deus; ali onde o SENHOR está levando pessoas ao arrependimento e efetivamente dando o seu perdão, está acontecendo a Missão de Deus. Visualmente, enxergamos esta Missão de Deus no Batismo, na Confissão e Absolvição, na Proclamação da Palavra e na Ceia do SENHOR. Portanto, enquanto a Igreja possuir como essência e fundamento a Palavra e os Sacramentos – isto é, o próprio Cristo – ela será uma Igreja missionária e terá o que testemunhar, pois a Missão de Deus está acontecendo nela.
         Não temos uma “missão” própria, como às vezes achamos. Mas, temos o privilégio de fazer parte da Missão de Deus, e assim como os discípulos, após a Ascensão do SENHOR, testemunhar esta Missão “com grande júbilo” (São Lucas 44.52). E para isso, podemos usar diversas oportunidades e ferramentas que o SENHOR nos permitir; mas, nunca esquecendo ou deixando em segundo plano o que é essencial e fundamental. Sobre isso, o Dr. Klaus D. Schulz, diz:
O testemunho do cristão está intimamente ligado à sua espiritualidade. Porém, entendam bem, a verdadeira espiritualidade tem o seu início no Batismo. Ali, Deus nos alcança missionariamente, e nos faz nascer de novo. Depois, continuamos sendo alimentados na Palavra e na Ceia do SENHOR. São nestes Meios da Graça que recebemos a Cristo, e dele provém a verdadeira espiritualidade para sermos suas fiéis testemunhas”.
           
Complementando, o Dr. Naomi Mazaki, afirma:
Assim, a Missão de Deus busca reunir pessoas ao redor da Fonte Batismal, do Púlpito e da Mesa com a Ceia do SENHOR. Pois são nestes Meios que efetivamente ocorre arrependimento e perdão dos pecados”.

            Uma última palavra: onde e como a Igreja pode dar o maior e melhor testemunho? O maior e melhor testemunho da Igreja acontece aqui no Altar! Conforme I Coríntios 11.26, todas as vezes que participamos da Ceia do SENHOR, estamos “anunciando – testemunhando – a morte do SENHOR até que ele venha”.
         Igreja Missionária é uma Igreja Testemunha de um Deus missionário – onde a Palavra é pregada puramente, onde pessoas são trazidas ao Batismo, confessam os seus pecados e recebem o perdão; e assim, anunciam esta Missão – a Obra do SENHOR – até que ele venha.
         Isto é Missão de Deus! E nós “louvamos a Deus” (São Lucas 24.53) e o agradecemos por termos o privilégio de testemunharmos em nós e ao nosso redor esta Missão! Deus abençoe o nosso testemunhar!
        
         Amém!


Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e Cristo Rei” em Cariacica/ES
No dia da Ascensão de nosso SENHOR, 2017 AD




24/05/2017

Comemoração da Rainha Ester - 24 de maio

"Ester", atribuida a Kate Gardiner Hastings (1837-1925)

Ester é a heroína do livro bíblico que recebe seu nome. Seu nome hebraico era Hadassa, cujo significado é “murta”. Sua beleza, charme e coragem lhe foram úteis como rainha do rei Assuero. Nesse papel, ela foi capaz de salvar o seu povo do extermínio em massa que Hamã, principal conselheiro do rei, havia planejado (2.19 – 4.17). As proezas de Ester para expor a trama, resultaram no enforcamento de Hamã na mesma forca que ele havia construído para Mordecai, tio e tutor de Ester. O rei então nomeou Mordecai como ministro de estado no lugar de Hamã. Esta história é um exemplo de como Deus intervém em favor de seu povo para livrá-los do mal, tal como aqui, através de Ester ele preservou o povo do Antigo Testamento, por meio do qual o Messias viria.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que agraciaste tua serva Rainha Ester, não apenas com beleza e elegância, mas também com fé e sabedoria. Concede-nos, também, poder usar as qualidades que generosamente nos concedeste para a glória do teu poderoso nome e para o bem do teu povo, para que através da tua obra em nós, possamos ser protetores dos oprimidos e defensores dos fracos; através de teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 373)

18/05/2017

A Cristianização da Finlândia

O artigo abaixo foi escrito em 1955 pelo Rev. John Theodore Mueller (1885–1967) no Concordia Theological Monthly, por ocasião dos 800 anos de cristianização da Finlândia. O Rei Érico IX da Suécia e o bispo inglês Henrique de Upsala figuram como importantes promotores da missão cristã naquele país.

“S.t Erik (den helige) och S.t Henrik (biskop)”, 1911 – por Carl Olof Larsson (1853–1919)
"O Ev.-Luth. Kirchenzeitung (15/05/1955) publicou um pequeno esboço da cristianização da Finlândia. A primeira tentativa de evangelizar aquele país foi feita em 1155, embora muitos achados em sepulturas antigas comprovem que o Evangelho já era conhecido por lá antes desse tempo. Um proeminente promotor da religião cristã na Finlândia foi o rei Érico Jedvardsson da Suécia, embora o verdadeiro santo patrono da Finlândia seja um inglês, chamado Henrique, que sofreu o martírio ao estabelecer a Igreja Cristã naquele território. No entanto, foi apenas de forma gradual que o povo finlandês como um todo aceitou Cristo, e foi só depois do ano 1300 que o cristianismo floresceu entre eles. Mesmo assim, o cristianismo permaneceu relativamente independente de Roma. Quando Gustav Wasa introduziu a Reforma na Suécia, ele também procurou difundir o Evangelho na Finlândia. Seu maior teólogo evangélico foi Mikael Agricola, que estudou em Wittenberg e depois de seu retorno à pátria tornou o finlandês uma linguagem literária. Como bispo de Turku (Äbo), ele contribuiu para que a Bíblia e o Catecismo Menor de Lutero se tornassem os livros mais estudados na Finlândia. Em 1640 estabeleceu-se em Turku uma universidade, cuja faculdade teológica contribuiu decisivamente na difusão dos escritos de Lutero e de outros teólogos luteranos em seu país. O pietismo foi aceito na Finlândia com grande entusiasmo, e está vivo nos muitos movimentos religiosos populares, principalmente entre os leigos, que se tornaram influentes, especialmente no século XIX. Em 1869, o bispo P. L. Schauman reorganizou a igreja luterana na Finlândia e deu-lhe uma nova lei canônica, que ainda é muito apreciada como uma espécie de magna charta religiosa. Apesar de sua influência generalizada, o racionalismo não conseguiu remover do povo finlandês seu profundo amor pela Bíblia e pelo Catecismo de Lutero."
JOHN THEODORE MUELLER

Fonte: Concordia Theological Monthly, Vol. 26, Nº 9, set. 1955. pág. 700.

Comemoração de Érico IX da Suécia, Mártir – 18 de maio


Érico IX Jedvardsson foi governante de grande parte da Suécia de 1150 a 1160. Ele era o chefe de um reino cristão com reinos pagãos nas proximidades, todos compartilhando uma antiga tradição de combate. Por volta de 1155, ele chefiou uma expedição para a Finlândia, até então vagamente sob o domínio sueco, para consolidar a autoridade sueca naquela região e estabelecer uma missão cristã que foi liderada por Henrique de Uppsala, considerado o fundador da Igreja na Finlândia. Érico também é conhecido por propiciar à Suécia leis e tribunais justos e por tomar medidas destinadas a ajudar os pobres e os enfermos. Quando ele estava numa igreja em 18 de maio de 1160, no dia seguinte ao Dia da Ascensão, foi informado de que um exército pagão dinamarquês se aproximava para matá-lo. Ele respondeu: “Vamos, pelo menos, terminar o culto; o restante da festa celebrarei em outro lugar”. Ao sair da igreja, os pagãos avançaram sobre ele e o mataram.
Érico foi honrado como um defensor da fé cristã e como um herói nacional, predecessor de uma longa linhagem de reis suecos. Trinta anos após sua morte, seu nome figurou no calendário santoral sueco.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que chamaste o teu servo Érico da Suécia para um trono terrestre, para que ele possa fazer avançar o teu reino celestial, e dar-lhe zelo pela tua Igreja e amor pelo teu povo. Misericordiosamente concede que nós que o comemoramos neste dia, , E alcançar a gloriosa coroa de seus santos; Por meio de Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina convosco e com o Espírito Santo, um só Deus, para todo o sempre.
 
Fonte: James E. Kiefer (Biographical sketches of memorable Christians of the past)

14/05/2017

Consolo sublime

Cristo na Cruz com a Virgem e São João (1510) - Albrecht Dürer
Eis diante da cruz Maria, mãe de Jesus. Não está só, afinal. A irmã dela e duas amigas, também chamadas de Maria - a mulher de Cléopas e Madalena -, a amparam, enxugando lágrimas, segurando mãos, acolhendo em abraços o corpo cansado da mãe que vê partir o filho com o coração apertado.
Mas, da cruz, o menino de Maria, a mãe, as contempla. E vê também o amigo, o discípulo amado. Compadece-se do sofrimento materno e, antes do derradeiro suspiro, concede à mãe enlutada um filho para a amparar e ao amigo querido uma mãe para o amar. Consolo sublime na hora mais dura: receber um filho, ganhar uma mãe.


Baseado em João 19.25-27

Fonte: Mãe, Te Amo! São Leopoldo: Ed. Sinodal, 2007. pág. 5.

13/05/2017

Deus abençoe as mães

Mother's Love, por Akiane Kramarik (1994 - )


Ó Deus, Pai do céu,
Tem compaixão de nós.
Ó Deus Filho, Redentor do mundo,
Tem compaixão de nós.
Ó Deus Espírito Santo,
Tem compaixão de nós.
Preserva a todas as parturientes e todas as mães com seus filhos, acrescendo felicidade em suas bênçãos;
e tenha piedade de todos nós:
Nós te rogamos: ouve-nos, bom Senhor.

Feliz dia das Mães

Que Deus conceda sempre amor e que sejamos obedientes às nossas mães!
 
In Favour with God / Em graça diante de Deus (Jesus Orando com sua Mãe), by Simon Dewey (1962 - )
“E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso.” (Lucas 2.51)

"Nestas palavras o evangelista resume toda a juventude de nosso Senhor Jesus Cristo.

Agora, o que significa: “era-lhes submisso?” Simplesmente isso: cumpriu o quarto mandamento. Fez aquelas tarefas que pai e mãe querem que sejam feitas em casa, ou seja: buscou água, pão e carne; cuidou da casa, e fez outras coisas semelhantes a estas, conforme era mandado, como qualquer outra criança. Eis o que o querido menino Jesus fez.

Por isso, todas as crianças piedosas e que amam a Deus deveriam dizer: Ah! não sou digno dessa honra de ser igual ao menino Jesus, fazendo o que ele, meu Senhor, fazia. Ele ajuntava gravetos e fazia outras coisas que seus pais lhe ordenavam, coisas que aparentemente eram tarefas bem simples e insignificantes, mas que têm que ser feitas em qualquer casa. Puxa vida, que crianças boazinhas não seríamos, se fizéssemos aquilo que nossos pais nos mandam fazer, por mais insignificante e humilde que isso seja.

Cristo é Senhor de tudo. Não obstante, para nosso exemplo, ele se humilha e obedece a pai e mãe. Por isso deveríamos fazer o máximo para aprender bem essa história e ficar felizes quando somos assim obedientes e fazemos nossas tarefas, levando em conta que o próprio Cristo não se aborrecia com tais trabalhos."

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.

11/05/2017

A missão de Cirilo e Metódio, os irmãos tessalonicenses

Santos Cirilo e Metódio (1936), Jozef Hanula (1863-1944)
A conversão da Morávia e da Boêmia pelos dois célebres irmãos Cirilo e Metódio é de grande importância para os missiólogos. Os missionários francos já haviam se aventurado nesses territórios no século XVIII, mas com pouco sucesso.

Em 863, o rei Rastislau da Morávia pediu ao imperador bizantino missionários para pregar o Evangelho, sendo lhe enviado Cirilo e Metódio. Eles tinham crescido em Tessalônica e estavam familiarizados com os costumes e linguagem eslava. Cirilo inventou um alfabeto (hoje chamado cirílico, predecessor do russo moderno) e traduziu partes da Bíblia e a liturgia para o eslavo. Depois de quatro anos de frutuosa atividade na Morávia, foram chamados a Roma pelo papa, que sancionou sua liturgia e os ordenou bispos. Este incidente ilustra que no século IX a cristandade ainda era considerada uma unidade, e o Oriente reconhecia a primazia do papado. Cirilo morreu em 869, mas Metódio retornou para se tornar o primeiro arcebispo da Morávia. A partir daí, o cristianismo se expandiu na Boêmia.

No trabalho desses dois irmãos, percebemos algumas diferenças marcantes na abordagem entre os missionários orientais e ocidentais. Cirilo e Metódio desenvolveram uma nova linguagem e uma nova liturgia como dispositivos de ensino. A fé foi apresentada ao povo não como um elemento estrangeiro, mas como algo inerente à sua cultura. Sabemos também que os missionários orientais estavam muito mais preocupados em apresentar dogmas aos pagãos do que os ocidentais. Por outro lado, os missionários orientais eram enviados por seu governante e estavam sob sua tutela, enquanto no Ocidente eles mantiveram um senso de independência do controle político (embora usassem o braço político quando era adequado aos seus propósitos).

Fonte: The Church from Age to Age: A History from Galilee to Global Christianity (Edward A. Engelbrecht (ed.). St. Louis: Concordia Publishing House, 2011. p. 268)

Cirilo e Metódio

Anselm Wisiak, 1836
O quadro que vemos foi pintado em 1863 para celebrar o 1000º aniversário da chegada dos santos irmãos Cirilo e Metódio entre os eslavos. É uma pintura do artista Anselm Wisiak (1837-1876). Está no Museu do Cristianismo na Eslovênia (Muzej krščanstva na Slovenskem). O trabalho destes missionários teve um impacto profundo entre os eslovenos.

A imagem mostra a chegada dos irmãos missionários Cirilo e Metódio no ano de 863 à Velehrad, capital do principado da Grande Morávia, onde foram recebidos pelo knyaz (príncipe) Rastislav e pela princesa Miloslava. Os principais protagonistas estão diante das muralhas do castelo. No lado direito estão os dois santos. No lado esquerdo está pintado o casal de príncipes. A chegada dos santos irmãos em Velehrad é acompanhada por um grupo de pessoas. Cirilo tem um quadro em sua mão esquerda. Metódio tem em sua mão direita um livro fechado e com a mão esquerda segura uma cruz. O Rei Rastislau está envolto em um luxuosa capa vermelha e tem uma coroa de príncipe na cabeça. Atrás dele estão a princesa, a aristocracia e o exército.

Comemoração de Cirilo e Metódio, Missionários aos Povos Eslavos - 11 de maio


Cirilo (826-869) e Metódio (c. 815-885) eram irmãos que vieram de uma família grega de Tessalônica. O irmão mais novo adotou o nome “Cirilo” ao se tornar monge em 868. Depois da ordenação, Cirilo tornou-se bibliotecário na igreja de Santa Sofia (Hagia Sophia), em Constantinopla. Em 862, os irmãos foram enviados pelo imperador como missionários para a região que hoje é a República Checa, onde ensinaram na língua eslava nativa. Cirilo inventou o alfabeto que hoje conhecemos como “cirílico”, o qual propiciou uma linguagem escrita para a liturgia e Bíblia dos povos eslavos. Este uso do vernáculo estabeleceu um princípio importante para missões evangélicas.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, te rendemos graças por teus servos Cirilo e Metódio, a quem chamaste para pregar o Evangelho aos povos eslavos. Levanta nesta e em toda a terra evangelistas e arautos do teu reino, para que a tua Igreja proclame as insondáveis riquezas de nosso Salvador Jesus Cristo; que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1296-1297)

09/05/2017

Comemoração do Santo Patriarca Jó – 9 de maio


Jó era um homem irrepreensível e reto que viveu na terra de Uz (Jó 1.1), ao nordeste de Canaã. O Livro de Jó examina as profundezas de sua fé, que foi severamente testada através dos sofrimentos que Deus permitiu. Apesar da morte repentina de seus dez filhos e da perda de toda a sua riqueza e saúde, Jó recusou-se a amaldiçoar a Deus: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (1.21). Não obstante, no meio de suas tribulações, Jó questionou o significado e o propósito do sofrimento até o ponto de declarar sua própria justiça (34.5-6). Finalmente, o Senhor revelou que um homem não pode conhecer os mistérios de Deus (capítulos 38-41). A fé de Jó em seu Redentor e na ressurreição prevaleceu (19.25-27). No final, o Senhor restaurou sua riqueza e o abençoou com outros sete filhos e três filhas.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-poderoso, cercaste-nos com uma grande nuvem de testemunhas: Concede que, encorajados pelo bom exemplo de teu servo Jó, perseveremos em correr a carreira que nos está proposta enquanto esperamos o Último Dia e a ressurreição dos mortos; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

05/05/2017

Comemoração de Frederico, o Sábio, Governante Cristão - 5 de maio

Eleitor Fredeciro, o Sábio. Autor desconhecido. Wahrhaftige Abcontrafactur und Bildnis aller Grossherzogen von Sachsen (Authentic Representations and Portraiture of All the Grand Dukes of Saxony). Dresden, 1586, p. 24a. Vellum (19)

Frederico, o Sábio, príncipe-eleitor da Saxônia entre 1486-1525, foi soberano de Martinho Lutero nos primórdios da Reforma. Não fosse por Frederico, a Reforma Luterana poderia não ter acontecido. Nascido em Torgau, Alemanha, em 1463, Frederico tornou-se muito conhecido por sua habilidade na diplomacia política e seu senso de justiça e equidade, sendo chamado de “o Sábio” por seus súditos. Embora nunca tivesse encontrado Lutero, Frederico o protegeu repetidas vezes, salvando o reformador de ter o destino de um mártir. Em 1518, Frederico recusou o pedido do papa para extraditar Lutero para Roma para um julgamento por heresia. Em 1521, quando o imperador Carlos V declarou Lutero um fora-da-lei na Dieta de Worms, Frederico forneceu imunidade para Lutero no castelo de Wartburg. Em seu leito de morte, Frederico recebeu a Ceia do Senhor em ambos as espécies - uma clara confissão da fé evangélica.

ORAÇÃO DO DIA:

Pai Celestial, tu destes sabedoria e destreza a Frederico, o Sábio, como eleitor da Saxônia durante os primeiros anos da Reforma, usando seu domínio e autoridade para proteger Martinho Lutero e preservar a pregação do Evangelho. Lembra graciosamente de todos os teus servos que fazem, executam e julgam as leis desta nação e olha com favor por todos os governantes da terra. Concede-lhes sabedoria e entendimento para que proporcionem imunidade para que a tua Igreja continue a proclamar a verdadeira fé; pois tu vives e reinas com o Filho e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1294)

02/05/2017

Comemoração de Santo Atanásio de Alexandria, Pastor e Confessor – 2 de maio


Atanásio nasceu em Alexandria, no Egito, em 295 d. C. Serviu como líder da igreja num tempo de grande controvérsia e divergências eclesiásticas. No Concílio de Niceia, em 325, defendeu a ortodoxia cristã contra os proponentes da heresia ariana, a qual negava a divindade plena de Jesus Cristo. Durante os 45 anos como bispo em Alexandria, Atanásio escreveu numerosas obras que defendiam o ensino ortodoxo. Seus inimigos o exilaram cinco vezes; em duas ocasiões, quase foi assassinado. No entanto, Atanásio permaneceu firme e terminou seus dias completamente reintegrado em suas incumbências na igreja. O Credo Atanasiano, embora não seja composto por Atanásio, recebe este nome em sua honra, pois confessa a ortodoxia doutrinária que defendeu ao longo de sua vida.

ORAÇÃO DO DIA:

Deus Todo-poderoso, tu deste dons especiais da graça a teu servo Atanásio para compreender e ensinar a verdade de Jesus Cristo. Concede que por este ensinamento possamos conhecer a ti, o único Deus verdadeiro, e receber a vida eterna; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1293)

01/05/2017

Festa de São Filipe e São Tiago, Apóstolos – 1º de maio

“São Tiago Menor e São Filipe” (1565), Paolo Veronese (1528–1588)
No dia 1º de maio é celebrada a festa de São Filipe e São Tiago desde 561, quando nessa data os supostos restos dos dois santos foram enterrados na igreja dos Santos Apóstolos, em Roma. Na igreja romana, o Papa Pio XII instituiu em 1955 a festa de São José Operário em 1º de maio e trocou a festa de Felipe e Tiago para 11 de maio, com o intuito de neutralizar os efeitos da dedicação do 1º de maio para a classe trabalhadora. O novo calendário romano comemora os dois apóstolos em 3 de maio. No entanto, luteranos e anglicanos mantiveram a data tradicional em 1º de maio.

Filipe nasceu em Betsaida, a mesma vila de pescadores nas margens da Galileia de onde vieram Pedro e André. Ele foi um dos primeiros discípulos a seguir Jesus e trouxe Natanael (às vezes identificado com Bartolomeu) ao Senhor (Jo 1.43-51). Além do registro de seu chamado, da história de Natanael e da menção junto com os outros Apóstolos, os únicos outros incidentes de sua vida registrados nos Evangelhos são a ocasião em que alguns gregos vieram a ele solicitando ajuda para terem uma conversa com Jesus (Jo 12.20-22) e o momento em que Jesus perguntou a Filipe como eles seriam capazes de alimentar as multidões (Jo 6.5-7). Segundo a tradição, depois do Pentecostes Filipe foi primeiro para a Cítia para pregar o Evangelho, onde foi notavelmente bem-sucedido e depois para a Frígia, onde permaneceu até sua morte. Diz-se que encontrou a morte na cidade de Hierápolis na Frígia (na atual Turquia) por crucificação e apedrejamento, de acordo com alguns relatos. Tiago, filho de Alfeu é geralmente chamado de Tiago “o Menor”, para distingui-lo de São Tiago “o Maior” (irmão de São João) e de Tiago de Jerusalém (irmão do Senhor). A única menção de Tiago na Bíblia, além de seu nome nas listas apostólicas, é a afirmação de que sua mãe Maria foi uma das presentes na crucificação (Mt 27.55 e Mc 15.40), o que também nos diz que ele tinha um irmão chamado José ou a forma grega do nome (Joses).

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:
 
† Isaías 30.18-21
† Salmo 36.5-12 (antífona v. 8)
† Efésios 2.19-22
† João 14.1-14


ORAÇÃO DO DIA:
 
Todo-poderoso Deus, o teu Filho se revelou a Filipe e Tiago e deu-lhes o conhecimento da vida eterna. Concedei-nos reconhecer perfeitamente o teu Filho, Jesus Cristo, como o caminho, a verdade e a vida, e firmemente andar no caminho que conduz à vida eterna; mediante o mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Rev. Philip H. Pfatteicher. The New Book of Festivals and Commemorations: A Proposed Common Calendar of Saints (Minneapolis: Fortress Press, 2008)